É muito difícil você colocar o novo trabalho do diretor Kleber Mendonça Filho numa caixa. Ora documentário sobre a ascensão e queda dos majestosos cinemas de rua de Recife. Ora ficção com direito a uma pequena atuação do diretor.
Foi um prazer muito grande assistir a Retratos Fantasmas como o filme de abertura da 51ª Edição do Festival de Cinema de Gramado. Com o Palácios dos Festivais lotado, a emoção era o caminho certo do público com esse novo trabalho do diretor de Bacurau e O Som ao Redor.
Narrado por ele, o documentário é uma linda homenagem a todos que fizeram história naqueles tempos de ouro dos cinemas de rua. A troca de nome de filmes nos letreiros antigos, os projecionistas, a casa da mãe do diretor, que serviu de set para diversos trabalhos de Kleber, reforçados pelo talento e cuidado desse cineasta por sua profissão.
Dividido em três atos, o longa traz imagens de arquivos impressionantes, que revelam um passado inspirador sobre como a mágica do cinema cria memórias afetivas. A medida que ia descobrindo esses arquivos Kleber e o montador Matheus Farias iam entendendo o caminho que Retratos Fantasmas seguiria.
Os tais fantasmas que a história dos cinemas de rua carregou. O passado que se mistura com o presente. A sensibilidade de falar de cinema, de pessoas e de sonhos. Retratos Fantasmas é uma linda obra que as próximas gerações falaram muito. Vale destacar que o documentário é o representante do Brasil para o Oscar® 2024. Produzido por Emilie Lesclaux para a CinemaScópio Produções e coproduzido pela Vitrine Filmes
Essa pessoa que vos escreve lembra muito poucos dos cinemas de rua da época de sua infância no início dos anos 90. São flash, pequenos fragmentos que se colam com memórias perdidas. Mais tenho elas comigo, poucas, porém muito afetuosas. O cinema que eu mais lembro virou igreja evangélica que agora da lugar a um cursinho. A minha sorte é ter um cinema novo de rua (Cine Passeio), que alegra meus dias e da vida a novos sonhos e ajuda a construir novas memórias. Nota: 5/5
