Artigo – Crises de Originalidade: o despertar socioambiental

Redação Bem Paraná

Evolução da humanidade, mudanças climáticas, adaptação. Palavras que se destacam no contexto mundial, ditando o comportamento que marcará o momento histórico atual.

Vivenciamos as mudanças do clima. Calor e frio intensos, cheias e secas de rios desastrosas, furacões. A natureza como uma mãe severa, repreende seus filhos rebeldes que insistem em insurgir aos seus ditames, não respeitando à ordem natural que rege o mundo.

O homem, filho rebelde, coloca-se no epicentro dos acontecimentos, acreditando ser o detentor da chave da vida, dominando tecnologias capazes do ato atroz e hediondo de sacrificar o que, no auge da sua soberba arrogância, classifica como menor ou menos importante em um sistema que aparenta ser hermeticamente fechado.

Com a procuração tácita, outorgada pelos seres rotulados de irracionais, o homem que se auto classifica no topo da cadeia, busca inspiração nos princípios emanados do direito divino, positivando-os de forma explícita ou implícita no arcabouço legal. Entretanto, foge da abstração e generalidade que orienta a criação de uma lei, havendo uma pletora específica e direcionada sobre os diversos assuntos, parecendo uma metástase prestes a matar o hospedeiro.

O rio, na enchente, não respeita as pomposas cidades construídas em suas margens, a palhoça do caboclo, os pirangueiros ribeirinhos, o plantio e os animais. Na seca, o solo racha, peixes morrem lentamente, cozidos em um caldeirão a céu aberto. Nas queimadas, ouve-se o lamento da vida que se esvai no crepitar da madeira, lixiviada de sonhos e expectativas vãs. Na melodia fúnebre cantada por motosserras, sepultam-se perspectivas de novas espécies de vegetais, em proporções incomensuráveis.

Enquanto isso, o cenário dos ecossistemas, num ambiente letárgico, continua crédulo na infinidade dos recursos naturais, ainda tão generosos, ouvindo absurdos e rotulando de alarmistas com adjetivos de ecochatos e biodesagradáveis, aqueles que já despertaram do sonho progressista. Narrando a saga de expedições lendárias no Inferno Verde, procurando eldorados, ao invés de procurar preservar e conservar a biodiversidade, sua verdadeira riqueza.

Resta-nos apenas dizer: acorda homem, acorda!

Rodrigo Berté é diretor da Escola Superior de Saúde, Biociências, Meio Ambiente e Humanidades do Centro Universitário Internacional Uninter.