
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, autorizou a Procuradoria Geral da República a promover uma investigação preliminar sobre declarações do ex-deputado estadual e empresário Tony Garcia, que alegou ter agido como “agente infiltrado” do ex-juiz e senador Sérgio Moro (União) em processos da operação Lava Jato.
No início de junho, Garcia afirmou em entrevistas às revistas Veja e à TV 247, dizendo ter se tornado um “agente infiltrado” de Moro em 2004, após assinar acordo de delação premiada, e que teria cometido uma série de ilegalidades a mando do então magistrado, acusando-o ainda de chantagear autoridades – entre eles desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
Garcia contou que a mando do Mero, teria gravado pessoas de forma ilegal a pedido de procuradores e de Moro após firmar um acordo de colaboração premiada em 2004. Uma das autoridades que teriam sido gravadas clandestinamente é o ex-governador Beto Richa (PSDB).
Pivô da prisão de Richa em 2018, ele também afirmou ter prestado um depoimento sigiloso em 2021 à juíza Gabriela Hardt, apresentando denúncias contra Moro e procuradores da força-tarefa de Curitiba. Segundo Garcia, a juíza não teria dado prosseguimento às denúncias que ele apresentou.
Segundo o portal G1, a PGR acionou o Supremo pedindo uma série de providências. Toffoli autorizou que a Polícia Federal tome o depoimento de Tony Garcia em 30 dias.
Ficou estabelecido que ele deve entregar documentos e eventuais denúncias por ele formuladas, além de indicar encontros e conversas com o então juiz federal Sérgio Moro e demais membros do Ministério Público Federal que tenham culminado no eventual direcionamento de acordos de colaboração premiada.
Também ficou autorizado o pedido de informações e compartilhamento à Justiça Federal do Paraná sobre eventuais decisões de afastamento dos sigilos telefônicos-telemáticos de Tony Garcia.
Em junho, Tofolli havia determinado a suspensão dos processos que envolvem o empresário na Justiça Federal de Curitiba. O ministro ainda mandou que sejam encaminhadas cópias de “todos os feitos em que ele figure como parte, testemunha ou investigado” ao STF.