Animação centrada no Hermitage, em São Petersburgo, traz novos ares para crianças

Helena Carnieri

“Gatos no Museu” estreia dia 10 de agosto com diversão repleta de obras de arte

Depois de assistir “As Crônicas de Nárnia”, “Moana”, “101 Dálmatas”, “Frozen” num total acima dos 2 dígitos, chama a atenção conferir uma animação produzida off-Hollywood que sai do padrão. Outro sotaque, outras pinceladas…. seriam também outros interesses?

O longa de animação “Gatos no Museu”, que estreia no Brasil em 10 de agosto, faz uma rasante em São Petersburgo, na Rússia, um destino bem menos conhecido (através das telas) por nossos filhos do que Nova York, ilhas do Pacífico ou Califórnia, locação de tantos desenhos que eles amam. 

Algo em torno de 80% do filme se passa dentro do Museu Hermitage (State Hermitage Museum), joia rara da coroa russa, que já foi residência de inverno de czares e totaliza 10 prédios. Com cenas abertas que nos revelam a topografia histórica dessa cidade que já foi sede do império, é possível conhecer um pouco da majestosa arquitetura às margens do Rio Neva.

Na trama, um jovem gato bastante desconhecedor das coisas do mundo é auxiliado por um rato bem mais sábio, Maurice, que chega a dar o nome do novo amigo, já que o felino não tinha nenhum: Vincent. A alusão a artistas famosos se repete, e os personagens acumulam prenomes de pintores. Diversas obras de arte sediadas no Hermitage são pano de fundo para as estripulias animalescas. Foi um prazer reencontrar ali “O retorno do filho pródigo” de Rembrandt, que eu conhecia de livros e cuja adaptação da parábola bíblica relatada no evangelho de Lucas, capítulo 15, é surpreendente.

No metaverso criado ali, os gatos são donos do pedaço e responsáveis por proteger as obras de arte – ainda mais quando a “Monalisa” chega diretamente do Louvre para uma exposição. A fidelidade aos amigos, o conflito entre gatos e ratos, a descoberta do amor são todos temas utilizados ao longo da história. 

O sobrenatural também dá as caras na forma de um fantasma de gato alemão, cujo sotaque na dublagem em português faz rir. As tiradas sobre arte contemporânea têm um apelo cômico para os adultos, mas o filme não é nem de longe atraente para “todas as idades” como as produções dos grandes estúdios de animação.

Aqui, sobressai o tom institucional, sem direito a muitas ironias e com uma toada grandiloquente sobre a grandeza do museu. Quando um dos personagens-gatos ativa acidentalmente uma tecla de mensagem auditiva para visitantes, ficamos sabendo que ali há mais de 3 milhões de obras de artes e que este é um dos museus mais importantes do mundo. 

Seria puro marketing de conteúdo? Confesso que aumentaram as chances de desejar uma ida à cidade – passada a guerra e qualquer rumor de guerra.

A fala final do filme traz inclusive uma forte mensagem de paz e união entre os diferentes. Portanto, façamos um esforço para divulgar esse lado do povo russo e seu amor à arte, e seja ele a sobressair no final.

Veja o trailer aqui. Bom filme!