Mesmo quando a criança recebe todos os cuidados físicos de que precisa, como alimentação adequada, idas ao pediatra e temperatura ideal do ambiente, existe o risco de se negligenciar as emoções.

“É fundamental ensinar a reconhecer os próprios sentimentos e lidar com eles”, alerta a psicóloga/psicopedagoga Márcia Canova, que acompanha e aconselha famílias há quase 40 anos.

No ambiente escolar, é fundamental que toda a equipe observe comportamentos que sinalizam que algo não está bem, como o isolamento. “A criança braba coloca seus sentimentos para fora, e então é possível ajudá-la. Já a introspectiva requer observação, mais questionamento e estar mais próximo”, explica a psicóloga.

Além disso, durante o período de descoberta dos primeiros anos de vida, é importante ensinar a criança a identificar seus sentimentos: quando está com raiva, feliz ou entristecida.

No Peixinho Dourado Berçário e Educação Infantil, desde pequenos os alunos usam o “emocionômetro”, um quadro em que a criança desloca uma figura até a emoção que está sentindo. Usando esse gancho, no início das aulas a professora questiona como todos estão, aborda os sentimentos e até cansaço ou saudade em rodas de conversa.

“A produtividade melhora muito depois, porque a emoção interfere demais no processo de aprendizagem”, explica Márcia, que é psicopedagoga do Peixinho Dourado, em Curitiba (PR).

Vida adulta

Outro alerta para pais e professores é a importância de se ensinar e estimular comportamentos que envolvem o autocontrole emocional, como também iniciativa, autonomia, interesse e persistência. “Esses são elementos emocionais que farão a diferença no futuro, moldando a estrutura emocional da criança para que ela consiga reagir adequadamente às exigências que a vida trará”, ensina Márcia.

Uma criança passiva e desmotivada até cerca de 8 anos de idade terá muito mais dificuldade de mudar esse comportamento depois.

Nessa hora, é importante ensinar a resolver problemas de relacionamento típicos da idade – mas não fazer o trabalho por ela.

Por fim, é preciso lembrar que a vida não é feita só de momentos bons e felizes, e, portanto, é incoerente cobrar da criança uma felicidade idealizada. Nos momentos de tristeza, surge a oportunidade de conversar e ensinar a pensar sobre si.