Ratinho Jr pode barrar aumento de 9,62% na tarifa da água, diz líder do governo

Ivan Santos

Sanepar/divulgação - Segundo deputado de oposição

Diante das críticas generalizadas tanto da bancada de apoio ao governo na Assembleia Legislativa, quanto da oposição, o líder da base de situação na Casa, deputado Hussein Bakri (PSD) afirmou hoje que o governador Ratinho Júnior (PSD) pode reverter o aumento de 9,62% da tarifa de água e esgoto pedido pela Sanepar e aprovado pela Agência Reguladora de Serviços Públicos do Paraná (Agepar) ontem. Segundo Bakri, todos os parlamentares da base governista consideram que, diante da pandemia do Covid-19, não é o momento para aumentar a tarifa.

“Tenho a informação de que o governador realmente está estudando a possibilidade de que possa fazer uma reversão desse quadro”, disse ele. Segundo Bakri, os deputados da base do governo já disseram ao chefe da Casa Civil, Guto Silva, e ao próprio governador, que são contra o reajuste. “Eu, pessoalmente, como líder do governo, e toda a nossa base de deputados, não concordamos com o momento desse aumento. Isso foi dito claramente para o governo, inclusive para o chefe da Casa Civil”, garantiu.

“Eu acho que tem todas as condições sim (de reverter o aumento). O governador é o chefe do Estado. O governador é quem tem o poder e a caneta de poder reverter uma situação como essa”, afirmou. “Não é o momento. Acho que todos os deputados concordam. É uma unanimidade aqui dentro. Todos os deputados da base, nós vamos conversar com o governador, com o chefe da Casa Civil, com o governador, para encontrar soluções”, prometeu.

O assunto foi o principal tema da sessão de hoje da Assembleia. O deputado Homero Marchese (PROS), que integra a base de Ratinho Jr, afirmou que a Agepar não divulgou a nota técnica com os cálculos que justificariam o aumento. “A nota técnica que permite calcular o reajuste nem sequer apareceu no site da Agepar”, criticou.

Marchese explicou que em 2016 a Sanepar pediu e a Agepar homologou um reajuste, supostamente de valores atrasados, de 25,63%. Para que o valor não fosse aplicado na conta da água imediatamente, deferiu-se um adiamento, em oito parcelas, até 2024, corrigido pela Selic e somado à inflação dos meses anteriores. “Nós temos alertado para que essa política tarifária resultaria em aumentos anuais de tarifa bem acima da inflação. Portanto, o reajuste anunciado ontem era uma tragédia anunciada”, apontou.

No ano passado, o Tribunal de Contas chegou a suspender parte do reajuste de 12,13% que havia sido proposto, mas depois autorizou a aplicação do reajuste total, lembrou.

“Na nossa opinião, uma série de valores estão sendo adicionados indevidamente. O valor de multas ambientais que a companhia foi condenada a pagar. Ela não poderia repassar isso aos usuários. Indenizações por renovação de contratos com municípios. E repasses a fundos municipais de forma indiscriminada”, afirmou o parlamentar. “Há bastante tempo para que medidas sejam tomadas, para que ele não seja implementado, pelo menos na sua totalidade. Ainda dá tempo de evitar esse grave prejuízo aos paranaenses”, disse.

O líder da bancada do PT, deputado Tadeu Veneri, disse ter feito levantamento indicando que entre 2016 e 2019, a Sanepar já reajustou a tarifa da água em 47,03%, índice que seria 17% acima da inflação do período. “No segundo trimestre de 2019 a Sanepar teve um lucro líquido de R$ 1,2 bilhão de lucro devido ao reajuste do ano passado”, explicou.

O deputado Arilson Chiorato (PT), também da oposição, disse que a Sanepar virou a “queridinha” da Bolsa de Valores de São Paulo. “Não tem como não lamentar a decisão dos diretores para pedir o aumento em 9,62%. Nem um número, nem uma matemática, e muitos menos sensibilidade política permitiria um reajuste desses”, afirmou. “O povo com dificuldade por conta da pandemia. Empresa fechando, pessoas desempregadas, maior crise hídrica da história do Paraná e a gente aumentando a tarifa da água. Quero aqui pedir para que o governador tenha sensibilidade, dialogue com a empresa, e a gente não deixe acontecer isso com o povo paranaense, que está sufocado financeiramente”, cobrou.