Carlos Costa/CMC – Sabino Picolo

Vereadores de Curitiba voltaram a cobrar hoje o fechamento total da Câmara Municipal em razão da pandemia do coronavírus. Diante da pressão, o presidente da Casa, Sabino Picolo (DEM), anunciou que a partir de semana que vem, o Legislativo da Capital vai limitar as sessões a convocações extraordinárias apenas para a votação de matérias urgentes, como as relacionadas à saúde pública.

A decisão, segundo Picolo, vale “até segunda ordem, conforme a necessidade”. A ideia é restringir a circulação de pessoas no plenário e nos prédios do Legislativo, seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A medida foi tomada depois que tanto o líder da bancada do prefeito, Pier Petruzziello (PTB), quanto a vice-líder da oposição, defenderam, na sessão de hoje, o fechamento da Câmara, para que servidores trabalhem apenas em home office (em casa). “Só existe uma maneira de parar (a circulação) o vírus. Só uma. É parar tudo. Não vamos parar (o contágio) fazendo média, populismo, tomando atitudes demagógicas. Ou pára tudo ou a coisa vai até agosto, setembro, outubro. Sou sim a favor que os servidores da Casa fiquem em casa, que os terceirizados fiquem em casa”, disse Petruzziello, também favorável a suspender a circulação dos ônibus.

“Todos nós somos agentes que podem transmitir o vírus. Bergamo (na Itália) enterrou ontem mais de 180 pessoas, com caminhões do Exército. Ou fecha ou a coisa continua, não é momento de fazer politicagem”, disse Petruzziello.

A vice-líder da bancada de oposição apontou que os funcionários terceirizados da Casa são os mais vulneráveis ao contágio, já que que a maior parte deles se desloca de ônibus. “E até onde eu sei nem escalas estão sendo feitas com os terceirados. As pessoas estão em risco. Cerca de 80% da transmissão se dá por pessoas assintomáticas”, disse. Para Herivelto Oliveira (Cidadania), os servidores podem trabalhar de casa e só deve haver convocação dos vereadores em caso de “extrema urgência”.

“Vamos fazer da melhor maneira possível. A Casa não vai fechar”, respondeu Picolo. “Estarei aqui diariamente. Não vou arredar o pé daqui”, respondeu ele, depois que diversos vereadores pediram a suspensão das sessões plenárias – ideia que já havia sido debatida e sugerida à Mesa pelo colégio de líderes na última terça-feira.

Os servidores setão trabalhando em escala de revezamento e em home office. Segundo Picolo, pode haver convocação dos vereadores para análise de projeto do Executivo que reconhece dívidas decorrentes de licenças-prêmio não fruídas. “Temos que tramitar. É muito importante para a cidade e para os servidores”, justificou. Até dezembro do ano passado, o estoque de licenças-prêmio não tiradas de servidores aposentados à espera do pagamento, era de cerca de R$ 118 milhões.

“A Câmara não é só o espaço físico. Somos nós vereadores também. O atendimento à população continua”, defendeu Dr. Wolmir Aguiar (PSC).