Vereadores discutiram na sessão de quarta-feira, os prejuízos para a educação e o aumento da fome em Curitiba após a pandemia da Covid-19. A vereadora Amália Tortato (Novo) apontou o aumento do analfabetismo entre crianças. A Professora Josete (PT) alertou para a escalada da fome no país. 

“O Brasil foi um dos países em que as escolas ficaram fechadas por mais tempo [durante a pandemia]”, afirmou Amália Tortato, para depois, com dados apurados pela organização Todos pela Educação, dizer que aumentou de 25,1% para 40,8% o número de crianças de 6 a 7 anos que não sabem ler e escrever no país. Depois, explorando a pesquisa por recorde de renda, afirmou que o percentual de crianças que não sabem ler e escrever é maior entre as mais pobres (51%) que as ricas (16,6%).

Amália Tortato entende que parte da diferença pode ser atribuída ao fato de a educação ser um serviço prestado diretamente pelo Poder Público. “Para ser pública a educação não precisa ser estatal”, defendeu a parlamentar, sugerindo a adoção do vale-educação como forma de empoderar as famílias. “Por que não paga para essas crianças estudarem na rede privada, que já mostrou que sabe fazer, enquanto o Estado mostrou que não dá conta?”, disse a vereadora, que ganhou o apoio de Ezequias Barros (PMB) e Eder Borges (PP).

“Muitas vezes a escola pública está querendo ensinar coisas desnecessárias, como ideologia de gênero, em vez de ensinar o be-a-bá e a tabuada. Na semana passada, em Colombo (região metropolitana de Curitiba), tinha um professor ensinando política partidária, batendo no presidente Bolsonaro, aquela briga toda, e era um professor de Inglês”, comentou Barros. “Constatamos o fracasso da educação pública, das escolas até as universidades, completamente ideologizada”, corroborou Borges.

Discordando do rumo que o debate tomou, de crítica à educação pública, Professora Josete disse que “precisamos pensar agora em quais as ações que temos para minimizar os problemas”. “Uma é garantir contraturno para as crianças que não aprenderam a ler e a escrever, a outra é garantir número de professores necessários para que sejam atendidas suas necessidades”, sugeriu Josete. Ela lembrou que a universalização do ensino público, gratuito e de qualidade foi uma conquista social, a partir dos anos 1970, e afirmou que “quando se desqualifica a escola pública é feito um desserviço à população”.

Aumento da fome
Citando dados sobre a fome no Brasil, Professora Josete destacou que 55,2% da população do país enfrentam hoje algum grau de insegurança alimentar, sendo que 9% dos brasileiros vivem em estado grave. Para a vereadora, isso é ainda mais grave quando relacionado à infância, pois “carências nutricionais terão consequências por toda a vida”, com reflexos psicológicos e físicos. “A ausência de comida muda todo o metabolismo da criança”, disse, criticando o modelo econômico do país, que privilegia o agronegócio de exportação.

Quando Ezequias Barros (PMB), após relatar ter passado fome e ter “comido do lixo” quando pequeno, disse que é um absurdo um estado como o Paraná, “celeiro do Brasil”, desperdiçar o tanto de comida que desperdiça, Josete voltou a esse tópico. “É o celeiro que produz o quê e para quem? Soja exportada para alimentar animais em outros países, que produz milho para o mesmo objetivo. Precisamos de um modelo que priorize a produção de alimentos para o povo brasileiro”, disse a vereadora.