Assim como muitas empresas demitiram seus funcionários no ápice da crise mundial alegando retração da economia, quando na verdade se tratava de adequação da mão de obra, o mesmo ocorre com a empregabilidade de pessoas com deficiência.
A alegação das organizações que deixam de contratar pessoas com deficiência é sempre a mesma: falta de capacitação.
Hoje, Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência, é o momento de lançar uma reflexão sobre a inclusão desses trabalhadores. Atualmente, existem 851 mil vagas que deveriam ser ocupadas por pessoas com deficiência, mas apenas 28% foram preenchidas.
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), temos no Brasil mais de 25 milhões de pessoas com deficiência. Dessas, cerca de 16,7 milhões possuem idade entre 15 e 59 anos, ou seja, totalmente aptas para iniciar um trabalho produtivo.
De acordo com a presidente da Universidade Livre para a Eficiência Humana (Unilehu), Andréa Koppe, apesar da PcD estar mais atuante sobre desenvolvimento de sua empregabilidade do que antes, ainda há significativa parcela de pessoas com deficiência que apresentam baixa escolaridade e não disponibilizam de qualificação profissional. “O quadro atual de empregabilidade já melhorou bastante. As empresas flexibilizaram os processos seletivos, mas ainda há necessidade de maior esforço. De janeiro a agosto deste ano a já empregou 245 pessoas com deficiência. As vagas ocupadas com maior freqüência são para cargos de auxiliar de produção, auxiliar administrativo e telemarketing”, cita.
Encontro para debater inclusão
Hoje, o Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) realiza encontro para promover o debate sobre a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. O evento traz como tema é “O Brasil e a Justiça do Trabalho em Prol da Sociedade Inclusiva”.
De acordo com o desembargador do TRT-PR Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, o primeiro magistrado cego do Brasil, o país tem evoluído na inclusão das pessoas com deficiência, porém ainda há muito a ser feito. “Ainda enfrentamos barreira na colocação dos deficientes no mercado de trabalho.
Muitos deles são aceitos para cumprir apenas uma exigência, como o cumprimento de cotas, mas a eles não são oferecidas condições de desempenhar um bom trabalho. É preciso oferecer meios adequados para que o trabalhador com deficiência mostre o seu potencial”, indica o desembargador. O TRT-PR tem 46 servidores com deficiência, seja visual, auditiva ou de locomoção. Vinte deles trabalham nas unidades do Interior do Estado. “Somos destaque quando o assunto é inclusão, e queremos continuar atuando para que todas as barreiras sejam vencidas”, informa ele.
Exemplos que deram certo
Na Renault, por exemplo, esta é uma preocupação que existe desde 2005. A empresa, que começou com dez profissionais com deficiência, hoje possui 200. Mais do que cumprir a lei de cotas, o importante é reunir informações, sensibilizar todos, dos colaboradores aos gestores, para receber a pessoa com deficiência.
De acordo com a coordenadora de Responsabilidade Social da Renault, Cristina Gonçalves, não basta incluir por si só, mas é preciso primeiramente conhecer a realidade, realizar comitês com participação de várias áreas, adaptar a empresa fisicamente e com um trabalho de sensibilização para, daí sim, trazer profissionais.
Dignidade
As empresas precisam entender que não estão fazendo “um favor”, mas precisam encarar a pessoa com deficiência com dignidade, como um profissional que reúne todos os atributos, só que possui uma limitação. Na Renault, o processo seletivo é igual para os profissionais com deficiência. Daí a importância de se formar a mão de obra, queixa comum a quem deseja não incluir esses profissionais. “É preciso tirar o estigma. Não são pessoas diferentes, mas precisam ser encarados com dignidade de um profissional, sem trabalhar com a diferenciação, sem melindrar”, avalia Cristina.
Caminho para seguir
A presidente da Unilehu dá dicas para construir uma sociedade inclusiva: “Adaptação de postos de trabalho, acessibilidade arquitetônica, tecnologia assistiva (como programas de computador com leitura de voz para PcD visual e cursos de Libras), além de conscientização do quadro gerencial e de funcionários sobre a importância do tema da inclusão”, resume.
CURTAS
* O Tribunal Regional do Trabalho do Paraná realiza hoje encontro para promover o debate sobre a inclusão de pessoas com necessidades ao mercado de trabalho.
* No portal da Unilehu, existem vagas para pessoas com deficiência, além de cursos e treinamentos. Acesse: www.unilehu.org.br
* O Centro de Formação Lady&Lord em Curitiba inicia hoje o curso sobre Escova Definitiva e promove curso sobre reiki nos dias 27 e 28 de setembro. Informações: (41) 3311 8600.
* As inscrições para o vestibular da Unibrasil estão abertas. As provas serão realizadas no dia 21 de novembro. Informações: www.unibrasil.com.br.
FRASE
“Quando está suficientemente escuro, você consegue ver as estrelas.”
Charles Beard