A Cidadania Honorária de Curitiba é a maior homenagem que uma pessoa não nascida na cidade pode receber da capital. (Fotos: Rodrigo Fonseca/CMC)

Por 8 a 7 votos, os vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovaram hoje a concessão da Cidadania Honorária de Curitiba ao filósofo Olavo de Carvalho. Para a homenagem póstuma se tornar lei, é preciso um novo resultado positivo em plenário no segundo turno, que está agendado para acontecer amanhã (5). Nesta terça, 7 parlamentares se abstiveram de votar e 11, que tinham respondido a chamada, não estavam em plenário na hora da deliberação.

“Viram como Olavo de Carvalho incomoda? Isso mostra a sua relevância, isso mostra a sua grandeza, isso mostra a sua contribuição para o Brasil e é uma honra para Curitiba (homenageá-lo). Curitiba, que recebeu esse professor durante quatro anos, ele que sempre exaltou a nossa cidade, um filósofo que é reconhecido no mundo inteiro. Curitiba é uma cidade conservadora e terá a honra de ter Olavo de Carvalho como cidadão honorário. Que honra!”, disse o autor do projeto, Eder Borges (PP), durante o debate.

“Esse projeto foi feito quando ele ainda era vivo, mas ele veio a falecer durante o processo de tramitação. Fiz questão que fosse votado em abril, que é o mês de aniversário do professor Neste mês também, a CMC, no dia 25, às 19 horas, fará um evento homenageando-o com palestras”, continuou Borges. Com ele, votaram Beto Moraes (PSD), Indiara Barbosa (Novo), Osias Moraes (Republicanos), Pastor Marciano Alves (Solidariedade), Rodrigo Braga Reis (União), Sargento Tânia Guerreiro (União) e Zezinho Sabará (União).

Professora Josete (PT) e Dalton Borba (PDT) foram os mais incisivos nas críticas à proposição, com ela afirmando que Olavo de Carvalho não deveria sequer utilizar o título “filósofo”, “porque não tem formação acadêmica”. “Curitiba é uma cidade conservadora e liberal, sim, mas ela sabe distinguir bem um conservador de um fascista. O mundo produziu muitas figuras públicas que foram uma mancha, uma excrescência na história do mundo, como Hitler. Olavo de Carvalho proferiu as maiores excrescências que uma boca humana pôde manifestar na história do mundo”, afirmou Borba.

Votaram contra a homenagem a Olavo de Carvalho, além de Josete e Dalton Borba, Giorgia Prates – Mandata Preta (PT), Herivelto Oliveira (Cidadania), Leonidas Dias (Solidariedade), Marcos Vieira (PDT) e Maria Leticia (PV). As abstenções foram de Amália Tortato (Novo), Bruno Pessuti (Pode), Hernani (PSB), Jornalista Márcio Barros (PSD), Mauro Bobato (Pode), Mauro Ignácio (União) e Sidnei Toaldo (Patriota).

Responderam a chamada, mas não estavam em plenário na hora da votação, Alexandre Leprevost (Solidariedade), Ezequias Barros (PMB), João da 5 Irmãos (União), Noemia Rocha (MDB), Nori Seto (PP), Oscalino do Povo (PP), Pier Petruzziello (PP), Professor Euler (MDB), Serginho do Posto (União), Tico Kuzma (PSD), Tito Zeglin (PDT) e Toninho da Farmácia (União). No momento da votação, Angelo Vanhoni (PT), Sabino Picolo (União) e Salles do Fazendinha (DC) não tinham presença registrada em plenário.

A situação deixa o resultado em aberto até a conclusão da nova votação.

Favoráveis
Quem mais defendeu em plenário a concessão da homenagem foi o vereador Eder Borges, que atribuiu sua carreira política a Olavo de Carvalho. “Olavo de Carvalho mudou a vida de muita gente. Quem tem contato com a sua obra passa por um processo de expansão da cabeça. Foi o que aconteceu comigo. Eu devo principalmente ao professor Olavo de Carvalho o fato de eu estar aqui hoje, porque foi isso que despertou a política em mim”, relatou o parlamentar.

“Isso aconteceu com muitas pessoas e politizou o brasileiro, o que é positivo, pois mostra o amadurecimento da democracia. Tem o preço da polarização, mas quem disse que isso é ruim? Ela faz parte do processo de amadurecimento de uma nação”, defendeu Borges. No mesmo tom, Rodrigo Reis apoiou a homenagem afirmando que “Olavo de Carvalho sempre tentou mobilizar a direita para que trabalhassem todos juntos e teve muito sucesso em relação a isso”.

“Eu sempre participei (dessas manifestações), junto com vossa excelência (Borges), desses grandes movimentos aqui na nossa cidade, que culminou com o dia 8 de janeiro (de 2023), que foi a grande manifestação em Brasília, que nós devemos enaltecer. Hoje temos ainda 600 pessoas presas injustamente, sem ter cometido crime”, continuou o parlamentar. Depois Reis reclamaria que, nas falas contra o projeto, os pedidos de aparte dele e de Borges foram rejeitados. “Não é só um lado que pode falar e o vereador Eder Borges tem todo direito de expor as opiniões dele”.

Indiara Barbosa não apoiou a homenagem “in memoriam”, que constava no substitutivo geral, mas registrou voto favorável na aprovação do projeto original, sendo fundamental para a aprovação da matéria em primeiro turno. “O Olavo de Carvalho teve um papel importante em questionar a hegemonia da esquerda nas escolas e nas universidades. Eu tive oportunidade de ler livros, ver aulas dele, e ele exagerou, ficou meio doido em algumas situações. Se pegar frases isoladas do Lula, que é o nosso presidente, vai ter frases homofóbicas, machistas, inclusive falando em exterminar pessoas, (frases) sobre o Sérgio Moro”, contemporizou.

“Olavo viveu aqui de 2001 a 2005, tendo ministrado aulas de pós-graduação na PUC-PR, cursos na Associação Comercial do Paraná e teve importantes participações regulares em um programa de tevê vespertino no Canal 21, com o saudoso José Monir Nasser. Curitiba chegou a ter um Instituto Olavo de Carvalho. Ele sempre disse que encontrou aqui os seus melhores alunos, inclusive há um artigo sobre os paranaenses no começo do livro ‘O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota’”, disse Borges, justificando a homenagem.

Concluindo, o autor do projeto disse que “deve-se a Olavo de Carvalho o surgimento da direita no Brasil, logo o surgimento da democracia no Brasil, pois antes era um país de pensamento único, só tinha esquerda, e um país civilizado precisa ter os dois lados”. “Por causa do Olavo de Carvalho, foram feitas as maiores manifestações populares da história, que eu tive a honra de estar à frente desde o início, lá em 2014, e culminaram no impeachment da presidente Dilma e na eleição de Jair Bolsonaro”, rememorou.