Franklin de Freitas

Municípios estarem mais adiantados que Curitiba na campanha de vacinação contra a covid-19, segundo o governo do Paraná, se deve à distribuição respeitar a proporcionalidade dos grupos prioritários em cada cidade. Foi essa a explicação que a comitiva da Câmara Municipal de Curitiba, no último dia 16, ouviu do diretor-geral da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Nelson Werner Júnior. A Sesa foi questionada pelo Legislativo em maio sobre a distribuição das vacinas.

À frente da comitiva, Alexandre Leprevost (SD), vice-presidente da Casa, informou ao plenário o teor da reunião, na qual Werner explicou que, em algumas dessas cidades, “houve baixa procura nos grupos prioritários, daí as sobras foram remanejadas e eles avançaram [na imunização da população]”. A disparidade aumentou com alguns desses municípios utilizando a reserva da segunda dose para a primeira aplicação, conforme orientação do Ministério da Saúde que não foi adotada uniformemente no Paraná. “A tendência é que os números se equiparem”, disse Leprevost.

Noemia Rocha (MDB), que é a presidente da Comissão de Saúde, Amália Tortato (Novo) e Pastor Marciano Alves (Republicanos) acompanharam Leprevost na reunião. “A falta de diálogo entre as secretarias [estadual e municipal] reflete na população e isso me preocupa muito, pois na guerra de Poderes quem sofre é a população”, avaliou Noemia Rocha, após tecer elogios ao diretor-geral da Sesa, em quem viu um quadro técnico.

Mostrando-se convencida pela argumentação da Sesa, Amália Tortato sugeriu que a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, ao negociar doses com o governo estadual, pondere que a capital está imunizando moradores da região metropolitana. Também pediu que haja mais campanhas informativas sobre a vacinação, “pois há pessoas com comorbidades que não sabem que a sua doença se enquadra no rol das prioridades”. Elogiando a movimentação da Câmara, Pier Petruzziello (PTB), que é líder do governo no Legislativo, repetiu que “quando tem vacina, Curitiba vacina”.

Na semana passada, enquanto os vereadores mostravam-se preocupados com o avanço da vacinação na cidade, a Prefeitura de Curitiba e o Governo do Paraná trocaram acusações, pelos telejornais, sobre a distribuição das vacinas. Hoje, em plenário, Marcelo Fachinello (PSC) saiu em defesa da gestão Rafael Greca, pedindo que o secretário da Saúde, Beto Preto, não diga “bravatas” contra a capital. Ele questionou se o gestor será candidato ano que vem, sugerindo que isso macularia justificativas de uma distribuição técnica das vacinas.

Fachinello registrou pedido de informação oficial questionando a Sesa sobre o “porquê de 191 municípios paranaenses receberem mais doses de vacinas que o município de Curitiba, em números proporcionais às populações de cada cidade aptas à imunização?”. Outro questionamento, de Carol Dartora (PT), pergunta à Sesa dados sobre os imunizantes e quantas doses da Pfizer foram destinadas à capital.