A Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021 (CFE-2021) não sai da mídia. Talvez esta tenha sido a edição de um evento da Igreja Católica no Brasil que mais teve alarde depois de uma visita pastoral de um papa ao Brasil. Justamente, porquê teve como responsável pela assinatura do seu texto-base a pastora Romi Bencke. Contudo, por se tratar de um evento que engloba diversas igrejas, é ingênuo creditar a autoria do texto a uma só pessoa. 

São membros titulares da Comissão: pastor Odair Braun (IECLB), reverendo Francisco Leite (IPU), padre Patriky Samuel Batista (ICAR), reverendo Daniel Rangel (IEAB), monge Isac Souza (ISOA), pastor Joel Zefferino (ABB), pastor Eliel Batista (Igreja Betesta) e padre José Oscar Beozzo (Ceseep). Suplentes: pastor Emílio Voigt, presbítera Raíssa Brasil, padre Marcus Barbosa, reverenda Tatiane Ribeiro, diácono Pedro Bruno Bezerra Sampaio e Cecília Franco.

Como ataque ideológico a esse grupo plural e que é motor do desejo de um mundo mais fraterno, alguns pequenos grupos ilícitos, que não falam em nome do Magistério da Igreja, especialmente do papa Francisco, fazem campanha e alaridos contra a Campanha da Fraternidade Ecumênica e também ao Fundo Solidário da CFE-2021, coleta esta que dará destino ao dinheiro arrecadado no Domingo de Ramos às ações sociais protagonizadas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), obviamente direcionado aos pobres. 

Para ilustrar a problemática que vem ocorrendo em nosso país, citamos primeiramente a frase acima, composta pelo papa Pio XI, acerca dos verdadeiros e mais nocivos inimigos da Igreja. Além do mais, o papa Francisco não silenciou a respeito da questão, enviando mensagem direcionada ao povo brasileiro. Confira a seguir, em vídeo e texto, o que o Sumo Pontífice da Igreja Católica Apostólica Romana neste ano de 2021 diz sobre a CFE-2021, dando total apoio a ela:

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA A CAMPANHA DE FRATERNIDADE 2021 NO BRASIL

 

Queridos irmãos e irmãs do Brasil:

Com o início da Quaresma, somos convidados a um momento de intensa reflexão e revisão de nossas vidas. O Senhor Jesus, que nos convida a caminhar com Ele pelo deserto rumo à vitória pascal sobre o pecado e a morte, torna-se peregrino conosco também nestes tempos de pandemia. Ele nos convoca e nos convida a rezar por aqueles que morreram, a agradecer o serviço abnegado de tantos profissionais da saúde e a promover a solidariedade entre as pessoas de boa vontade. Ele nos chama a cuidar de nós mesmos, da nossa saúde e uns dos outros, como nos ensina a parábola do Bom Samaritano (cf.  Lc. 10,25-37). Temos que superar a pandemia e faremos isso na medida em que formos capazes de superar as divisões e nos unir em torno da vida. Como indiquei na recente encíclica  Fratelli tutti ,  “depois da crise da saúde, a pior reação seria cair ainda mais na febre do consumidor e em novas formas de autopreservação egoísta” (n. 35). Para que não seja assim, a Quaresma é uma grande ajuda para nós, porque nos chama à conversão pela oração, pelo jejum e pela esmola.

Como é tradição há várias décadas, a Igreja no Brasil promove a Campanha da Fraternidade como uma ajuda concreta para viver este tempo de preparação para a Páscoa. Neste ano de 2021, com o tema “Fraternidade e diálogo: empenho no amor”, os fiéis são convidados a “sentar-se e ouvir o outro” e assim superar os obstáculos de um mundo que muitas vezes é “um mundo surdo”. Com efeito, quando nos preparamos para o diálogo, estabelecemos «um paradigma de atitude receptiva, de quem vence o narcisismo e acolhe o outro» ( ibid . , N. 48). E na base desta renovada cultura de diálogo está Jesus que, como ensina o lema da Campanha deste ano: «É a nossa paz: ele que fez um dos dois povos»  (Ef  2,14).

Na base desta renovada cultura de diálogo
está Jesus que, como ensina o slogan da Campanha deste ano:
“É a nossa paz: aquele que fez um dos dois povos” (Ef 2,14).


Por outro lado, ao promover o diálogo como compromisso de amor, a Campanha da Fraternidade nos lembra que os cristãos são os primeiros a dar o exemplo, a partir da prática do diálogo ecumênico. 
Com a certeza de que «devemos recordar sempre que somos peregrinos e peregrinamos juntos», no diálogo ecuménico podemos verdadeiramente «confiar o nosso coração ao companheiro de caminho sem suspeita, sem desconfiança, e olhar primeiro para o que nós busca: paz no rosto do único Deus ”(Exortação apostólica  
Evangelii Gaudium ,  n. 244). É, portanto, motivo de esperança que este ano, pela quinta vez, a Campanha da Fraternidade seja realizada com as Igrejas que integram o Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).

Deste modo, cristãos brasileiros, na fidelidade ao único Senhor Jesus que nos mandou amar-nos como nos amou (cf.  Jo 13,  34) e partindo da “valorização de cada pessoa humana como criatura chamada a sejam filhos de Deus, oferecem um valioso contributo para a construção da fraternidade e para a defesa da justiça na sociedade ”(Carta Encíclica  Fratelli tutti ,  n. 271). A fecundidade do nosso testemunho dependerá também da nossa capacidade de dialogar, de encontrar pontos de união e de os traduzir em ações a favor da vida, especialmente a vida dos mais vulneráveis.

Desejando-vos a graça de uma frutuosa Campanha da Fraternidade Ecumênica, envio a cada um de vocês a minha Bênção Apostólica, pedindo-lhes que não deixem de rezar por mim.

Roma, São João de Latrão, 17 de fevereiro de 2021 .