
Do alto de seus 182 centímetros e na respeitosa casa dos 30, a jornalista Ana Flávia Silva começou a estudar o teatro musical. Depois de babar por “Os Saltimbancos” e “O Rei Leão”, tomou coragem para enfrentar uma audição, passou e começou as aulas, que incluem canto, balé, teoria musical, entre outras.
Depois de entrar, é só seguir o ritmo, já que a própria rotina das classes obriga o aluno a se apresentar de forma solo aos colegas e integrar os primeiros espetáculos.
O curso é feito no Projeto Broadway, que abre nesta segunda (15 de abril) seu teatro próprio, com 50 lugares e presença da madrinha Daniela Mercury (só para convidados…)
A escola se apresenta em abril, com seu grupo profissional, em “The Rocky Horror Show”.
Leia abaixo uma entrevista concedida por Ana ao blog A Vida é Palco, em que ela fala um pouco desse novo hobby. Fica aqui uma confissão: apesar de “proibido” nas redações, que maravilhoso é entrevistar jornalista! Ainda mais old school, que escreve bem 🙂
A Vida é Palco: É a sua primeira experiência com aulas de artes?
Ana Flávia Silva: Quando era criança e adolescente, fazia teatro na escola e na igreja. Sempre gostei muito das artes, mas não tinha muito acesso (especialmente financeiramente). A primeira experiência com teatro de que me lembro foi assistindo ao musical “Os Saltimbancos”, com a turma da escola, perto dos 7 anos de idade. Acho que foi ali que me apaixonei. Na adolescência, trabalhei em uma escola de música e ficava ouvindo as aulas de canto e sonhando em um dia ter condições de estudar também. Toquei percussão em uma fanfarra e na orquestra da Primeira Igreja Batista [a famosa “PIB”].
A Vida é Palco: Quando e como começou a estudar o teatro musical?
Ana Flávia: Tinha ouvido falar do Projeto Broadway dois anos atrás, por meio de um amigo que tinha uma conhecida que fazia aulas. Ele comentou, eu fucei o site e fiquei encantada. Na época, não tinha tempo nem dinheiro para investir nas aulas. E morria de vergonha de pensar nas audições (que são necessárias para entrar no curso). Foram dois anos trabalhando a ideia internamente até “me arriscar” e participar das audições no fim do ano passado, com intenção de uma bolsa. E não é que deu certo? Ganhei a bolsa de 50% (a maior oferecida) e as aulas começaram em fevereiro. O único arrependimento: não ter feito antes.
A Vida é Palco: E apresentação, quando teremos? E essa coragem, como está?
Ana Flávia: Estou fazendo o curso de formação em teatro musical, que tem 4 módulos (divididos em 4 semestres). O curso é muito completo e inclui aulas teóricas e práticas. Nesse módulo, estou estudando história do teatro e do teatro musical, teoria musical, balé, canto e performance. São cerca de 10 horas de aula por semana, um verdadeiro intensivo. O mais desafiador tem sido as aulas de balé, já que tenho 1,82 de altura e nenhuma mobilidade!
Nossa primeira apresentação solo será em maio, na “Hora do Palco”, que é um evento pequeno em que apresentamos uma performance solo. Nas aulas, a gente já se apresenta para a turma, então vai tirando um pouco da vergonha e ensinando a lidar com o nervosismo. Mas cantar na frente dos outros tem sido um grande desafio!
A Vida é Palco: Seu objetivo é ter uma outra carreira ou um hobby?
Ana Flávia: Não penso em seguir carreira na área, tem sido um hobby até o momento. Mas vivo repetindo por aí que é a coisa mais legal que eu já fiz na vida. Está sendo uma grande experiência, que envolve superação de medos e vergonhas, além de um grande aprendizado. Talvez acabe se tornado uma carreira em paralelo ao jornalismo.
A Vida é Palco: Quais seus musicais preferidos?
Ana Flávia: O primeiro que vi e que ficou no meu coração desde então foi “Os Saltimbancos”, do Chico Buarque. Sei todas as músicas de cor, quero muito um dia poder encenar. Minha audição, inclusive, foi com o trecho da música da gatinha (“A história de uma gata”). Tive a honra de ver no teatro Renault, em São Paulo, “O Rei Leão”, que me emocionou muito e se tornou um dos preferidos, também. Foi há cerca de cinco anos e, já naquele dia, eu sentia que queria muito mais estar no palco do que na plateia. Recentemente vi “As comadres”, que estreou a montagem brasileira no Festival de Curitiba e fiquei encantada. A lista é grande… Sonho mesmo em ver “Hamilton” na Broadway.
**Para conhecer o trabalho do Projeto Broadway, você tem até o fim de abril para conferir “The Rocky Horror Show”, releitura do musical britânico de 1973, produzida pelo elenco profissional dessa que é a única escola de teatro musical de Curitiba.
Talvez você conheça o filme de 1975, que tem Susan Sarandon no elenco.
Serviço
The Rock Horror Show
Datas: 12, 13, 14 e 28 de abril às 21 horas e 20 e 21 de abril, às 20 horas.
Local: Teatro Projeto Broadway
Endereço: Rua Presidente Faria, 282, Centro
Duração: 110 minutos
Ingressos: R$ 25 (meia-entrada) e R$ 50 (inteira). Vendas na secretaria da escola.
Classificação etária: 18 anos.