
O verão europeu acontece entre os meses de junho e setembro, mas o mês de agosto marca a alta temporada com as maiores temperaturas e grande movimento turístico, devido às férias do hemisfério norte. Eu sempre quis, um verão europeu no meu inverno curitibano, e lá em 2022, ainda trabalhando remota pós-pandemia, comentei com a minha amiga Paula (sim, a mesma de Dubai), que meu sonho era passar um verão na Grécia, pra ficar pelo menos um mês.
Como de costume, ela resolveu TUDO e escolheu o melhor lugar com o melhor custo-benefício. Eu nunca tinha ouvido falar de Creta, mas achamos um Airbnb com preço ótimo e pelas fotos parecia uma excelente opção. Mas ninguém me contou que seria tão difícil chegar lá!
Curitiba X Creta
A minha viagem de Curitiba para Creta foi uma verdadeira odisseia! Primeiro o voo Curitiba-São Paulo, fui cedo, pois como não era conectado com o internacional queria ter tempo. Depois São Paulo-Doha, chagando em Doha consegui tomar um banho em um spa e dormir um pouco, porque tinha um stop-over de umas 12 horas. Doha-Atenas, finalmente na Grécia, mas ainda muito longe do destino final.
Em Atenas, peguei um hotel perto do porto, jantei e dormi, para sair cedo no dia seguinte e pegar a balsa para Creta (mais 6 horas de viagem), li um livro quase inteiro. Cheguei em Creta no porto de Chania (ou Hania), aonde tive que pegar mais um ônibus para Kissamos. Fiquei algumas horas esperando o ônibus e peguei o último do dia, mais uma hora e meia de viagem.
Cheguei em Kissamos já estava escuro, e eu ainda tinha que ir para Kaludiana, vilarejo da nossa casa. Consegui um táxi que não entendia o endereço que eu tinha do Airbnb e me deixou na praça da vila.
A essa altura eu já estava sem bateria no celular, pedi pra carregar em uma banquinha da praça e consegui falar com a Paula, que veio a pé me salvar e me ajudar a carregar as malas até a nossa casa. Eu saí de casa no dia 13 de julho de manhã, e cheguei lá no dia 16 de julho de noite. Com certeza, foi a viagem mais longa da minha vida!
Heraclião (Heraklion) e a civilização minoica
A capital de Creta é Heraklion, local que é pano de fundo de uma das mais famosas histórias da Mitologia Grega, a lenda do Minotauro.
Segundo a lenda, o Rei Minos teve um filho que era metade homem e metade touro, ele foi colocado em um labirinto no Palácio de Knossos e devorava jovens gregos entregues como tributos a cada 9 anos (uma pegada meio Jogos Vorazes).
Quando soube que íamos pra Creta, já sabia que uma parada obrigatória seria em Heraklion, para conhecer o palácio e o sítio arqueológico da civilização minoica. A viagem entre Kaludiana e Heraklion é longa e pode levar até 3 horas de carro. Isso porque Creta é a maior ilha da Grécia, com 8 336 km² de área e a quinta maior do Mediterrâneo.
No Palácio de Knossos recomendo uma visita guiada para entender cada uma das áreas apresentadas, vale a pena investir em um guia local, e o ingresso não é caro.



Uma coisa interessante de entender na história de Creta é que sua localização privilegiada no Mar Egeu, concedeu aos habitantes da ilha um grande poder de navegação e comércio. E o clima e solo fértil permitiram que a ilha fosse totalmente sustentável e exportasse seus insumos para o resto do mundo.
Essa história marca o perfil das pessoas de Creta. Eles têm muito orgulho da sua origem, defendem os produtos locais e foram muito abalados com a crise econômica grega, tendo que depender muito do turismo (o que acaba levando a um pouco de aversão local aos turistas). Eles precisam da gente, mas não gostam muito disso.
Por ser uma ilha autossustentável eles levam uma vida menos agitada, parece que o tempo corre mais devagar por lá. Eles não têm Uber, por exemplo, então o transporte é de ônibus ou táxi (e não acredite se o taxista te disse que estará disponível 24 horas, pois eles não estão).
Com isso, a melhor forma de aproveitar o máximo da ilha é alugar um carro. Mas fica o alerta, as estradas são bem sinuosas, então prepare-se para uma verdadeira aventura se quiser explorar as praias do local.
As praias de Creta
A praia de Kissamos, mais próxima da vila que ficamos, não é das mais famosas da ilha, mas já traz uma estética do verão europeu, com uma estrutura de cadeiras e guarda-sol de palha, com bares que fazem o serviço de bebidas e petiscos. Spoiler: nenhuma cerveja será gelada como no Brasil!
As nossas praias preferidas também não estão nas listas das mais famosas. A primeira delas e é praia de Rethymno, bem no meio do caminho entre Chania e Heraklion, é uma praia de pedras, mas não chega a machucar o pé. Ela também é menos cheia que as outras, e oferece boa estrutura de cadeiras, guarda-sol e serviço (foi a cerveja mais gelada que encontramos na Grécia).
A segunda favorita é a pequena Falassarna, que fica pertinho da versão mais famosa, mas é completamente deserta. O único problema lá é que não tem estrutura nenhuma, então não tem como passar o dia, mas é ideal para um mergulho bem relaxante, nas piscinas naturais só ouvindo o barulho do mar.
A praia de Falassarna está entre as mais famosas de Creta, sendo bem movimentada. Passamos o dia no Liokalyvo Beach House, almoçamos no restaurante um prato de polvo que era mais bonito do que gostoso, e depois alugamos duas cadeiras para passar o dia. O local ainda tem opções de futons à beira-mar por cerca de 400 euros.
Ainda no hall da fama das praias de Creta, visitamos Elafonisi, que é um dos destinos mais famosos e realmente tem um visual indescritível, a água é cristalina e a areaia tem tons de cor de rosa. O problema é que é muito cheia na alta temporada, então a experiência não é tão agradável assim. Conseguimos ficar apenas algumas horas.

Além disso, a estrada para Elafonisi é um desafio para os motoristas, recomendo apenas motoristas bastante experientes se aventurarem nessa missão. A outra opção é ir de ônibus, mas não sei o que deve ser mais assustador. Além de muitas curvas, a estrada tem vários trechos de despenhadeiro, nos quais o menor deslize pode ser fatal (parece um pouco dramático, mas juro que não é).
Como se a aventura de carro não fosse bastante, na volta de Elafonisi, passamos na praia de Kedrodasos, que tem uma trilha de pedras e espinhos entre o estacionamento e o mar. Não é uma trilha longa, mas é cheia de pedrinhas pontiagudas que podem fazer um estrago, mas vale a pena fazer o esforço.
Nosso último destino de carro foi a praia Kalypso, e para chegar nela passamos pelo Kourtaliotiko, o maior desfiladeiro que vimos na viagem. Mas aqui fica o aviso, é cilada Bino. Kalypso é uma praia só de pedras, super lotada, não tem estrutura de serviço e todo mundo fica amontoado na água. Não recomendo!
Por fim, no nosso último fim de semana em Creta, visitamos as praias Gramvousa e Balos, as mais famosas da região, por uma razão, a cor da água é realmente surreal. Parece que você está vendo o mar através de um filtro do Instagram, sem brincadeira, se eu não tivesse ido não acreditaria que é possível.
O acesso é só de barco, por isso tivemos que comprar o passeio em uma agência local, saímos do cais de Kissamos às 9h30 e a primeira parada foi em Gramvousa, ficamos lá por cerca de duas horas. Lá não tem estrutura de cadeiras, comida ou bebida. Achamos uma árvore para estender a canga e aproveitamos o tempo para mergulhar. Depois seguimos para Balos, lá tem mais lugar para andar e várias piscinas naturais.
Mas Creta não se resume a história e praias paradisíacas, Chania é uma cidade muito charmosa com várias opções de lojas, restaurantes e uma vida noturna pulsante.
Chania e a vida noturna de Creta
O centrinho de Chania é o que todo mundo espera de um verão europeu, muitas lojas, pessoas de vários países, restaurantes de comida mediterrânea, shows de rua, bares, baladas, sorveterias, ou seja, opções para todas as idades e gostos.
Ficamos encantadas com a loja de uma brasileira, que casou com um grego que conheceu em Jericoacoara, a seleção das peças era incrível, todas de fornecedores locais. O marido dela é dono de um restaurante de comida mediterrânea onde comi a melhor espaguete ao vongole da viagem.
Infelizmente não lembro mais os nomes das lojas e restaurantes que visitamos, mas recomendo separar algumas noites para explorar a vida noturna de Chania, você pode encontrar alguns tesouros escondidos por lá.


