Imagem: Arte de Hilda Souto, especial para o blog Teologia e Inclusão.
A OUSADIA DE UMA MULHER
Cordel de Gilbetania Ferreira de Andrade
Ao iniciar este resumo
peço a Deus inspiração
para falar de uma mulher
que tenho grande admiração.
Ela quebrou todos os protocolos
ao tomar uma decisão
Seguir o Cristo como mestre
sendo discípula de uma nova evangelização.
Maria era seu nome
de Magdala natural,
como todas de sua época
era uma mulher marginal;
A mulher não podia pegar na Torá
Ameaçava os rabinos e a queimar.
Ser discípula naquela época
não era possível nem pensar.
Ao ouvir falar do Mestre
vai em sua direção
Não mediu os seus esforços
e nem guardou o seu tostão
Ao ouvir aquele homem
sentiu mudar seu coração.
Ele falava de um certo reino
de amor, justiça e perdão.
Que caminhos a teria percorrido
ou a que teria ela se submetido?
Sete foi o número de demônios,
A Madalena atribuídos,
Talvez ela fosse muito decidida
para aceitar imposição,
Ou não quisesse seguir as leis
que quem mandava era o machão.
Madalena não suportava viver naquela opressão
decidiu seguir o Mestre com toda convicção
Feliz seguia livre de qualquer dominação
Ela tinha uma certeza dentro do seu coração
O Mestre a entendia sem fazer acusação
Enxergava sua alma e lhe dava atenção
Pois sentia em sua vida a leveza do perdão
Madalena aprendeu do seu mestre a oração.
Ela seguiu com o seu Mestre
da Galileia a Jerusalém
Tinha outras mulheres
que o acompanhavam também.
Elas seguiam, serviam e evangelizavam,
Junto do Mestre também ousavam
Aprenderam com Ele por isso ensinavam
Que existia um novo Reino por andavam.
Ajudavam no sustento
ou quem sabe os sustentavam
Generosas e solícitas naquilo que precisavam
os dons e os seus bens também compartilhavam,
Eram discípulas fiéis e alegres caminhavam
fazendo o bem a todos que a elas procuravam
Assim elas aprenderam e com o Mestre ensinavam.
Lições de amor e de perdão eram tudo que pregavam
Os evangelhos não narram
muitas falas de Maria,
Mas fala de gestos concretos
revelados naquele dia
Dia triste e doloroso
para o coração de Maria
O mestre foi crucificado
na tarde daquele dia.
Quando o mestre foi crucificado
ela permanece ao seu lado
Chora em silencio, mas firme
quem sabe Ele sente-se consolado.
Segundo os evangelhos
ela estava de pé aos pés da cruz
Junto com ela estava outras mulheres
e também a Maria a mãe de Jesus.
No silêncio ela aprendeu
a maior lição de amor
Ele deu a vida por todos
foi o seu sangue que jorrou
dar a vida pelo mundo
era um gesto profundo
de quem viveu com fidelidade
tudo aquilo que pregou.
Maria não acreditava
e precisava entender
queria ver com seus olhos
o que não podia ver.
Foi na madrugada do domingo
no sepulcro para crê
Tamanha foi sua surpresa ao encontrá-lo vazio
em meio a dor e angústia sentiu até um calafrio.
Onde está meu Mestre amado?
Quem o teria levado?
Sai correndo na madrugada
daquele domingo gelado
Ao encontrar os dois discípulos
vai logo comunicando
Levaram nosso Mestre amado
Ela fala triste e chorando.
Maria volta ao sepulcro
dessa vez acompanhada
Não podia ser verdade
o que viu na madrugada
mesmo chorando ela se inclina
sua dor era tanta não podia olhar pra cima
olha pra dentro para ter confirmação
Ou para ter certeza que foi apenas ilusão
Quando Maria está lá fora
ela inclina e olha para encontrar o amado
nem enxerga que existe anjo ali sentado
não os identifica no momento tão inesperado.
eles falam com ela, mas é algo em vão
ela responde apavorada pois quer logo solução
Levaram o meu Senhor pra onde eu não sei não
eu procuro desde a madrugada e não há explicação.
Maria nem imagina quem se aproxima na ocasião
Ao chegar perto pergunta quem procura teu coração
a tristeza era tanta que lhe turvava visão
isso impedia reconhecer o mestre da ressurreição
será ele o jardineiro pensa ela na confusão
e vai logo interrogando pedindo explicação
se levou o meu amado quero uma solução
diga-me onde ele está e eu o buscarei então.
De repente ela escuta uma voz se aproximar
Maria por que chora? Pois eu vim pra consolar
Quero que saiba que estou vivo e voltei pra te falar
Vai depressa avisa a todos que voltei para ficar
Sai da mansão dos mortos e pra lá não vou voltar
Maria cheia de alegria quer o seu mestre tocar
Porém Ele não permite, mas lhe manda divulgar
Vai avisa a todo mundo que a morte não tem lugar.
Nesta hora Maria Madalena ouviu a confirmação
Minha discipula fiel leva adiante a missão
da boca do Mestre o pedido para a divulgação
de sua morte vencida e da sua ressurreição
discípula do Mestre Jesus fiel na comunicação
falou a todos o que viu durante sua aparição
fala com entusiasmo e com muita convicção
Fiel desde o princípio cumpriu a sua missão
Maria corre chorando, mas é choro de alegria
A felicidade era tanta não cabia em Maria
Corria e gritava a todos o que houve naquele dia
Seu testemunho fiel convenceu muita gente
Até hoje se fala da comunicação transparente
E que Maria Madalena tinha fala eloquente
E quando ela falava o povo ficava contente
Pois assim era Maria Mulher firme e independente.
“Sou apaixonada por Maria Madalena, cada vez que leio algo sobre ela sinto que descubro coisas novas, sobre ela e sobre mim mesma.”
*Gilbetania Ferreira de Andrade é Irmã da Congregação das Franciscanas Bernardinas. Reside em Caxias do Sul (RS) desde 2018; é nordestina do estado do Ceará. Discente do Curso de Pós-graduação e Orientação Espiritual no Instituto de Educação, Cultura e Humanidades – INSECH. Contato: [email protected] | (51) 9.9760-8691.