O conflito histórico entre Israel e Palestina atingiu um novo capítulo sangrento em 7 de outubro de 2023, quando o extremismo emergiu como um fio condutor de mais um embate histórico: o grupo extremista Hamas promoveu um ataque surpresa em Israel, infiltrando-se a partir da Faixa de Gaza.
Os ataques iniciaram uma provável guerra entre Israel e o Hamas , quase exatamente cinquenta anos após o início da Guerra do Yom Kippur (em 6 de outubro de 1973). O Hamas e outros grupos armados palestinos nomearam os ataques como Operação Dilúvio de Al-aqsa – embora sejam chamados em Israel de Sábado Negro e o massacre de Simchat Torá.
Como ocorreu o ataque
Os ataques começaram no início da manhã de sábado, com o lançamento de cerca de 3 mil foguetes do Hamas contra Israel, além de incursões de militantes em parapentes e transportados por veículos motorizados em território israelense. Os radicais palestinos romperam a barreira Gaza-Israel, visando matar civis nas comunidades israelenses vizinhas e atacando bases militares. Num único dia, mais de 1 mil civis israelitas e mais de 350 soldados e polícias israelitas foram mortos em cidades próximas, kibutzim, bases militares e num festival de música eletrônica perto de Re’im.
Pelo menos 44 nações, a maioria ocidentais, denunciaram o ataque como terrorismo, inclusive o Brasil. Já países árabes e muçulmanos, incluindo Qatar, Arábia Saudita, Kuwait, Síria, Irão e Iraque, culparam Israel pelo ataque. O dia foi descrito por vários meios de comunicação e políticos, como o presidente dos EUA, Joe Biden, como o mais sangrento da história de Israel e o mais mortal para os judeus desde o Holocausto.
A partir da situação conflituosa, líderes religiosos de ambos os lados intensificaram suas retóricas, inflamando as tensões e desencadeando um ciclo de intolerância que trouxe à tona questões profundas sobre a influência da religião nesse conflito histórico.
Controvérsias e narrativa religiosa que sustenta o conflito
O líder do Hamas Khalid Meshal elogiou o ataque “engenhoso” do Hamas, referindo-se a ele como uma resistência legítima à ocupação israelense. Ele disse: “Sabemos muito bem as consequências da nossa operação de 7 de outubro”, enfatizando que as vidas palestinas devem ser sacrificadas na busca pela libertação. Certamente, o Estado de Israel não deixará tal situação “barata”, e a possibilidade de um genocídio palestino é iminente.
Tal conflito é histórico e, para compreender as raízes que subjetivamente sustentam o desejo de conflito, é crucial revisitar a narrativa bíblica e histórica que moldou a relação entre Israel e Palestina. Trechos da Torá (judaica) e do Alcorão (islã) têm sido interpretados de maneiras diversas, alimentando narrativas exclusivistas e contribuindo para a visão de que a terra é divinamente destinada a um povo em detrimento do outro.
A disputa territorial é outro motivo. Gradativamente, o território palestino tem sido engolido por Israel, sobre o pressuposto que a região seria a “Terra Prometida”. Inclusive, a rivalidade entre Israel e Palestina para a detenção da cidade santa de Jerusalém, por exemplo, é um outro ponto de tensão inegável.
Ambas as religiões monoteístas, o Judaísmo dos israelenses e o Islamismo dos palestinos, reivindicam uma ligação espiritual e histórica com a região. Obviamente, é essencial destacar que essas interpretações não são universais. Muitos judeus e muçulmanos buscam soluções pacíficas, distanciando-se das interpretações radicais que contribuem para a escalada do conflito.
Por uma cultura de paz
À medida que a guerra se inicia, suas possíveis consequências se tornam cada vez mais alarmantes. O derramamento de sangue, a destruição de infraestruturas e o deslocamento massivo de civis são apenas algumas das tragédias iminentes. Ademais, a polarização religiosa pode criar feridas profundas na sociedade, tornando ainda mais desafiadora a busca por uma paz duradoura.
Portanto, ao analisarmos a influência da religião no conflito entre Israel e Palestina, torna-se evidente que a manipulação de crenças para justificar a violência é um terreno perigoso. É imperativo que líderes religiosos e políticos busquem soluções baseadas no diálogo e na compreensão mútua, em vez de se agarrarem a interpretações sectárias que perpetuam o ciclo de hostilidade entre povos em detrimento de uma cultura de paz.