Trecho 6: a história do resgate de um pinguim chamado Mawé

Conservação da biodiversidade e atuação de cientistas da universidade pública no litoral paranaense é foco de curta-metragem documental da Agência Escola UFPR em 2024

Divulgação
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Foto de Thiago Bezerra Benites.

Na próxima terça-feira (26), o Teatro da Vila, espaço cultural que fica na Cidade Industrial de Curitiba, vai ser palco de uma história emocionante de conscientização, com o pré-lançamento do curta-metragem UFPR Na Sua Vida – “Trecho Seis”, realizado pela AE (Agência Escola) UFPR. Ele conta a história do percurso de Mawé e seu grupo, pinguins de Magalhães resgatados em meio ao desvio de sua rota de migração pela equipe de cientistas do Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC), do Centro de Estudos do Mar da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Narrado de maneira lúdica, sob o ponto de vista dos próprios animais, o documentário tem como pano de fundo a sensibilização sobre a importância da conservação da biodiversidade, bem como da atuação dos cientistas da universidade pública no litoral paranaense.

“A preparação do nosso filme se iniciou com uma demanda, que é o formato do UFPR Na Sua Vida. A gente sempre busca um projeto da universidade que tenha impacto fora do ambiente, fora da academia. A partir disso, a gente descobriu o trabalho do LEC no Litoral do Paraná, e descobrimos, principalmente, a importância disso na sociedade, como a sociedade civil se envolve num projeto que parece tão distante do nosso dia a dia”, explica o diretor do documentário e o editor do núcleo de audiovisual da AE, Thiago Bezerra Benites.

Jornalismo foi destaque no projeto

O processo de elaboração do curta envolveu diversas etapas de realização. Para além da concepção temática, a apuração jornalística teve fundamental importância, seja no auxílio documental sobre as informações mais relevantes já conhecidas e divulgadas acerca do assunto, seja no acompanhamento das gravações mediante entrevistas e ideias para composição do roteiro.

A agenter do Núcleo de Jornalismo, Camila Calaudiano, que esteve envolvida desde a idealização do projeto, ressalta a aprendizagem promovida pela etapa de levantamento de referências. “Quando fui pesquisar sobre o LEC, fazer a parte da apuração sobre os pinguins e entender o que as pessoas já sabiam sobre os animais, fiquei encantada mesmo! Me deparei com a história dessa espécie de pinguins, que fazem o deslocamento; das mudanças climáticas; da saúde dos oceanos, que afeta toda uma espécie, toda uma forma de existir desses animais… e eu acho muito importante esse processo da apuração pra gente saber como construir a história e não colocar algo muito irreal”.

A bolsista conta, ainda, que a mescla de ficção e realidade promovida a partir do roteiro do curta é um dos aspectos que mais chama sua atenção. “Eu sou uma fã da ficção e acho que a forma como isso chega às pessoas é muito legal, porque traz todo um ar de magia, aventura e possibilidades. E essa mistura seria ótima porque a gente poderia ‘encantar’ uma história que é real. Apresentando esses animais, que são tão fofinhos, a gente poderia abordar toda a questão da saúde dos oceanos partindo de algo que conquistasse o público logo de cara. Acho que isto é uma das coisas que mais me encantou: a forma que a gente encontrou de fazer o documentário, essa mistura de ficção com realidade, possibilitando que a gente contasse essa história”.

Nesse contexto, a coordenadora da Agência Escola UFPR, Regiane Ribeiro, reforça a importância da linguagem audiovisual no processo de fortalecimento de uma cultura cientifica na sociedade. “Os produtos dessa natureza despertam a curiosidade e engajam os diferentes públicos não apenas nas questões de biodiversidade, mas no papel da ciência e dos pesquisadores na solução de problemas do nosso cotidiano”, afirma. “Esse documentário consolida o papel da Agência Escola UFPR em criar e fortalecer relações acessíveis e informativas entre as pessoas e a ciência, rompendo barreiras entre a produção de conhecimento e a sociedade”, completa.

Conscientizar para conservar

Em princípio, o foco do doc. estaria na conscientização das pessoas sobre como proceder ao encontrar um animal perdido fora de seu habitat natural. Mas Benites aponta que a realização fílmica ampliou essa visão. A conscientização sobre o trabalho do pesquisador, identificando sua função social, também figura como objetivo. “Queremos mostrar para o público a forma como esses profissionais atuam in loco. Com isso, a gente descobriu a importância de ter uma comunidade litorânea consciente, não só dos seus deveres enquanto habitante do litoral em relação à fauna marinha, mas também conscientes do trabalho da universidade, que eles são uma fonte ativa, eles realizam a ciência cidadã nesse aspecto”.

Como uma forma criativa de explorar o universo científico de pesquisa, a realização do documentário contou com alunos de Artes, Design, Música e Comunicação, todos bolsistas da Agência Escola UFPR. E a participação tanto de agenters como dubladores quanto do professor do Decom, Elson Faxina, e da professora do curso de Produção Cultural, Titi Souza, deram o toque final à produção.

“A gente se aventurou nessa ‘experimentação’. Porque não é um processo tradicional, o documentário é para um público que não necessariamente está inserido no universo científico, mas ele tem que manter o rigor de um trabalho científico de pesquisa na hora de passar a informação e, ao mesmo tempo, precisa engajar o coração e a emoção. E é isso que a gente vai conseguir, né?”, aposta o diretor.

Pré-lançamento de “Trecho Seis”

O pré-lançamento oficial do curta-metragem UFPR Na Sua Vida – “Trecho Seis” acontece na próxima terça-feira (26), numa sessão fechada, para estudantes de Colégios Estaduais, com um bate-papo sobre os bastidores da produção e o trabalho dos cientistas. O lançamento oficial acontecerá somente em 2025, com a disponibilização do curta completo no Youtube.