O sociólogo italiano Domenico de Masi, mundialmente conhecido pelo conceito do ócio criativo, esteve em Curitiba para realizar uma palestra nas Faculdades Integradas do Brasil – UniBrasil, onde abordou os temas: Educação, trabalho e criatividade. Segundo o sociólogo, o ócio criativo não é sinônimo de preguiça ou desinteresse, mas de um estado em que as dimensões fundamentais da vida ativa: trabalho que produz riqueza, estudo que traz conhecimento, jogo que gera bem-estar – se hibridam e se confundem. Professor de Sociologia do Trabalho da universidade romana de La Sapienza, De Masi se tornou internacionalmente conhecido em 2000, com o lançamento de O Ócio Criativo. Na obra, o autor defende a redução das jornadas de trabalho e a flexibilização do tempo livre, em um contexto mais adequado à globalização e à sociedade pós-industrial.
O que o Brasil tem a contribuir ao mundo, mesmo com os contrastes entre pobreza e riqueza?
Em meus discursos, falo sobre como criar um modelo de vida que traga felicidade aqui e agora. O modelo brasileiro não é o modelo ideal, mas tem muita coisa para ensinar ao mundo. Sou um admirador de Oscar Niemeyer e das obras de Darcy Ribeiro que, é um dos únicos que descreve o Brasil antes de 1500 e a perfeição do modo de vida dos índios que aqui viviam. Para ele, a riqueza do modo de vida brasileiro está na diversidade cultural, miscigenação de raças e etnias, a convivência em paz com todas as demais nações e o governo democrático.
As empresas e a sociedade resistem a mudanças?
A empresa é a instituição mais paradoxal e conservadora que existe. Em 1850, em Manchester, Inglaterra, cerca de 86% dos trabalhadores eram operários executivos. Agora, 70% dos trabalhadores são intelectuais, porque a máquina foi pouco a pouco substituindo o operário. Mudaram os trabalhos e mudaram os trabalhadores, mas não mudou a organização. A mesma organização que havia sido pensada para os operários é aplicada hoje, aos trabalhadores da mente.
O senhor afirma que o mundo está parado nos anos 60?
A sociedade atual se comporta como nos anos 60. Só os jovens que não. A presidente Dilma se comporta como nos anos 60, a mídia se comporta como nos anos 60. Estamos em uma sociedade nova, que se comporta como sociedade velha. Isso é cultural no mundo todo e se chama gap cultural. Curitiba foi vanguarda com Jaime Lerner, mas agora se comporta como antes. Google e Micrsoft produzem o futuro, mas são organizados como antigamente.
Como o senhor vê as leis trabalhistas brasileiras?
As leis trabalhistas brasileiras foram feitas para os empreendedores e para os sindicatos. Eles têm mentalidade industrial, não pós-industrial. Eles têm medo da organização pós-industrial, porque a confundem com a anarquia. Quando se produz parafusos, um minuto é importante. Mas quando se produz uma ideia, um minuto não significa nada, porque em um minuto eu posso ter uma grande ideia, e em um dia eu posso não ter ideia nenhuma.
Como foi o inicio da sua carreira e o que o senhor faz hoje?
Sou escritor desde os dezenove anos, aos 22 já lecionava na Universidade de Nápoles, propagando minhas ideias em livros, ensaios, matérias, cursos universitários, conferências e programas de rádio e televisão. Hoje sou professor de Sociologia do Trabalho na Universidade de Roma e, com muito orgulho, cidadão honorário da cidade do Rio de Janeiro.
Curtas
* O Assaí Atacadista inaugura nesta quarta-feira sua segunda loja no Paraná, situada em Londrina. Com 5 mil m² de área de vendas, a loja está gerando 500 empregos diretos e indiretos.
* A EY (Ernst & Young) e a Endeavor realizam no dia 4 de novembro o CEO Summit Curitiba, evento que traz presidentes de grandes empresas para tratar de experiências e seus cases de sucesso. O encontro, que acontece na Fiep, vai das 18h às 23h.
* A WebStorm é uma das finalistas do Prêmio Pororoca, criado pela Abradi (Associação Brasileira das Agências Digitais) para estimular e reconhecer bons projetos dentro da comunicação digital brasileira. Na categoria melhor e-commerce, a WebStorm concorre pelo resultado de cases de lojas virtuais.
* A jornalista Ana Paula de Carvalho conclui a autoria do livro Gumercindo – Mais que dez palavras que não se repetem, que trata da trajetória do empresário de Itararé (SP). O lançamento vai ocorrer no dia 3 de novembro na cidade paulista.
Frase
Jamais esqueça que sua riqueza não está nas coisas que você possui, mas naquelas que você jamais trocaria por dinheiro
(Autor desconhecido)