Políticos paranaenses criticaram hoje o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em rede de rádio e TV, ontem, em que ele voltou a a minimizar a gravidade da pandemia do coronavírus, comparando a doença a uma “gripezinha” ou “resfriadinho”, criticou governadores pelas medidas de fechamento do comércio e confinamento e defendeu a volta às aulas. Mesmo lideranças alinhadas até então a Bolsonaro condenaram a postura do presidente.
“É lamentável a atitude do presidente da República, Se coloca diante da população praticamente fazendo com que todas as notícias que já foram publicadas pelo ministro da Saúde. Faz com que se coloque em pânico a própria sociedade brasileira. Acho que é de uma irresponsabilidade muito grande”, disse o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ademar Traiano (PSDB), que até então, mantinha uma postura de apoio ao governo Bolsonaro e ao presidente.
“Não é o momento para o oportunismo político, para a demagogia. E sobretudo, não é momento para irresponsabilidade. Momentos de crise como a que vivemos são pródigos para o surgimento dos oportunistas de plantão”, afirmou o senador Alvaro Dias (Pode). “Nós temos que optar pela opinião do Ministério da Saúde, dos especialistas. Temos que buscar a experiência nos países que viveram antes o que estamos vivendo agora”, defendeu ele.
“Rede Nacional precisa ser usada para informar. Lamento, profundamente, a atitude do senhor presidente da República de zombar da “gripezinha” que atinge a população brasileira”, considerou o deputado federal Rubens Bueno (CDN).
Mesmo parlamentares que mantinham até então uma postura de aliados incondicionais de Bolsonaro manifestaram reservas à atitude do presidente, condenando não o conteúdo, mas a forma do pronunciamento. “Entendo que JB está correto na tese de isolar os grupos de risco e fazer o Brasil voltar ao trabalho, mas errou no tom. Diante da situação, é preciso passar confiança para pessoas retomarem suas vidas. As provocações não ajudaram nisso. É como vender remédio em frasco de Qboa”, comparou o deputado federal Paulo Martins (PSC).
“O pronunciamento do PR foi importante ontem. A decisão foi corajosa, eu tenho estudado muito, manhã, tarde, noite e madrugada, mas certamente nosso Presidente tem muito mais informações do que todos nós temos hoje sobre o assunto. Na minha simples opinião, talvez a forma que apresentou, contudo, poderia ter sido mais amena, justamente para evitar críticas”, comentou a deputada federal Aline Sleutjes (PSL).
“Irresponsável. A fala do presidente da República contradiz os dados, a ciência, e as lideranças mundiais. É um tapa na cara da população e dos profissionais que estão se doando e se expondo para salvar o próximo. O Brasil não merece isso!”, considerou o deputado Aliel Machado (PSB).
Na oposição, a rejeição ao pronunciamento de Bolsonaro foi unânime. “Bolsonaro critica os governadores de fazerem o que ele não fez, ter iniciativa de restringir o trânsito pelos estados a fim de conter a pandemia. Além de criticar os governadores, Bolsonaro não tomou uma única medida para proteger os estados de novas contaminações. Falastrão”, afirmou o líder do PT na Câmara Federal, Ênio Verri.