Linha-fina: Perestroika lança guia para empresas superarem ruídos com a Geração Z e transformarem conflitos geracionais em vantagem competitiva. Helena Kich, COO da escola de pensamento, assina a provocação
O turnover entre jovens profissionais nunca esteve tão alto. De acordo com a LCA Consultores, em fevereiro deste ano, 40% dos trabalhadores com até 29 anos haviam trocado de emprego nos últimos 12 meses; em fevereiro de 2020 esse número era de 26%.. E os custos dessa rotatividade não são pequenos: segundo estudo da PwC, o custo médio de uma substituição pode chegar a 50% do salário anual do colaborador. Soma-se a isso o aumento no tempo de recrutamento para perfis entre 20 e 25 anos (em média 18% mais longo, segundo a Gupy) e a alta nos índices de absenteísmo e desligamentos voluntários. O diagnóstico é claro: as empresas ainda não sabem como lidar com a nova geração.
A Perestroika, reconhecida por reinventar modelos de aprendizagem e pensamento, propõe uma nova abordagem: e se, em vez de tentar adaptar os Zs aos velhos moldes, fosse o contrário? A escola lançou uma solução pocket sobre como líderes mais experientes podem compreender, dialogar e se conectar com esses jovens — transformando ruído em resultado.
A provocação vem de dentro. Quem assina a iniciativa é Helena Kich, COO da Perestroika e ela mesma uma representante da Geração Z. Atuando na gestão de equipes e projetos com múltiplas gerações, Helena entende na prática os desafios — e as soluções — para esse novo cenário.
Segundo a executiva, “o que vejo é um ruído gigante de interpretação. De um lado, líderes que não entendem por que os jovens não querem ‘pagar o preço’ e se frustram com o que chamam de ‘falta de comprometimento’. Do outro, jovens que não aceitam mais ser medidos por presença física ou horas sentadas. A falta de escuta e empatia trava todo o potencial de inovação que essa geração carrega”, afirma Helena.
O que saber e fazer
O manual elaborado pela Perestroika oferece diretrizes práticas para gestores que desejam criar ambientes de trabalho mais produtivos e harmoniosos, sem abrir mão da performance. Entre os principais comportamentos esperados de líderes que desejam ter sucesso com a Geração Z, estão:
Escuta ativa e empática: validar sentimentos, entender o ponto de vista do outro e abrir espaço real de diálogo.
Transparência radical: deixar claro o porquê das decisões, dos objetivos e das estratégias. O “faz porque eu mando” perdeu o prazo de validade.
Flexibilidade com responsabilidade: liberdade para cumprir metas no próprio ritmo, com foco em entregas e não em controle.
Mentoria, não comando: ser um guia, e não um chefe. Estimular autonomia, aprendizado e protagonismo.
Reconhecimento genuíno: pequenos elogios e feedbacks rápidos importam — muito.
Palavras, vibes e códigos
Entender a linguagem dessa geração é mais do que uma curiosidade — é uma ferramenta de integração. Abaixo, um mini vocabulário compilado pela equipe da Perestroika:
Cringe
Vergonhoso, antiquado ou forçado
Foi de Arrasta
Algo ou alguém chegou ao fim, ou foi perdido
PPRT
Papo Reto, falar de forma direta, sem rodeios
Gás
Disposição, energia, esforço
Me serve!
Expressão de aprovação ou inspiração
Conta pra mim
Convite para se abrir ou compartilhar
Vibes
Sensações, clima, impressão
Dropou
Desistiu ou abandonou algo
Hater
Pessoa crítica e negativa
Cancelado
Rejeitado socialmente por atitude questionável
Helena comenta que “não se trata de adotar gírias no discurso. Mas sim de decodificar sinais e acessar a camada cultural dessa geração. Isso melhora o clima, reduz conflitos e cria um campo mais fértil para inovação”, explica.