Receios noturnos e medo de enfrentar situações desafiadoras podem ser abordados pela família de forma positiva

Muitos pais se questionam sobre os medos dos filhos – o que fazer? Muita calma, porque é possível, sim, ajudá-los!

É comum que essa preocupação surja ao redor dos 5 anos, quando a criança manifesta receios, sobretudo, durante a noite. Nessa hora, é importante verificar se a programação a que ela tem acesso na televisão ou outras telas está na faixa etária indicada ou dentro da capacidade de abstração que ela tem.

“Converse sempre, assista junto, e ajude seu filho a te contar as coisas desde cedo, para poder identificar a fonte do medo. Sobretudo, procure não julgar com expressões como ‘que bobagem!’ ou ‘isso é coisa de bebezinho’, pois, para ele, o medo é muito real”, explica a pedagoga e mestre em Educação Marianna Canova, diretora do Peixinho Dourado.

Se ocorrer alguma situação extraordinária que traga sentimentos negativos depois, é importante conversar a respeito e não obrigar a criança a ter contato com a fonte do medo, como se isso fosse deixá-la “mais forte”: respeite seus tempos. Aos poucos, vá junto e estimule pequenos passos de coragem.

Por outro lado, a superproteção não é benéfica. “Os pais que protegem além da conta contribuem para que os filhos sejam medrosos e tornem-se inaptos para enfrentar o que a vida oferece.”

Como ajudar seu filho desde bebê a ter ousadia

Com relação ao medo de cair e de se machucar, é muito benéfico que a família entenda desde cedo a importância de dar autonomia a esse ser em desenvolvimento Uma providência fundamental é tornar a casa livre de perigos – de forma que ele possa se movimentar à vontade. Dessa forma, a criança naturalmente irá buscar novos desafios e encará-los de forma positiva.

“A construção do movimento deve ser observada desde o nascimento, pois o bebê percebe o efeito das suas ações e é assim que vai desenvolvendo o controle para se erguer, aprender a sentar, engatinhar e caminhar”, conta a pedagoga.

“Mas esse percurso é delicado: o ambiente deve ser saudável e os adultos ao redor precisam acreditar na potencialidade desse corpo. Um bebê que fica muito tempo no colo ou bebê-conforto acaba não tendo consciência dos movimentos corporais e desenvolve muito pouco a coordenação motora”,  avisa Marianna.

Quando os adultos demonstram medo excessivo de que a criança se machuque, surge um alerta: “A criança pequena é prudente diante dos seus movimentos, ela vai com calma e é importante validar essas tentativas, para não impedir o desenvolvimento”.

Ela conta ainda que, no retorno para a escola após a pandemia, muitas crianças manifestaram atraso de desenvolvimento por terem sido privadas de atividade física e socialização. “Hoje estamos correndo para suprir esse ganho motor necessário, que repercute diretamente no processo de aprendizagem”, conta Marianna.