“Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça“, essa máxima foi proferida pelo cineasta, ator e escritor Glauber Rocha, na década de 1970, relacionada ao Cinema Novo. Hoje, na Era Digital, em que muitas habilidades culturais navegam por pequenas telas de dispositivos móveis, talvez, a máxima de Rocha pudesse ser adaptada para “um tablet na mão e uma ideia na cabeça”.

 

Com poucos recursos financeiros, muitos talentos recorrem também aos meios digitais para buscar a solidariedade alheia e realizar seus sonhos, por meio de financiamento coletivo. Esse é o caso do técnico de segurança do trabalho Jair Silva, morador de Colombo, na região metropolitana de Curitiba. Ele que, há mais de três décadas, acalenta o sonho de publicar seu primeiro livro de poemas, o “Fragilidade”, hoje, vê suas expectativas ganharem força, com a colaboração de voluntários na plataforma digital Vakinha (https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajude-jair-a-publicar-seu-livro).

 

E a tendência a buscar financiamento coletivo, também chamado de crowdfunding, vem aumentando cada vez mais no Brasil. Pelo menos, é isso o que constatou uma pesquisa realizada recentemente pela CapTable, plataforma de empreendedorismo e startups. De acordo com o levantamento, o ano de 2019 registrou R$ 78,7 milhões em aportes de financiamento coletivo, um crescimento de 71%, comparado a 2018.

 

Esse recurso é usado para realizar os mais diferentes intentos: gravação de álbuns musicais, peças de teatro, exposições de arte, entre outras modalidades culturais. No caso de Silva, o propósito de escrever um livro não é uma meta recente. Trata-se de um sonho que nasceu há 35 anos, quando  já esboçava seus primeiros poemas, inspirado pelas aulas de Língua Portuguesa da professora Sandra Poli, na região metropolitana de Curitiba. Hoje, ele batalha para realizar seu grande projeto, a publicação do livro de poemas “Fragilidade”, por crowdfunding.

 

O autor diz que a o estímulo para os poemas vem de diferentes inspirações: “Pode ser uma imagem ou uma palavra que, às vezes, encontram o meu espírito em estado mais sensível. Essa inquietação fica martelando na mente e só termina quando consigo soltar suavemente em forma de poema”, explica seu processo criativo. Mas, em sua trajetória de vida, nem todos os versos soaram com harmonia, sendo que precisou enfrentar sérios problemas de saúde no coração, entre outros percalços. No meio desse turbilhão,  refugiava-se nas rimas de Carlos Drummond de Andrade e do amazonense Thiago de Mello, alguns de seus escritores preferidos.  O gosto pela leitura sempre foi intenso: “Lia até bula de remédio”, brinca. Infelizmente, Silva não reflete as estatísticas recentes. Segundo dados de uma pequisa orientada pelo Instituto Pró-Livro com o Itaú Cultural, o número de leitores no Brasil diminuiu de 56% para 52% nos últimos anos.

 

Há poucos anos, o poeta reencontrou Sandra Poli, sua antiga professora de Língua Portuguesa. Descobriu que ela também já havia publicado dois livros: “Vasto Mundo” e “Gaia”, sobre viagem e culturas diversas. Ganhou coragem e decidiu que finalmente era hora de realizar seu sonho também. Da mesma forma que sua mestra, Silva conta que “Fragilidades” também transporta o público para outros mundos, porém, em uma profunda viagem literária e pessoal, que transcende a superficialidade das palavras: “A ideia é fazer o leitor enxergar a vida além daquilo que as palavras entregam. Despertar um olhar interior para ver as pequenas, mas importantes coisas que permeiam o cotidiano de maneira diferente” explica. Pelo jeito, a “ideia na cabeça”, mencionada por Glauber Rocha Rocha, Jair Silva já tem. Agora, para concretizar essa ideia, trocou a câmera por computadores, na busca do financiamento coletivo que dará força à publicação de “Fragilidades”.

 

Serviço:

Livro “Fragilidades”, Jair Silva

Doações: plataforma de financiamento coletivo Vakinha

Link: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajude-jair-a-publicar-seu-livro