A gente sempre tira lições de vida em todas as situações e ocorreu justamente isso comigo semana passada. Ao me programar para fazer um exame de sangue, estava lá eu às 7h15 no laboratório e aí se desenrolou toda a cena que tem muita relação com o dia a dia das organizações.
Depois de aguardar mais de meia hora, comecei a liderar o motim ali dentro, já que somente duas recepcionistas atendiam no horário que é considerado de pico em qualquer laboratório de análises clínicas.
Pois bem. Chegou minha vez de ser atendida e comecei explicando à atendente que não era culpa dela, mas duas pessoas para atender os clientes era um absurdo e que eu iria enviar emails e reclamar via redes sociais. Sabe o que ela me disse em retorno? Isso, reclame mesmo. A gente mesmo não vê a hora de ser mandada embora, porque o laboratório foi vendido e nem sequer ao menos fomos comunicadas.
Diante daquela situação, fiquei pasma com o descaso que os gestores tratam seus colaboradores. Não há comunicação vertical, horizontal, nada. Talvez por isso explique o fato de que o laboratório, que é de outro Estado, esteja quase falindo e teve que vender para uma rede aqui.
Colaborador quer ser incluído nas decisões
Esse exemplo estampou claramente que as organizações bem-sucedidas são aquelas que possuem um planejamento de comunicação estratégico de mão dupla, ou seja, o gestor comunica o que está fazendo e pede a colaboração da equipe que, por sua vez, realiza todas as tarefas solicitadas, gentil e democraticamente, pela cúpula.
Não há mais espaço nas organizações para tratar o colaborador como carne moída de segunda. Quem ainda pratica essa política está fadado ao desaparecimento.
A consultora em marketing Sulamita Mendes conta que as empresas precisam compreender que, apesar de se tratar de processos, comunicação se faz com pessoas. Portanto, o respeito pelo outro, a compreensão das funções e a responsabilidades de cada qual e pequenas gentilezas melhoram o ambiente e fazem com que qualquer estratégia de comunicação tenha muito para dar certo. Já os profissionais devem compreender que, apesar da comunicação organizacional ser um processo holístico, que deve atingir todos os níveis do empreendimento, ela só terá sucesso se aceita primeiramente pela diretoria – que deve comprar a ideia de que é algo importante – e claro que legitimada por todos os colaboradores, enfatiza.
Olhar estratégico
Embora em momentos de crise o setor de comunicação seja o primeiro a sofrer com cortes, por ser considerada área supérflua, Sulamita acredita que essa realidade está mudando. As empresas inteligentes, que sabem da importância estratégica de uma boa comunicação já deixam planejados orçamentos para ações em comunicação. Infelizmente também acredito que os profissionais do segmento têm um pouco de responsabilidade nessa falta de conhecimento sobre as necessidades de comunicação dentro de uma empresa. Eles vendem ferramentas e não resultados. Então, percebemos profissionais vendendo jornais internos, publicidade, assessoria de imprensa, mas não a comunicação como um todo, que pode ou não ter essas ferramentas, avalia.
Sulamita Mendes, que presta consultoria para empresas de todos os portes, afirma que se preocupa com empresas que investem em algumas ferramentas mais pontuais e perdem a força do todo. Fui procurada por uma média indústria de doces com representantes em todo o Brasil para fazer um projeto de Assessoria de Imprensa (é assim que funciona, a pessoa pensa Comunicação como ferramenta). Quando cheguei para fazer o diagnóstico, percebi que desde a logomarca, embalagens e material de contato com o publico final a empresa não tinha uma identidade única. Era como se cada qual fosse de uma empresa e não da mesma. O site era uma armadilha, sem formas de fazer compras on line. A papelaria bonita, mas focada somente em um material de PDV, relata.
Comunicação com estrutura
A consultora conta que, depois de todo o levantamento feito, análise e cronograma de implantação, percebeu-se que, se todas essas estratégias fossem colocadas em prática, o percentual de vendas aumentaria, mas não haveria uma estrutura para isso. Antes de implantar a comunicação, implantamos call center, fizemos reunião com os representantes e encomendamos uma pesquisa comprovando que o produto poderia aumentar em 30% o valor que ainda seria aceito, conta.
Segundo ela, o maior perigo em não se investir em comunicação é a possibilidade de uma outra empresa, com menos qualidade de produto e serviço, fazer uma comunicação tão eficiente que roube fatia de mercado de quem tem qualidade. É preciso fortalecer a imagem, criar formas de ser referência e investir em comunicação em todas essas etapas. Comunicação não pode ser vista como algo à parte dos negócios. Deve fazer parte dele, resume.
curtas
* A GVT está com inscrições abertas para trainees. São 17 oportunidades nas áreas de administração, sistema da informação, comunicação social, ciência da computação, entre outros. As inscrições devem ser feitas até o dia 14 de março diretamente no site www.trabalhenagvt.com.br.
* O Núcleo de Dramaturgia Sesi Paraná, que forma novos autores de peças teatrais, está selecionando 20 novos participantes. As inscrições podem ser feitas até o dia 13 de março. Os interessados precisam ter no mínimo 18 anos e devem enviar uma peça de autoria própria (ato, trecho ou texto na íntegra) para avaliação. Informações: www.sesipr.org.br/nucleodedramaturgia
* A rede de Hotéis Deville desenvolveu o Programa Líderes do Futuro com a visão de formar e fortalecer os colaboradores da empresa. À frente da iniciativa, a diretora de Recursos Humanos, Maria do Carmo Schmidt.
* A UniBrasil (Faculdades Integradas do Brasil) está com inscrições abertas para a especialização em licitações e contratos administrativos. Informações: (41) 3361-4242.
FRASE
O exemplo é um comportamento contagiante.
Charles Reade