2 de abril: Dia Mundial de Conscientização do Autismo

Psicólogas falam sobre conscientização na promoção da igualdade de oportunidades e sobre os desafios da inclusão escolar para alunos com Transtorno do Espectro Autista

Brisa Teixeira com assessorias
Criança com camiseta azul espalma, em frente ao rosto, mão direita com tinta nas cores vermelho, azul, amarelo e verde.

#PraTodosVerem Criança com camiseta azul espalma, em frente ao rosto, mão direita com tinta nas cores vermelho, azul, amarelo e verde.

Hoje, 2 de abril, é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Com o objetivo de aumentar a conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e reduzir a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas com o transtorno, em 2007 a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu a data. O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta a capacidade de comunicação, socialização e comportamento.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70 milhões de pessoas no mundo possuem o diagnóstico de TEA. Dados da agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, Centers for Disease Control and Prevention (Centros de Controle e Prevenção de Doenças), estimam que existam 6 milhões de brasileiros com autismo.  O Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) incluiu pela primeira vez uma pergunta sobre autismo, o que permitirá um mapeamento mais preciso da população autista no país. Os resultados desse censo são aguardados para fornecer dados mais detalhados e atualizados sobre a prevalência no Brasil.

Para a coordenadora do curso de Psicologia da Universidade Santo Amaro (Unisa), Cintia Madeira Sanchez, a conscientização sobre o autismo é fundamental para promover a inclusão e a igualdade de oportunidades. A psicóloga destaca a importância de campanhas de conscientização em prol da inclusão na sociedade como um todo, desde o mercado de trabalho até as interações sociais. “As campanhas de conscientização são necessárias para esclarecer a população sobre o autismo, assim como combater a desinformação e a discriminação”, comenta a coordenadora.

Segundo ela, com o apoio adequado e um ambiente inclusivo, indivíduos com TEA podem desenvolver suas atividades e contribuir significativamente em diferentes áreas da sociedade. Demonstrando habilidades excepcionais em campos como ciência, arte e tecnologia, essas pessoas têm grande potencial. “A conscientização sobre o autismo é essencial para promover a inclusão e combater a discriminação, garantindo igualdade de oportunidades para todos”, destaca a psicóloga. 

Inclusão escolar

Neste Dia Mundial de Conscientização do Autismo importante se faz a sensibilização da sociedade sobre a importância da inclusão e do respeito. O TEA é uma condição que afeta milhões de crianças em todo o mundo e, muitas vezes, essas crianças enfrentam desafios significativos para acessar um ambiente educacional que atenda às suas necessidades. Com isso, a inclusão escolar se torna uma ferramenta essencial para garantir que todos tenham a oportunidade de aprender, crescer e se desenvolver de maneira igual.

A educação inclusiva é um direito fundamental que deve ser garantido a todos os estudantes. Por isso, a escola deve ser um espaço de aprendizado para todas as crianças, independentemente de suas características ou diagnósticos. Nesse contexto, é fundamental que a sociedade como um todo compreenda a importância de um sistema educacional que seja acessível, empático e preparado para atender à diversidade de alunos, incluindo aqueles com Transtorno do Espectro Autista.

Gabriela Neves, psicóloga da FourC Bilingual Academy, destaca que a inclusão escolar não só favorece o desenvolvimento das crianças com TEA em aspectos cognitivos, sociais e emocionais, mas também proporciona um aprendizado valioso para os colegas típicos. “Os alunos típicos aprendem a lidar com as diferenças e ampliam seu repertório ao interagir com crianças atípicas. Esse processo de convivência é essencial para ambos os grupos, promovendo um ambiente mais empático e respeitoso”, afirma.

Além disso, a inclusão ajuda a combater preconceitos e estigmas em relação às crianças com autismo, reafirmando a importância de políticas públicas e questões legais que garantam o direito dessas crianças de estarem em escolas regulares. A psicóloga ressalta que “muito além de ser importante, a inclusão é uma questão de legislação, pois toda criança com autismo tem direito de estar na escola regular e ter seu processo de aprendizagem individualizado”.

Entretanto, a inclusão escolar também apresenta desafios para as instituições de ensino. A falta de preparo dos professores e profissionais das escolas é uma das principais dificuldades. “O Transtorno do Espectro Autista é vasto e cada criança possui necessidades específicas. Isso exige uma abordagem personalizada, com adaptações curriculares e de avaliações, além de um ambiente adaptado para garantir o bem-estar e a aprendizagem de todos”, explica Gabriela.

A capacitação constante dos profissionais de educação, a colaboração entre escola, família e os profissionais que atendem a comunidade escolar como um todo, são fundamentais para superar essas barreiras. “As escolas precisam estar preparadas para promover a inclusão de forma eficaz, com a ajuda de especialistas e com uma estrutura que suporte a diversidade”, complementa.

A psicóloga também destaca o papel crucial dos alunos típicos nesse processo. Ao compreenderem as características do autismo, os estudantes se tornam aliados importantes na construção de um ambiente mais inclusivo, respeitoso e empático. “É fundamental sensibilizar os alunos para o que significa ser uma pessoa com autismo, incentivando atitudes inclusivas e contra o bullying”, reforça Gabriela.