
O desafio de garantir a qualidade de vida da população de um dos municípios paranaenses que mais cresce, a preocupação com o cenário político do Brasil – marcado hoje por uma profunda divisão ideológica, e a sucessão do governador Carlos Massa Ratinho Júnior são temas abordados com o prefeito Helder Lazarotto (PSD), de Colombo, nesta entrevista exclusiva para o Bem Paraná. Sem rodeios, ele fala sobre a gestão do município, a política do Paraná e do país.
Na opinião dele, Ratinho Junior tem todas as qualidades para ser o futuro Presidente do Brasil. Reconduzido a Prefeitura com apoio histórico dos moradores, Lazarotto deixa transparecer o orgulho e a emoção de vivenciar as transformações da cidade, que seus antepassados escolheram para morar. Colombo tem mais de 240 mil habitantes, está localizado na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), vai ganhar seu primeiro hospital geral, e é apontada como uma das mais seguras para se viver. Confira:
Bem Paraná – A segurança pública é um dos setores que mais preocupa a população. No caso de Colombo, há até um estigma sobre isso. Como está a segurança na cidade?
Prefeito Helder Lazarotto – Hoje somos um dos municípios mais seguros do país. O destaque é a “Muralha Digital” lançada há pouco mais de um ano, que faz parte do Programa Colombo Mais Protegida. Neste período, tivemos uma diminuição significativa de crimes em áreas cobertas pelo sistema. Em comparação com outras localidades de médio porte – que possuem entre 100 e 500 mil habitantes, a cidade se destacou com a maior redução: uma diminuição de 36% nos homicídios, de 25 para 16 casos. Esses dados, que garantem o título de sexta cidade mais segura do Paraná, estão no Relatório Estatístico Criminal da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (SESP-PR).
Como funciona esse sistema, que apresenta resultados tão positivos?
O sistema de videomonitoramento integra os agentes das forças de segurança (a Guarda Municipal, a Polícia Civil e a Polícia Militar), e conta com aproximadamente mil câmeras. Espalhadas pela cidade, cobrem espaços de grande circulação de pessoas e veículos, e são monitoradas em tempo real pelo Centro de Controle Operacional (CCO) da prefeitura. A iniciativa transformou a região, que antes se preocupava com os índices de criminalidade, em um local seguro e conectado. A tecnologia é usada como ferramenta de prevenção e resposta a situações de risco. O acesso gratuito à internet contribui para aumentar o bem-estar dos cidadãos, que vivem numa cidade mais protegida. Vamos ampliar e modernizar ainda mais esse sistema.
Na área da saúde, outra demanda constante da população, quais as demandas, conquistas e planos?
A saúde pública é outra grande prioridade. A construção do Hospital Geral de Colombo, sonho acalentado pela população há muitos anos, avança dia a dia. O hospital é uma das obras mais impactantes do município, e vai focar em serviços especializados de média e alta complexidade. Paralelamente, têm continuidade projetos para ampliação das unidades de pronto atendimento (UPAs), oferecendo atendimentos de emergências com qualidade.
Quem poderá buscar atendimento no novo hospital da cidade?
O novo hospital, com mais de 120 leitos, vai aprimorar o serviço médico regional, e é um marco para o município. O projeto representa um passo essencial para desafogar as unidades de saúde, ampliando a capacidade de cuidados e tratamentos, em uma das maiores regiões do Paraná. Serão acolhidos pacientes de Colombo e da Região Metropolitana Norte, como Almirante Tamandaré, Campina Grande do Sul, Itaperuçu, Cerro Azul, e bairros do Norte da Capital. A construção está dividida em blocos, com o Bloco A quase finalizado, e o Bloco B em andamento. Estamos acompanhando a obra, que está avançando. Com uma infraestrutura moderna e ampla, incluindo equipamentos avaliados em R$40 milhões, a unidade terá capacidade para oferecer diversos serviços médicos especializados e cirúrgicos.
E, sobre a integração da Região Metropolitana de Curitiba. Na sua opinião, o que funciona e o que tem que melhorar?
É importante o crescimento e o fortalecimento, cada vez maior, de todo, das cidades vizinhas a Colombo, que formam uma metrópole onde vivem aproximadamente 3,6 milhões de habitantes. Desde janeiro, presido a Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba (Assomec), que reúne os 29 municípios localizados no entorno da Capital – inclusive, Curitiba. Na minha avaliação, a integração, o desenvolvimento integrado, não se resume a questão do transporte coletivo, é muito mais ampla. A entidade tem como objetivo integrar os municípios, nas mais diversas áreas, como transporte, saúde, segurança e educação, buscando soluções para problemas comuns, com benefícios para todos. Hoje, a RMC é a oitava região metropolitana mais habitada do Brasil e concentra 31,6% da população do Paraná.
A questão da destinação do lixo da cidade, como está?
Sobre a questão do lixo, é muito importante a gente trabalhar a educação ambiental, aumentar a conscientização em relação à reciclagem e trabalhar com novas modalidades de destinação dos resíduos finais. Assim, no futuro vamos acabar com esses aterros sanitários, que realmente são um problema. Precisamos investir em novas tecnologias e ações e, o município de Colombo, está trabalhando dentro de um estudo pra buscar essas novas alternativas, mais modernas, e que sejam menos agressivos ao meio ambiente. A prefeitura já oferece, por exemplo, serviços como o “Papa-Treco” para resíduos volumosos e instala ecopontos para descarte adequado de materiais específicos. São desenvolvidos também outros programas, como o EcoTroca, que recompensa a reciclagem com produtos frescos, e o Colombo Lixo Zero, que visa reduzir a geração de resíduos e promover a conscientização.
Quais ações da Prefeitura de Colombo para a atração de investimentos, de empresas?
Queremos gerar mais empregos, para que nossa população não precise trabalhar fora do município. Estamos empenhados em promover a empregabilidade, com programas e iniciativas visando atrair empresas e incentivar a criação de novas vagas. Criamos a Cidade Industrial e Tecnológica de Colombo (CITCO, estabelecida por lei municipal e delineada no Plano Diretor). Uma área totalmente urbanizada, com 12,21 km², foi destinada à instalação de indústrias de tecnologias sustentáveis e serviços de apoio. É um polo econômico inovador, que conta com um investimento inicial de R$ 40 milhões, e está projetado para abrigar grandes indústrias, startups e empresas de tecnologia, serviços e outras atividades, fomentando oportunidades de trabalho. Serão criados milhares de empregos, a médio e longo prazo.
Muito se fala sobre a importância da localização do novo parque industrial para a RMC. O senhor pode comentar um pouco mais sobre os motivos que levaram a escolha do local?
O parque industrial tem uma localização estratégica. Fica próximo da rodovia BR 116, com acesso fácil às principais cidades do Sul do país, ao estado de São Paulo e ao Porto de Paranaguá. Isso agiliza o escoamento de produtos, bem como, a chegada de insumos. Estamos preparando o futuro das novas gerações. Queremos garantir emprego e renda para nossos jovens perto de casa, aqui em Colombo, fomentando ainda mais a economia local. Queremos que os moradores do município não precisem se deslocar para outras cidades, como Curitiba, para trabalhar.
Colombo tem muitos atrativos turísticos também. Há ações voltadas para esse setor?
O turismo fomenta uma importante cadeia produtiva do nosso município, com grande tradição italiana. Por isso, estamos investindo na melhoria das estradas rurais. Elas são importantes para receber os visitantes, incentivam o turismo rural, e também garantem o escoamento das produções de legumes e verduras, que abastecem Curitiba e cidades vizinhas. Aqui acontece a Festa da Uva (em fevereiro foi realizada a edição 58ª), atraindo, como sempre, centenas de visitantes. Quem visita a região encontram roteiros que incluem museus, construções centenárias e pode conhecer vinícolas tradicionais. Um passeio diferente, e que atrai muita gente, é o da Gruta de Bacaetava, patrimônio espeleológico do Paraná.
Todas essas áreas são prioritárias na sua gestão?
A saúde, a promoção da economia, melhorias constantes na infraestrutura e segurança pública são prioridades, como já falamos. Mas, não deixamos de investir também na educação das crianças e jovens, e em iniciativas para acolher a população 60+, uma das que mais cresce em todo o mundo; sem esquecer das melhorias no transporte coletivo. O fomento ao empreendedorismo e o apoio aos agricultores, igualmente, estão no foco da nossa gestão.
Sobre a infraestrutura, quais são as principais melhorias?
Estamos fazendo a pavimentação de ruas e avenidas, construindo pontes. Uma que recebeu asfalto novo e iluminação é a rua Padre Domingos Marini, que tem uma extensão de 4 km (ligando o Centro ao bairro São Gabriel). Outra, é a rua Aviador Max Fontoura, com investimento de R$ 4,7 milhões, (no bairro Mauá). Em apenas quatro anos, foram pavimentadas aproximadamente 200 ruas, somando cerca de 200 km de vias. Foram mais de R$ 100 milhões investidos em mobilidade e qualidade de vida. Para viabilizar esse projeto desenvolvemos ações específicas (o “Programa Primeiro Asfalto” e o “Caminho Seguro”). Hoje temos calçadas confortáveis, com acessibilidade, inclusão. O objetivo é garantir o asfalto em todas as ruas. Não posso deixar de falar também da pavimentação da Estrada Rural Antônio Fiorense, que liga o município a Rio Branco do Sul, importante para todos.
Qual o significado dessa obra para a região?
A pavimentação dessa estrada representa uma conquista importante para Colombo. Ela garante mais segurança para os motoristas, melhorar o acesso à nossa cidade e fortalece o setor produtivo. É uma obra estratégica para toda a Região Metropolitana. Serão asfaltados 6,6 quilômetros da estrada, que hoje é de chão batido, e é utilizada todos os dias por milhares de moradores dos dois municípios. Vai melhorar a qualidade de vida da população, e impulsionar a economia, especialmente dos setores de mineração e calcário, que têm forte presença em Colombo. Serão investidos R$ 19,7 milhões na obra, que deve iniciar ainda neste ano.
Qual é o legado que o senhor quer deixar para o seu município?
O principal legado, na verdade, é uma mudança de mentalidade. Como a gente vem demonstrando nos últimos anos, é possível fazer melhor, é possível o município ser uma referência regional em várias áreas, com uma mudança de mentalidade efetiva. O que, claro, se reflete em obras como maior programa de pavimentação da história de Colombo, a criação da cidade industrial e tecnológica, como a construção do nosso Hospital Geral e outras obras, que serão um legado para a história do município. Mas, a mudança de mentalidade, o pertencimento, são os maiores legados.
Como o senhor está acompanhando a sucessão do governo do Paraná no ano que vem? Como acha que pode influenciar o município?
A sucessão do governador Ratinho Júnior, naturalmente, é muito importante para todos os municípios. Mas, acho que 2026, como diz o próprio governador, deve ser discutido em 2026. Temos vários pré-candidatos do nosso grupo político. Acho que todos têm condições de suceder o governador com eficiência, com competência, e continuar esse trabalho maravilhoso que o governador tem feito pelo Paraná.
Como o senhor vê a polarização que tem marcado a política nacional?
Isso é muito ruim, acho que isso tem atrapalhado, tem feito com que os grandes temas nacionais em relação aos serviços prestados à população, aos problemas do Brasil, fiquem de lado, dando lugar à discussão política ideológica. Isso é muito negativo! Nós precisamos ter equilíbrio e o governador Ratinho Júnior, numa entrevista recente, falou algo muito interessante: só precisamos de alguém normal lá, na Presidência da República, para que possa tratar isso com equilíbrio com tranquilidade com serenidade. E, na minha opinião, o governador Ratinho Júnior é essa pessoa.
História
Trajetória tem a marca dos imigrantes italianos
O crescimento econômico e populacional da cidade de Colombo acabou provocando uma expansão dos bairros, fazendo com que fique cada vez mais difícil identificar as divisas que a separam de Curitiba. Localizado a 18 km da Capital do Paraná, é hoje o 8º município do estado em número de habitantes – com uma população de mais de 240 mil moradores, e tem um dos melhores Produto Interno Bruto (PIB). Ela apresenta ainda um saldo positivo no mercado de trabalho, registrando mais contratações do que demissões, e um aumento constante no número de novas empresas. Em sua trajetória de evolução e crescimento, mantem viva a memória e as tradições de seus primeiros habitantes, os imigrantes italianos, que chegaram à região em 1878, vindos do Litoral.
Uvas e vinhos – Em fevereiro, Colombo celebrou os 135 anos de emancipação política, demonstrando o orgulho de preservar a rica herança da colônia italiana, apontada como a maior do Paraná. Foi esse povo trabalhador que trouxe a tradição da produção de uvas e vinhos, características que representam a identidade local. No início do ano foi realizada a 58ª Festa da Uva, atraindo, como sempre, centenas de visitantes. O evento nasceu da gratidão e religiosidade dos imigrantes, que começaram a realizar uma missa logo após a colheita da uva. Colombo é também a Capital do Talian no Paraná, idioma falado pelos descendentes de imigrantes italianos, título estabelecido através da lei 20.757/2021.