
Em discurso na sessão de hoje da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Ricardo Arruda (PL) rebateu hoje a denúncia do Ministério Público contra ele por tráfico de influência, peculato e associação criminosa. Segundo a denúncia, revelada ontem pela RPC TV, Arruda teria oferecido sua influência política em troca de dinheiro para favorecer pessoas e empresários com interesses junto ao governo do Estado. O parlamentar atribui as acusações a uma suposta perseguição de promotores e procuradores contra ele, por um pedido de informação que propôs sobre salários e gratificações recebidas por membros do órgão.
Arruda alegou que a denúncia foi feita durante seu primeiro mandato, quando ele ainda não tinha experiência política e afirmou que demitiu os três ex-assessores quando ficou sabendo que eles teriam pedido dinheiro para um prefeito e outras pessoas em seu nome. “Nenhum dos envolvidos que eles citaram aí falou comigo, nem por telefone, nem pessoalmente, nem por mensagem”.
De acordo com Arruda, um secretário municipal de Piraquara teria afirmado que sua ex-assessora Débora Moreira Cezar, ofereceu uma emenda parlamentar de R$ 2 milhões e disse que teria de dar um retorno de 20% para ele. “Foi exonerada no mesmo dia. Fiz um boletim de ocorrência contra ela. Denúncia de crime”, disse o deputado, segundo o qual, depois disso foi ameaçado pela advogada da ex-assessora por não aceitar mantê-la no cargo. “Essa mulher foi fazer denúncia no Ministério Público”, afirmou.
Arruda disse que demitiu também o chefe de gabinete que teria se envolvido com o esquema e confessado. Ele afirmou ainda que demitiu outro funcionário que cobrou R$ 2 mil para garantir um cargo para um eleitor. “Montaram uma máfia nesse primeiro mandato. Todos foram demitidos”, alegou.
“Ouviram várias pessoas. Nenhuma falou meu nome. Até policial que foi ouvido disse não falou comigo“, disse.
Vacina
Segundo Arruda, o MP fez a denúncia, e ela não foi acatada pela Justiça. O deputado atacou ainda a imprensa e o Ministério Público. Ele atribuiu a veiculação da denúncia a uma suposta vingança por ter acusado o apresentador do Jornal Nacional, Willian Bonner, de ter pedido auxílio emergencial. “Tem uma parte podre no MP, como tem na política, como tem médicos, engenheiros.
Arruda atribuiu a denúncia a uma retaliação do Ministério Público por um pedido de informação que ele propôs sobre valores recebidos por promotores e procuradores acima do teto salarial do funcionalismo. Ele questionou também o recebimento de gratificações por membros do órgão e de valores do saldos financeiros do MP. “O portal de Transparência do Ministério Público não é nada transparente“, criticou o deputado. “Se tiver algum erro, pode dar improbidade administrativa para alguns promotores e procuradores“, afirmou.
“Com isso, com a idéia de me retaliar, eles pegam essa denúncia que estava em sigilo e vazam para a imprensa“, acusou. Arruda atribui ainda a retaliação à denúncia feita por ele contra promotoras do interior que teria obrigado uma família a vacinar uma estudante contra a Covid, e que, segundo ele, teria morrido em decorrência de efeitos colaterais da vacina.
“Ameaçaram tirar de pais a guarda de filhos. Covardes, que não respeitam uma lei estadual“, disse, referindo se a uma lei que proíbe as escolas a exigirem a vacinação de alunos.
“Eu corri o Estado inteiro defendendo pais em vários municípios contra promotores e procuradores. Daí a revolta desse Ministério Público contra esse parlamentar“, disse.
Arruda ameaçou o que chamou de parte “podre“ do MP que, segundo ele, tem “viés de esquerda“.“Vâo querer me perseguir. Bem vindo à selva. Façam a covardia de vocês. Eu não devo nada aos senhores. Fiquem à vontade, apresentem as provas“, afirmou, alegando ser perseguido pela mídia por ser um deputado “conservador“.
Favores
De acordo com a denúncia oferecida pelo MP, entre os favores oferecidos pelo deputado estaria a ajuda para que um empresário recebesse pagamentos por serviços prestados ao Executivo. Arruda, segundo a promotoria, teria recebido R$ 100 mil. Segundo a acusação, o parlamentar e assessores teriam recebido cerca de R$ 500 mil com essas negociaçõees entre 2016 e 2017. Além do deputado, também foram denunciados Débora Moreira Cezar, Fabio Abel Manfrin Nonato e Fernando Aparecido Julião.
Outra denúncia do MP contra o deputado aponta que ele teria recebido R$ 80 mil para conseguir a reintegração de policiais militares afastados da PM do Paraná.