O deputado federal Alexandre Leite (DEM-SP) recomendou hoje a cassação do deputado paranaense Boca Aberta (PROS), no Conselho de Ética da Câmara. Leite é relator do processo movido contra ele pelo Partido Progressista (PP) pela invasão de uma unidade de pronto-atendimento (UPA) em Jataizinho (região metropolitana de Londrina), em 2019.
Na próxima sessão do conselho, prevista para a próxima terça-feira, o relatório deve ser votado, depois de ouvida a defesa do deputado. Se aprovado o relatório, a cassação do mandato do deputado será decidida pelo plenário da Câmara.
“A autopromoção disfarçada de proteção da comunidade em nada contribui para a melhoria da assistência à população ou para a credibilidade do parlamento”, afirmou o relator.
Na madrugada de 17 de março de 2019, Boca Aberta se dirigiu a um hospital vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS) em Jataizinho para realizar o que ele chama de “blitz da saúde”. Acompanhando de assessores, perguntou pelo médico de plantão e, avisado que o profissional estaria na sala de descanso, foi até o local e registrou tudo em vídeo de quase meia hora. Boca Aberta se indignou ao constatar que o médico dormia, ainda que não houvesse pacientes aguardando atendimento, e um tumulto teve início.
O PP acusa Boca Aberta de constranger médicos e profissionais da saúde e ainda de expor suas imagens na internet. O partido acrescentou ainda à representação o fato de o deputado, na edição do vídeo, ter exposto uma criança que, em outra data, passava mal no hospital enquanto aguardava atendimento.
Em sua defesa, Boca Aberta disse que não houve invasão, uma vez que a UPA é pública e que “plantão é plantão” e o médico não poderia dormir, ainda que não houvesse pacientes.
O caso de Boca Aberta já havia sido analisado em 2019. Em dezembro daquele ano, o Conselho de Ética aprovou a pena de suspensão do mandato por seis meses, por dez votos a um, mas Boca Aberta recorreu, alegando que testemunhas não tinham sido ouvidas pelo relator. O recurso foi aceito em março pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ).