Franklin de Freitas: – Traiano: Traiano: para tucano

Prestes a completar 32 anos como deputado estadual, o presidente da Assembleia Legislativa, Ademar Traiano (PSDB) não demonstra intenção em se aposentar da política. Pelo contrário. Não esconde de ninguém a intenção de disputar o quarto mandato consecutivo no comando da Casa, e admite sonhar com uma candidatura a vice-governador em 2022. 

Apesar de admitir ter levado um susto nas últimas eleições, o tucano acredita que a onda de renovação é passageira, e que o eleitor já começa a perceber que o “novo” não representa necessariamente mudança. Sobre o PSDB paranaense, que sofreu um revés nas urnas em 2018 depois de ter governado o Estado por oito anos, Traiano aposta na liderança do vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, para levantar o partido. Em entrevista ao Bem Paraná, o parlamentar lembra ainda os momentos tensos da votação de 29 de abril de 2015, que terminou em confronto entre policiais e servidores públicos, e comenta como as redes sociais provacaram mudanças profundas na atividade política do País.

Bem Paraná – Na eleição passada, além da alta renovação, a Assembleia também teve a eleição de muitos políticos de primeiro mandato. Como isso impactou o dia a dia da Casa?
Ademar Traiano – Eu tenho uma leitura que muitas vezes a opinião pública não tem. A política tem que ser oxigenada, é verdade. Mas sempre a história de que o novo vem para mudar ou transformar, enfim, o contexto político não é verdadeira. Porque a experiência do legislador ele adquire com o tempo. E não é a mudança pela mudança, apenas, que vai permitir que ele incremente posicionamentos novos. O Poder Legislativo é um poder muito limitado. É um poder que, muitas vezes, a população deposita confiança plena em seu parlamentar esperando a possibilidade de muitas mudanças e poder não nos permite fazer isso porque a própria Constituição impõe ao parlamentar limitações. O Executivo, hoje, praticamente pode tudo e o Legislativo não pode nada. Mas a convivência, o tempo de Casa que eu tenho de quase 30 anos já me permite conviver pacificamente e entender os posicionamentos. É uma Assembleia totalmente diferente. Exige grande jogo de cintura porque a grande maioria dos que vieram para cá eleitos, os novos, vieram pelas mídias sociais, com discurso diferenciado. Portanto tem-se a leitura de que o “velho” que está aqui, mandando, mas que na verdade, isso não significa dizer que o tempo de atividade parlamentar significa ser velho. Velho é aquele que não tem presença de espírito. Que tem ideias conservadoras e limitadas. Eu sou um político que no dia a dia busco aprender permanentemente, até com os próprios novos deputados que aí estão. Eu não tenho nenhuma dificuldade de convivência. Se tem algo que eu tenho como característica na minha vida política é sempre buscar pacificar. Construir pontes permanentes. 

BP – O senhor acha que essa onda de renovação que atingiu os partidos tradicionais perdura na próxima disputa municipal ou pode sofrer um refluxo?
Traiano – Eu acho que é uma onda passageira. Infelizmente ainda se tem uma cultura no Brasil do imediatismo. O eleitor vota dependendo da ocasião, do momento. Isso não é bom. É claro que eu não vou condenar a vinda do Bolsonaro para a Presidência da República. Pelo contrário. Porque havia uma necessidade de mudança radical no contexto político nacional e ele encarnou esse sentimento. Agora só o tempo vai nos dizer se realmente era e é aquilo que todos imaginavam.

Leia a entrevista completa no Bem Paraná.