I don’t like a broccoli!
#PraTodosVerem Uma criança de cerca de cinco anos e uma mulher atrás de uma mesa. Sobre a mesa um prato com vegetais. A mulher oferece um vegetal à menina. Ela olha a mulher e leva a mão à boca; Foto: Freepik

A alimentação é um dos grandes desafios enfrentados por famílias de crianças autistas. Muitas vezes, o momento das refeições se torna um cenário de seletividade, recusa de grupos alimentares inteiros ou ansiedade diante de certos alimentos. Esse comportamento, longe de ser “birra”, está relacionado às particularidades sensoriais do espectro autista — texturas, cores, formatos ou até cheiros podem influenciar diretamente a aceitação.

Diante disso, o acompanhamento nutricional surge como um aliado fundamental para o bem-estar, o desenvolvimento e a saúde geral. Um plano alimentar adequado precisa ser pensado de forma individualizada, respeitando as preferências da criança, sua rotina familiar e escolar, além de exames que indiquem necessidades específicas. Quanto mais cedo esse cuidado começar, mais fácil será ampliar o repertório alimentar e reduzir prejuízos a longo prazo.

A nutricionista e professora da Estácio, Gabriely Kinpara, reforça que o trabalho do profissional vai além de elaborar um cardápio e indicar que a criança “coma de tudo”. “É um processo que exige paciência e consistência. As mudanças e a aceitação na dieta acontecem de forma gradual e devem priorizar o bem-estar e a saúde geral”, explica.

Gabriely ressalta que a recusa de determinados alimentos não deve ser confundida com birra. Muitas vezes, trata-se de seletividade alimentar associada às questões sensoriais do espectro autista. “Texturas, cores, formatos ou até cheiros podem influenciar a aceitação dos alimentos”, acrescenta.

De acordo com a especialista, cada plano alimentar é elaborado considerando fatores como idade, peso, altura, estado de saúde e preferências individuais da criança. Também entram em cena aspectos sensoriais e o ambiente no qual ela está inserida. “A rotina familiar e escolar é determinante para que a alimentação seja viável no dia a dia”, reforça.

Sinais de alerta

O acompanhamento nutricional deve ser buscado o quanto antes diante de sinais como:

  • restrição significativa de grupos alimentares;
  • baixo ganho de peso ou prejuízo no crescimento;
  • deficiências nutricionais apontadas em exames;
  • ansiedade extrema ou mudanças de comportamento diante de determinados alimentos.

“Quanto mais cedo o acompanhamento começar, mais fácil será trabalhar a aceitação de novos alimentos e menores serão os prejuízos a longo prazo”, orienta Gabriely. A especialista não recomenda a proibição total, mas sim a limitação do consumo. “Alimentos ultraprocessados contêm excesso de açúcar, gordura, sódio e aditivos. Seu consumo frequente pode aumentar os riscos de obesidade, diabetes, deficiências nutricionais e até alterações de comportamento”, alerta. A prioridade, segundo ela, deve ser sempre os alimentos frescos e minimamente processados, adaptados às necessidades sensoriais e preferências de cada criança.