Wandscheer (PP): governo Lula não tem 90 dias. Foto: Valquir Aureliano.

O coordenador da bancada federal paranaense e da comissão criada para discutir as novas concessões de rodovias no Estado, deputado Toninho Wandscheer (PP) defendeu hoje cautela na definição do modelo de leilão, afirmando que o governo Lula “começou agora” e precisa de tempo para debater o formato da licitação, para que não sejam cometidos os mesmos erros dos contratos anteriores. Wandscheer disse que a comissão se reúne novamente amanhã, em Brasília, com técnicos da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), para avançar as discussões sobre o processo.

Ontem, o governador Ratinho Júnior (PSD) voltou a defender uma decisão rápida do governo federal sobre o assunto, alegando que o Estado e a União já estariam “próximos” de um acordo, e que não haveria mais muito o que mudar na proposta. Ratinho Jr reafirmou ainda que a manutenção das rodovias federais no Paraná, incluindo a BR-277, que já vem sendo atingida por interdições causadas por deslizamentos e afundamentos de pista desde o final do ano passado, é responsabilidade do governo federal.

O governador defende a manutenção do modelo definido na gestão Bolsonaro, com leilão por menor tarifa e desconto atrelado ao pagamento proporcional de um aporte financeiro para a garantia das obras. O governo Lula vem trabalhando por um formato de licitação por menor tarifa, sem limite de desconto e curva de aporte bem inferior ao proposto anteriormente.

Wandscheer diz que o objetivo da bancada e do governo federal é definir o novo modelo de concessão o mais rápido possível, mas que não se pode cobrar pressa da atual gestão, que assumiu em janeiro. “Queremos discutir o pedágio de novo, a partir de um novo olhar do governo federal. Por que quem vai fazer a licitação é o governo federal e não o governo do Estado”, disse ele em entrevista à rádio CBN.

“Existe um processo no nosso país porque parece que nós temos pressa em fazer os projetos e depois ficamos anos sofrendo as consequências de um mau projeto. Então, nesse momento eu não vejo que nós devemos nos apressarmos para termos uma solução. É claro que nós debatemos há mais de dois anos no outro governo. Mas é um outro governo. E esse novo governo quer saber se aquilo que foi colocado no governo Bolsonaro está de acordo com os princípios que esse governo tem”, defendeu o parlamentar.

“Eu acho normal que o governo que vai fazer, que vai assumir o problema e assumir a solução para o pedágio ele tem que ter tempo para decidir o melhor dentro do que ele entende como o melhor para o Paraná”, apontou.

Desconto

Wandscheer lembrou que pela proposta original defendida por Ratinho Jr, haveria a cobrança de aporte com qualquer índice de desconto. Na proposta atual, do Ministério dos Transportes, não haveria cobrança para descontos de até 12% na tarifa básica. “Nós queremos 18%, 20%. Tem que debater tecnicamente. É todo um processo que nós tem que olhar com carinho para depois não trazer para a sociedade paranaense, e setor produtivo uma situação que não tem como resolver. Porque depois de assinado o contrato é só cumprir”, disse.

O deputado rechaçou a relação entre os problemas atuais das estradas paranaenses e a discussão sobre os novos pedágios. “A questão de manutenção é um problema. A questão do pedágio é do futuro. O que causou isso foi falta de manutenção”, afirmou.

Ele também rebateu o prazo dado pelo líder do governo Ratinho Jr na Assembleia Legislativa, deputado Hussein Bakri (PSD), de uma decisão do governo federal sobre os novos pedágios até o final do mês. “Temos que ter o tempo necessário para tomar uma decisão correta. São 30 anos (de contrato). Não dá para você colocar um prazo para um governo que começou agora, a menos de 90 dias. E que vai fazer o pedágio”, avaliou.