Uma mulher idosa de pele clara, cabelos lisos e castanho-claros durahte um exame oftalmológico. O rosto dela está apoiado em uma estrutura branca que mantém a cabeça imóvel. Mão de pessoa negra segura uma lente oftálmica circular próxima ao olho direito da paciente, que está sendo iluminada por uma luz intensa e amarelada, emitida pelo equipamento.
#PraTodosVerem: Uma mulher idosa de pele clara, cabelos lisos e castanho-claros durahte um exame oftalmológico. O rosto dela está apoiado em uma estrutura branca que mantém a cabeça imóvel. Mão de pessoa negra segura uma lente oftálmica circular próxima ao olho direito da paciente, que está sendo iluminada por uma luz intensa e amarelada, emitida pelo equipamento.

Por aqui, falo muito sobre inclusão, acessibilidade e qualidade de vida. Mas hoje, quero conversar sobre a saúde da visão, mais especificamente, sobre o glaucoma — uma doença traiçoeira, silenciosa e que, se não for diagnosticada e tratada a tempo, pode levar à cegueira irreversível. O dado que me alarmou e me motivou a escrever este texto é que até 2040, mais de 111 milhões de pessoas podem ser afetadas por essa condição. Um número assustador.

É fácil ignorar os primeiros sinais: visão embaçada, dificuldade para ler no celular, confusão entre contornos. Parece cansaço, excesso de tela ou até falta de sono. Mas pode ser muito mais sério. E o problema é justamente esse: o glaucoma avança sem alarde, destruindo o nervo óptico — responsável por levar a imagem do olho até o cérebro — sem causar dor ou sintomas evidentes no início.

Conversei com a médica oftalmologista Letícia Cantelli Daud, do Hospital de Olhos de Cascavel, que foi categórica: glaucoma não tem cura, mas pode ser controlado, desde que o diagnóstico venha cedo. O tratamento pode envolver colírios, procedimentos a laser ou até cirurgia, dependendo do estágio. Mas tudo começa com uma atitude simples: fazer consultas oftalmológicas regulares.

Segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia, 11,6% das pessoas entrevistadas em uma pesquisa nunca foram ao oftalmologista. Um dado preocupante, já que o glaucoma é mais comum a partir dos 40 anos — mas também pode afetar bebês, crianças e pessoas que fazem uso contínuo de corticoides.

Perda da visão periférica é um dos primeiros sinais da doença, mas costuma passar despercebido. E quando os sintomas ficam mais evidentes, muitas vezes já é tarde demais. Por isso, o alerta é claro: não espere sentir algo estranho nos olhos para procurar ajuda. Vá ao oftalmologista ao menos uma vez por ano.

E se você tem histórico familiar de glaucoma, ou convive com diabetes, redobre a atenção. A médica lembra ainda que, em pacientes mais jovens, a doença tende a ser mais agressiva e exige acompanhamento por décadas. Quanto mais cedo o diagnóstico, mais prolongado (e exigente) é o cuidado.

Apesar de tudo isso, há esperança. A medicina avançou. Hoje, temos alternativas muito mais eficazes de tratamento, que ajudam a preservar a visão e garantir qualidade de vida. Mas nenhuma tecnologia substitui o poder da prevenção.

Olhar com atenção para a saúde dos olhos é também um ato de inclusão. Porque a cegueira não afeta apenas a visão — ela impacta mobilidade, autonomia, trabalho e, muitas vezes, a autoestima. E quando podemos evitar esse cenário com algo tão acessível quanto uma consulta. Vamos juntos espalhar esse alerta.