Cartaz da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2022 (Imagem: Divulgação).
Desde o início do século XX, homens e mulheres de diferentes igrejas, ao redor do mundo, celebram a unidade e pedem para que a graça de Deus fortaleça o dom do diálogo. No desejo de que possamos chegar à “unidade visível do Reino de Deus, tal como Cristo a quer, pelos meios que Ele quiser”, todos os anos, o Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos (PCUC), organismo do Vaticano, da Igreja Católica Romana (ICAR), e o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) nos convidam para a Semana de Oração pela Unidade Cristã (SOUC), que representa uma experiência única de oração comum e convivência.
No hemisfério Norte, a SOUC é celebrada nos oito dias entre as Festas da Confissão (Cátedra) de São Pedro e a Conversão de São Paulo Apóstolo (18 a 25 de janeiro). No hemisfério Sul, em geral, acontece na semana que antecede Pentecostes (festa litúrgica que lembra a descida do Espírito Santo à Terra. A Festa de Pentecostes é considerada o evento fundador da Igreja de Jesus Cristo).
Em Curitiba, a programação ocorrerá da seguinte maneira:
Sobre o lema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos em 2022
A inspiração bíblica é a frase atribuída aos magos, em Mt 2,2: “Vimos o seu astro no Oriente e viemos prestar-lhe homenagem”. Lembremos que o contexto no qual Jesus nasceu era de conflitos provocados pela presença do Império Romano na região que, hoje, conhecemos como Oriente Médio. A forma do Império manter o controle na região era através de um rei, geralmente uma pessoa com expressividade política e legitimidade junto às elites locais. O papel deste rei não era o de garantir justiça e paz às pessoas, mas o de zelar pelos interesses romanos na região.
Como em quase todos os contextos dominados por poderes imperiais, no período do nascimento de Jesus, o Império Romano impunha a paz com muita repressão e cobrança de altos impostos, que aprofundavam a pobreza de camponeses, camponesas, pescadores e pescadoras. Havia grande descontentamento junto à população. Alguns grupos se organizaram com o objetivo de se manifestarem contrários à exploração e à violência. Desde o tempo dos profetas, o nascimento de um novo rei judeu, libertador, era anunciado, conforme Is 9.6-7.
A população empobrecida tinha muita esperança de que esta profecia seria cumprida e, por fim, poderia viver em paz. Herodes temia a realização da profecia. Seu medo era o de perder o poder. Por isso, ele mandou assassinar todos os meninos recém-nascidos a fim de evitar o nascimento de alguém que ameaçasse o seu reinado. Os magos do Oriente conheciam as profecias que anunciavam o nascimento de um Messias. E foi assim que, ao avistarem uma estrela luminosa no céu, seus corações encheram-se de esperança. Eles compreenderam que este astro anunciava algo grandioso, capaz de transformar a situação de abandono e desanimo vivido pelas pessoas.
A estrela que iluminou o caminho dos magos e os conduziu até a manjedoura em Belém é a confirmação do cumprimento da promessa de Deus. Um novo tempo iniciou. A criança recém-nascida foi protegida da tirania de Herodes. Era possível sentir esperança novamente, e reafirmar que a violência não teria a última palavra.
Atualmente, acompanhamos os desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia, cujas consequências ainda não conhecemos. Experiências de guerras anteriores como as do Vietnã, Congo, Angola, Irã, Iraque, Líbano, Síria, entre outras, nos ensinaram que quem sofre as consequências é a população civil. São as pessoas comuns que veem seus filhos, filhas, pais, mães, avós e avôs morrerem, suas casas sendo destruídas e, quando sobrevivem, muitas são obrigadas a buscar refúgio em terras estrangeiras.
Tão impactante e destrutivos quanto os confrontos armados, são os bloqueios econômicos impostos a países. O Afeganistão, neste momento, é um dos países afetados por um bloqueio econômico que faz com que 90% da sua população enfrente grave insegurança alimentar. Pessoas cristãs e de diferentes tradições religiosas são afetadas por estes conflitos violentos. Muitas comunidades são destruídas. É por isso que a essência das mensagens das tradições de fé é sempre a paz entre todos povos e nações. A violência, seja ela qual for, sempre será um contratestemunho da fé. A estrela do Oriente, neste ano de 2022, nos convida a sermos tão confiantes quanto os magos.
Que não tenhamos medo e nem duvidemos que a paz com justiça é a promessa de Deus para toda a humanidade. Oremos, ao longo desta Semana, pela paz entre todos os povos!
Diretoria que assina o documento do Conic:
P. Inácio Lemke – Presidente Presbítera
Anita W. Torres – Primeira Vice-Presidente
Cônego José Bison – Segundo Vice-Presidente
P. Mayrinkellison Wanderley – Tesoureiro
Bispa Magda Guedes Pereira – Secretária
Pa. Romi Márcia Bencke – Secretária Geral