Política em Debate Entrevista Especial

Prefeito Maurício Rivabem afirma que o Paraná vive um dos melhores momentos da história

Ele acredita que a união entre os Poderes e o diálogo estabelecido com o Governo são fatores fundamentais para o desenvolvimento conquistado pelos municípios.

Nadia Fontana, especial para o Bem Paraná
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Prefeito Maurício Rivabem: “Não queremos que Campo Largo seja uma ilha” (Divulgação)

Conhecida em todo o país – e até no exterior – pelas belas louças e cerâmicas que produz, Campo Largo está entre as cidades com os melhores índices de qualidade de vida do Paraná. Com forte tradições italianas e polonesas, evidenciadas na cultura, gastronomia e arquitetura, é comandada pelo prefeito Maurício Rivabem. Acolhedora, oferece boas oportunidades de trabalho nas indústrias e comércio, ao mesmo tempo que atrai centenas de visitantes aos espaços de lazer junto a natureza e passeios por inesquecíveis roteiros de turismo rural.

De forma objetiva, Rivabem, advogado, com formação em administração pública, fala nesta entrevista exclusiva ao Bem Paraná, sobre o futuro do município, localizado na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), a pouco mais de 20 quilômetros da Capital, onde vivem cerca de 140 mil habitantes. A sucessão estadual e a polarização da política nacional não ficaram de fora do bate-papo. Confira:

Bem ParanáA segurança pública é um dos setores que mais preocupa hoje a população. Como está a segurança na cidade?

Prefeito Maurício Rivabem – O município, que foi pioneiro na implantação do sistema de segurança chamado de Muralha Digital, vem servindo como modelo para outras cidades devido à sua eficiência no apoio à segurança pública. Não registramos nenhum veículo roubado nos últimos seis meses; reduzimos em 80% os furtos; e foram solucionados todos os casos de homicídios. Continuamos investindo na qualificação e valorização do efetivo da Guarda Municipal (que conta com 54 profissionais), em equipamentos – vamos receber cinco novas viaturas do Governo federal (um feito inédito), e queremos interligar os sistemas de todos os municípios da Região Metropolitana (RMC). E, culminou agora com minha eleição para a presidência do Consórcio Intermunicipal das Guardas Municipais (COIN-GM).

Como é feito esse trabalho do COIN?

Não queremos que Campo Largo seja uma ilha. Estamos trabalhando com as outras cidades para que todos evoluam juntas, estabelecendo um grande cerco em torno da Capital.São diversas iniciativas, como o Estar Digital e a patrulha motorizada, que permitem que os guardas municipais troquem imagens e compartilhem informações, agilizando as ações, ampliando a atuação. Há ainda a troca de experiências e a proposta da aquisição de novos equipamentos, medidas que fortalecem o combate aos crimes. Logo, devemos contar com um novo programa de segurança, que deve ser implementado em todo o estado pelo Governo, e será gerenciado pelo consórcio na RMC (Leia mais a seguir). 

Na área da saúde, outra demanda constante da população, quais as principais ações, conquistas e planos?

No ano passado investimos 23% do orçamento com saúde. Hoje temos 19 postos de saúde (três funcionam até as 22 horas) e diversas iniciativas acontecendo para ampliação do atendimento. Incluindo, a criação de um novo Centro de Especialidades Médicas (com investimento na casa de R$ 8 milhões). Estamos também expandindo o teleatendimento médico dos postos e da UPA (Unidade de Pronto Atendimento), que atende 24 horas, com dez médicos de plantão. Nossos serviços atendem, inclusive, moradores de outras cidades. Realizamos melhorias na infraestrutura, com a reforma de Unidades Básicas de Saúde (UBS) e a construção de novas, visando aumentar o conforto e a capacidade de atendimento. Nosso objetivo é chegar até o final do mandato com 23 postos funcionando. Temos ainda o Hospital do Rocio, que recebe pacientes de várias regiões, e é reconhecido como uma referência nacional em alta e média complexidade.

E, quais ações da Prefeitura para a atração de investimentos, empresas?

Muitas empresas buscam Campo Largo, que tem localização estratégica, ao lado de Curitiba, no caminho para o Porto de Paranaguá e o Sul do país. Mais de ‘300 municípios’ passam por aqui. Inclusive, estamos já com um projeto para construir dois portais, apresentando a cidade aos visitantes. Nesse processo, pretendemos, principalmente, equilibrar o desenvolvimento econômico com a sustentabilidade ambiental através de inúmeras iniciativas. A atração de novos investimentos, a expansão de novas atividades, são focos permanentes da administração municipal. Temos expectativas de expandir as atividades industriais, com reuniões agendadas, gerando novos empregos, para que os campo-larguenses possam trabalhar perto de casa. Isto é qualidade de vida!

Quais são as principais preocupações com o meio ambiente e a expansão das indústrias e outras atividades econômicas?

Estabelecemos um diálogo permanente com a sociedade com o objetivo de encontrar soluções para preservar o meio ambiente e atrair novas indústrias.  Estamos discutindo com todos os interessados propostas de zoneamento, uso e ocupação do solo. Os municípios da nossa região têm uma atenção especial com as Áreas de Proteção Ambiental (APAs), que exigem um plano de conservação, e o fomento do uso sustentável e responsável. Além disso, somos referência nacional, e contamos com um grande número de indústrias de cerâmicas e louças, que produzem e vendem para todo o país. Estamos pleiteando, inclusive, o título de “Capital Nacional da Louça” (Confira abaixo).

O município tem muitos atrativos turísticos. Há ações voltadas para esse setor?

Cresceu muito o turismo no município. Estamos trabalhando muito nessa área, com investimentos pesados, inclusive com om apoio do Governo do Paraná. Temos aqui um turismo de saúde, muitas pessoas vêm para cá por questões de bem-estar. O mesmo acontece com o turismo de aventura que atrai muitos visitantes, a prática de atividades físicas, a gastronomia (com as comidas típicas da Itália e da Polônia, pratos trazidos pelos colonizadores), o lazer oferecido pelos parques, e as festas de igreja, com o tradicional churrasco. Dessa forma, o asfaltamento das vias rurais é uma das medidas importantes para facilitar o acesso. As pessoas não vêm para cá para andar em estrada de terra. Um exemplo de novos investimentos, é o asfaltamento da Estrada do Cerne.  Com asfalto novo a estrada realmente levará o desenvolvimento e o crescimento para o interior do município.  O investimento no projeto é de R$ 1,6 milhão, fruto de uma parceria entre as secretarias do Planejamento e Infraestrutura e Logística, do Governo do Estado. Aliás, a meta é asfaltar até o final do mandato 100% da região urbana do município.

E, sobre a integração da Região Metropolitana de Curitiba. Na sua opinião, como primeiro vice-presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba (Assomec), o que funciona e o que tem que melhorar?

A pandemia foi muito difícil para todo o mundo. Mas, também fez com que os prefeitos, especialmente, os da Região Metropolitana de Curitiba (RMC), se unissem bastante. E, a mesma parceria que construímos através do COIN-GM, que tem como principal foco a segurança pública, temos estabelecido em torno da busca de soluções para os problemas comuns, em decisões junto ao Governador, na garantia de medicamentos, na melhoria de licitações. Trocamos também muita tecnologia. Agora, por exemplo, estou pedindo a doação do projeto de campo de futebol sintético que o prefeito Marcondes, de Fazenda Rio Grande, fez. Ele vai doar o projeto (uma economia razoável) para que eu possa fazer aqui na cidade. Essa integração, com a troca deexperiências, é fundamental porque estamos tratando da qualidade de vida de cerca de 4 milhões de pessoas, que moram nesses municípios.

Outra questão importante para a RMC é a destinação do lixo. Como está sendo encaminhada essa situação?

Fazemos parte do Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (Conresol). Mas, isso me deixa bastante entristecido, perplexo, e estamos trabalhando com um horizonte de inovação. Avaliamos alternativas e incentivamos a conscientização da população sobre a importância da separação do lixo. Nesse momento, temos um grupo discutindo especificamente mudanças no tratamento do lixo doméstico. Uma opção seria a queima, em fornos especiais, através de uma parceria público-privada (PPP), com uma empresa da região, que já tem essa tecnologia. Outra, é contar com uma tecnologia inovadora, que resulte em uma solução que apresente “resíduo zero”.

Quais as metas prioritárias da sua gestão?

100% asfalto; melhoria considerável na questão da saúde, com mais postos e ampliação do teleatendimento; e, investimentos na educação. Hoje já somos uma das melhores educação do país, temos programas de cultura e esporte. Apoiamos também as mulheres, o empreendedorismo, com um programa de juros zero e qualificação profissional. Teremos aqui a Casa da Mulher. É um trabalho social, reflexo de um conjunto de ações que contribuem para a qualidade de vida, para que os cidadãos se sintam seguros, felizes. Não queremos crescer somente no número de população. Os avanços, os investimentos, estão aliados aos esforços de preservação do clima interiorano que ainda temos por aqui.

Qual é o legado que o senhor quer deixar para o seu município?

Grandes obras. Hoje já temos um Centro de Convenções, que era esperado há muito tempo, com uma ampla infraestrutura. Escolas novas foram construídas. Temos postos de saúde novos. O asfalto também está sendo importante porque representa dignidade para as pessoas. Se eu conseguir fazer 100% de asfalto urbano, será um marco para Campo Largo.

Como o senhor está acompanhando a sucessão do Governo do Paraná no ano que vem? Como acha que pode influenciar o município?

Hoje vivemos um dos melhores momentos da história do Paraná, onde você tem possibilidades, a gente é ouvido, temos recursos, há um entendimento, o que é muito importante. E, há, o que talvez há muito tempos não víamos, uma convivência saudável entre os Poderes. Campo Largo não tem um deputado do município, mas sim, tem quem sempre está olhando por nós. E, não podemos quebrar esse ritmo, temos que permanecer com o mesmo grupo, com as mesmas pessoas. Temos pessoas muito competentes e podem manter esse trabalho. O deputado que sempre me apoia é o Alexandre Curi (presidente da Assembleia Legislativa do Paraná). Ele está sempre presente, abrindo portas, me apoiando, nos ajudando.  Que possamos seguir esse desenvolvimento do estado, e consequentemente, dos municípios, e vou trabalhar para isso.

Como o senhor vê a polarização que tem marcado a política nacional?

Muito ruim! Cada um tem as suas ideologias, as suas concepções, e todos devem ser respeitados. Como prefeito, minhas ideologias devem ser motivadas pela cidade. Aqui, recebo pessoas de todos os partidos, de todas as ideologias. E trato todo da mesma forma. É isso que precisamos. Posso ter um embate de ideias. Não posso forçar uma concepção. Muito ruim quando tentam fazer com que as ‘pessoas engulam goela abaixo’ – a expressão mais corta seria essa. Eu sou advogado, tenho que respeitar todos, mas não sou abrigado a aceitar tudo.