Fratelli Tutti: encíclica aponta caminho para a fraternidade universal e a amizade social (Imagem: Pixabay).

O Papa Francisco dedica o segundo capítulo de sua nova encíclica social, “Fratelli Tutti”, a uma meditação sobre a parábola do bom samaritano. Ao fazer isso, ele oferece uma lente teológica e moral convincente para compreender nosso mundo, examinando nossa consciência e encontrando um caminho para a fraternidade universal e a amizade social.

Ele descreve os vários personagens da parábola: ladrões que espancam e deixam um homem sofrer na rua, padres e tipos religiosos que dão um passo para o outro lado para não terem que passar por ele. Em seguida, vem o estrangeiro – um total estranho – que dá sua ternura, dinheiro e tempo para cuidar do ferido.

O papa pergunta: “Com qual desses personagens você se identifica? Essa pergunta, por mais contundente que seja, é direta e incisiva. Com qual desses personagens você se parece? ” Se nós respondêssemos à essa pergunta honestamente, qual seria a resposta?

Afinal, o papa diz: “O verdadeiro valor dos diferentes países de nosso mundo é medido por sua capacidade de pensar não apenas como um país, mas também como parte de uma família humana mais ampla”.

Quem são as pessoas espancadas na rua hoje, ao modo da parábola? Parece impossível que alguém possa listar todas as injustiças sociais que assolam nossa sociedade, mas Francisco chega perto.

A lista de males que afligem nosso mundo quebrado e dividido inclui: guerra, mudança climática, pena de morte, pobreza, aborto, desigualdade, capitalismo sem restrições, racismo, nacionalismo e desemprego. E Francisco nos lembra que são sempre as pessoas que sofrem com essas injustiças: os pobres, os deficientes, as mulheres, as minorias raciais, os migrantes, os refugiados, os idosos, os prisioneiros, os não nascidos, os solitários.

Em Fratelli Tutti, o papa encoraja constantemente os crentes a seguirem Cristo até as periferias da sociedade, e ele nos lembra nesta encíclica que “algumas periferias estão perto de nós, nos centros das cidades ou dentro de nossas famílias… Isso tem a ver com nossos esforços diários para expandir o nosso círculo de amigos, para alcançar aqueles que, embora sejam próximos de mim, não considero naturalmente parte do meu círculo de interesses.”

Em uma pandemia que mostrou o quão limitada é a proteção oferecida pelas fronteiras nacionais, as palavras do papa soam como uma sirene, um alerta à humanidade. “Muitas vezes podemos nos ver sucumbindo à mentalidade dos violentos, dos cegamente ambiciosos, daqueles que espalham desconfiança e mentiras”, expressa. Estaria o papa, de algum modo, revelando a nossa realidade brasileira também?

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    * Ana Beatriz Dias Pinto, é comentarista convidada do blog e nos traz reflexões sobre temas atuais e contextualizados sob a ótica do universo religioso, de maneira gratuíta e sem vínculo empregatício, oportunizando seu saber e experiência no tema de Teologia e Sociedade para alargar nossa compreensão do Sagrado e suas interseções.