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Quem disse que os jovens não leem livros? Seja com séries que vendem muito, ou títulos recomendados por amigos, o importante é que a literatura faz sim parte da vida dos mais novos e tem participação ativa na formação deles. Seja qual for a porta de entrada, a experiência da leitura pode conduzir a um hábito muito benéfico para o resto da vida.

Um exemplo é Pedro Sguario, estudante de medicina de 19 anos. No seu caso, o amor pela leitura levou à escrita, e ele lança seu primeiro livro dia 2 de outubro, na Livraria da Vila do Shopping Pátio Batel.

Na trama, as protagonistas Alice e Maria Amélia se conhecem em um hospital psiquiátrico, e o leitor acompanha essas duas vozes, como num fluxo de consciência, a elaborar suas dores e traumas. Sguario se inspira em autores como Virginia Woolf, Clarice Lispector e William Faulkner.

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Serviço

O que: Lançamento do livro “A Figueira”, de Pedro Sguario.

Quando: 2 de outubro, das 18h às 21h30

Onde: Livraria da Vila — Shopping Pátio Batel, Curitiba (PR)

Saiba mais sobre o autor aqui

A seguir, A Vida É Palco traz uma entrevista exclusiva com Pedro Sguario:

A Vida É Palco – Qual o papel da literatura na sua vida?

Pedro – O que eu mais gosto de ler são os livros que abordam os sentimentos, que é algo muito comum nos livros de fluxo de consciência,e por isso são alguns dos meus preferidos. Gosto de ler algumas coisas teóricas também sobre psicologia, as relações, entre outros. A minha experiência com fluxo de consciência foi uma abertura muito grande da minha visão, e de repente eu descobri que existia um mundo na literatura que eu nunca tinha visto antes. Quando eu li, percebi que era isso que eu queria escrever: eu quero escrever aquilo que eu sinto, e não descrever situações. Importante é o sentimento. E eu optei por usar esse método porque acho que, nos tempos de hoje, em que nós temos tantos tipos de mídia que podem fornecer entretenimento, o diferencial da literatura é conseguir, de uma forma muito detalhada, entrar dentro da mente humana. Na literatura, a gente entra na mente das pessoas e compreende melhor aquilo que nós mesmos sentimos. A vantagem que a literatura tem sobre, por exemplo, o cinema ou os vídeos da internet, é o fato de ela poder tocar aquilo que está mais profundo no ser humano e que às vezes nem mesmo imagens conseguem dizer. Para mim, esse é o sentido da literatura. Não é descrever vários eventos, ou mostrar cenas muito cabulosas, apesar de eu gostar bastante disso, e sim mostrar como nós nos sentimos diante disso, diante da vida. Escrever modificou a forma como eu leio outros autores, com certeza. Eu entendo melhor como os outros autores pensam, e além disso eu consigo ver os autores como seres humanos, porque antes eles eram aquelas pessoas intocáveis e diferentes, e no final somos todos nós dividindo a mesma experiência. Além disso, eu consigo perceber um pouco melhor as técnicas hoje em dia.

O diferencial da literatura é conseguir, de uma forma muito detalhada, entrar dentro da mente humana

A Vida É Palco – Que autores você recomenda a quem gostaria de ler mais?

Pedro – Acredito que todo brasileiro deveria ler Machado de Assis, que é clássico e que é importante para entender a nossa história na literatura. Acredito muito na importância da literatura brasileira, muitas pessoas tendem a ler outras coisas de muitos outros países e deixar a literatura brasileira um pouquinho de lado. Recomendaria ainda Lygia Fagundes Telles. E, principalmente, para as pessoas que gostam dessa imersão no próprio eu, que gostam de refletir e, às vezes, até de encarar desafios, Clarice Lispector. Fugindo um pouquinho da literatura brasileira, eu também recomendo Gabriel Garcia Marques, que é um autor com uma obra rica e que tem bastante a ser explorado. Inclusive, é um autor que eu ainda desejo explorar muito mais, porque gostei de tudo que li sobre ele. Agora, se a proposta for incentivar os adolescentes e as crianças à leitura, a minha recomendação seria ler aquilo que mais possa agradar e trazer entretenimento e ser gostoso. Por exemplo, a série “Harry Potter”, de que as crianças gostam muito, “Jogos Vorazes” e demais livros infantis e juvenis que podem despertar o interesse pela leitura. Não acho que deveria ser tão essencial fazer com que as crianças e os pré-adolescentes lessem obras muito difíceis devido à sua importância histórica, porque nessa fase o mais importante é desenvolver o amor pela literatura.

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A Vida É Palco – Qual a relação da literatura com o crescimento pessoal?

Pedro – Eu tenho certeza que a literatura pode abrir a mente e ajudar em processos de autoconhecimento e cura. Por quê? Porque nesse nosso mundo de redes sociais rápidas, de dopamina rápida, a gente esqueceu como aprender, a gente esqueceu como refletir, a gente esqueceu como passar um tempo em silêncio só com a nossa própria presença e desfrutar daquilo que os pensamentos podem nos trazer. Ninguém mais faz isso, as pessoas estão sempre conectadas. Então ler pode muito bem ser um momento de entrar em si e refletir sobre si. Além disso, ler é condicionar o cérebro a manter o foco por mais tempo, a ter calma, paciência, exercitar a imaginação. Isso, por si só, já é uma abertura mental muito grande. Além de tudo isso, as experiências humanas são universais. Apesar de pensarmos que aquilo que nós vivemos é único, com certeza já foi retratado por um artista de alguma forma. E consumir a arte e, às vezes, fragmentos da própria vida, vistos pelo ponto de vista de outra pessoa, permite que nós entendamos melhor tudo aquilo que está à nossa volta. É necessária essa identificação com o outro, seja alguém que você conhece ou um escritor, um artista. A leitura é um dos únicos caminhos para que a gente adquira o máximo de experiência, o máximo de conhecimento, o máximo de habilidade. Em se compreender, nesse curto tempo que o ser humano tem para viver.

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