Isis Valverde e Hugo Prata falam de “Angela” na coletiva em Gramado

Carolina Manica, Emílio Orciollo Netto e a roteirista Duda de Almeida também participam

Thiago Barros

Tommo Entretenimento

Neste domingo (13), Isis Valverde, Hugo Prata, Carolina Manica, Emílio Orciollo Netto e a roteirista Duda de Almeida (Sintonia) estiveram em Gramado, para participar da competitiva de cinema no Festival de Cinema de Gramado com seu novo filme, Angela, que estreia 31 de agosto nos cinemas. Após assistirmos o longa, conversamos com toda equipe presente na coletiva de imprensa.

Uma coisa muito importante para construir a Ângela foram os depoimentos das amigas dela, o que as amigas falavam dela, o que a funcionária dela falava dela. Então, eu entendi que esses eram pontos de vista importantes para a gente poder entender a personagem de Angela. Então, a gente tem essas pessoas no filme, de fato como personagens sínteses. Mas é para a gente ter esses pontos de vista pra entender o que é a Angela. Que era essa mulher dentro desse processo de ser aniquilada.

No final das contas, de todas as formas, não só pelo assassino, mas também por um ex-marido, pela sociedade, né? Por todas essas fetichizações e fantasias que as pessoas colocavam em cima dela, que são violências que a gente sofre, que mulher nunca foi fetichizada. Explica a roteirista Duda de Almeida sobre a criação da protagonista.

O diretor Hugo Prata, fala sobre sua escolha do ponto da história e sobre os personagens

Quando eles se conheceram, ela namorava o Ibrahim Suedi e a Adelita era casada com o Raul. Isso é histórico. Então, a Adelita é uma personagem inteira, eles eram casais amigos. A Adelita era muito amiga do Ibrahim. O Ibrahim namorava a Ângela nesse momento, eles viajaram, aquela história deles viajarem juntos para a fazenda, tudo isso aconteceu, deles se pegarem na lareira à noite, tudo isso aconteceu, então teve essa parte tensa no começo do amor, todos esses são dados verdadeiros, reais, e a Thoia e o Ro são personagens fictícios. E aí sim, esses criamos… E aí é uma síntese de amigas e de comportamentos, né? Eles são escadas, trazendo valores daquele momento, então um outro casal, ela tinha uma grande amiga, ele com um amigo, para trazer os sabores da época.

Então vou tirar o julgamento. Tirava o foco dela e ela em janeiro já teria morrido. O filme, a gente até escreveu os flashbacks, mas não se sustentava em termos de dramaturgia, mas principalmente porque a nossa intenção foi ir ali. No julgamento, criou se a versão do que aconteceu e a gente percebeu que essa expressão reverbera até hoje. O advogado do cara que deu três tiros no rosto de uma mulher e um na nuca – defender esse cara? Ele desqualificou ela desqualificando.

Então a gente achou curioso que para contar a história dela, comecem contar sobre o baile de debutantes dela em Belo Horizonte, que o baile de debutantes dela foi lá uma vez, que o casamento dela foi assim, que ela namorou isso, ela namorou aquele moço enquanto ela trazia a vida pregressa dela, como que para justificar ela ter tomado três tiros no rosto. Não interessa o que aconteceu e o que ela fez com a vida dela antes, não interessa a ninguém. A história começa na hora que ela conhece esse cara que era um galã, um cara legal, mas que as pessoas às vezes se incomodam, que a gente deixa ele ali meia hora no filme como um cara legal, porque pra ela se apaixonar todo mundo precisava se apaixonar, não podia entrar de vilão no filme de vez, e aí vai apodrecendo a relação. Conclui Hugo Prata.

Isis Valverde fala de sua preparação para a personagem

De começo achei ela bem chata, mas todos somos chatos algum momento. Ela é mimada, mas tem um lugar ali, gente boa. E tem pessoas que são mimadas assim. Ela vem de uma família onde ela tinha tudo. Então eu não posso esquecer porque a dor da saudade ela vai ser mais mimada agora, ela vai ter que ralar. E aí eu deixei eu construir ela. Dentro daquela sala, eu, Gabriel, Fátima, o elenco todo. E depois que eu saí dali, eu tentei uma coisa diferente na minha carreira, mas ela foi um passo a mais que eu dei no meio como atriz. Assim, tenho isso para mim e eu não sei se transparece de alguma forma, mas eu tentei caminhos diferentes na interpretação ali. Diz Valverde.

Diniz morreu em 1976, em uma casa de veraneio que dividia com o namorado em Armação de Búzios (RJ), atingida por três tiros disparados por Street. No primeiro julgamento, o assassino usou argumentos de “defesa da honra” e “crime passional”, recebeu uma pena leve e acabou sendo liberado da prisão – após protestos ao redor do país, um segundo tribunal aumentou sua pena para 15 anos de cadeia.