Possivelmente você já tenha vivido uma situação de perda, seja de familiares próximos, amigos, parentes… E talvez você esteja me perguntando qual a relação com a carreira. Pois saiba que muitas escolhas em nossas vidas profissionais podem acontecer justamente em momentos de perda.
No caso mais recente que me fez escrever essa coluna é o da atriz Cissa Guimarães, que teve o filho brutalmente ceifado de sua convivência. Assim como ela, existem outras várias Cissas espalhadas pelo país e aqui mesmo no Paraná exemplos não faltam também… O que fazer diante do luto, daquela dor aguda no peito que não é um infarto, mas chego a comparar a uma morte de olhos abertos?
Tem gente que não consegue lidar com o luto. Simplesmente sucumbe à perda e deixa se esvair, entregue à cama, à depressão e à completa negação de perspectiva. Diante dessas pessoas, profissionais competentes, com seus cargos e responsabilidades, o trabalho e, mais, a vida deixa de fazer sentido.
Reação
O que fazer diante da perspectiva do nada, que muitas vezes acontece depois de uma morte? Na semana passada, a atriz Cissa Guimarães resolveu retornar ao trabalho, que pode representar, nesse momento, uma fuga de si mesma ou uma maneira de sair de casa e deixar, por alguns instantes, as lembranças do filho que se foi.
De qualquer maneira, esboça uma reação para dar uma chance à vida e à continuidade.
Tolerância zero
No trabalho, a perda nem sempre é bem recebida pelas empresas. Ou não sabem como lidar, parecendo indiferente, ou ficam em volta da gente pessoas que até querem prestar solidariedade, mas acabam exagerando na pieguice.
O melhor é comunicar o fato, pedir uma licença, sair de cena e tentar colocar a cabeça em ordem novamente, analisar o que se pretende fazer, organizar a vida novamente. Não tente, de outra maneira, mergulhar no trabalho se você é subordinado a um chefe, presta contas a outros profissionais ou precisa estar sempre em reunião. Vai por mim: é perda de tempo e, o pior, pode precipitar uma situação de mandar todo mundo às favas, já que você não está num momento de equilíbrio.
Entendimento
Por um lado, algumas empresas não admitem a queda de produção do funcionário que está de luto e podem chegar à falta de humanidade e até demiti-lo. Os colegas de trabalho que acompanham o luto muitas vezes não falam sobre essa questão. Vira tabu. Especialistas explicam que essa reação, comum entre companheiros que evitam conversar sobre a morte, é fruto da cultura ocidental.
Algumas orientações para enfrentar de frente a situação e não fingir que nada ocorreu:
Dê espaço para que o colega possa falar sobre a perda
Empresas precisam dar atenção ao profissional, que vai naturalmente perder rendimento
Sugestão: afastamento temporário, diminuição das tarefas e redução das cobranças para o profissional que passa por essa situação
Se a empresa tiver serviço de psicologia, estimule o profissional a buscar ajuda
Exemplo real
Lembro de um exemplo pessoal, ocorrido em 2002, quando perdi um ente querido que foi tirado da convivência de forma abrupta, violenta. Na missa de sétimo dia, um cliente iria dar uma festa para comemorar um prêmio internacional recebido. Compareci, horas depois da missa, com os olhos inchados de tanto chorar.
O meu engano, talvez, foi ter buscado atuar profissionalmente e tentar segurar as pontas de mim mesma. Na minha visão distorcida pelos olhos inchados do choro da perda, champanhes e canapés indo e vindo nas mãos dos garçons soavam como um filme em que eu protagonizava um fantasma. Acompanhava tudo com apatia que era natural de se esperar.
A uma certa altura do evento, o então gerente na época me deu o comando para circular entre os convidados. Sensibilidade à flor da pele, aquilo foi a gota d´água para meus olhos se encherem de lágrimas – de indignação e de constatação de que eu não deveria estar ali.
Resultado: tolerância zero veio à tona e fui expulsa do lugar pelo dono que, alheio à minha perda, achou que, talvez, eu estivesse de má vontade… Mal sabia ele (provavelmente até hoje) que acabara de enterrar uma pessoa querida do meu relacionamento. Isso aconteceu comigo, mas com certeza ocorre por aí afora. Daí a importância de se preservar, dar tempo à dor para, então, colocar a vida nos trilhos.
curtas
* Estão abertas as inscrições para o programa de trainee 2011 da empresa Bosch. Na fábrica da empresa em Curitiba são seis vagas. Os interessados têm até o dia 2 de setembro para fazer a inscrição pelo site www.bosch.com.br.
* A Abrasel-PR está com inscrições abertas para o curso de reciclagem de garçons, que começa dia 16 de agosto. Informações: (41) 3029-4244 ou atendimentopr@abrasel.com.br
* Estudo realizado pela Robert Half com 2.819 executivos de média e alta gerência em 13 países, evidencia o Brasil. De acordo com levantamento, 21% das empresas nacionais afirmaram que utilizam as redes sociais como ferramenta para contratar.
FRASE
“A dor é temporária. Ela pode durar um minuto, ou uma hora, ou um dia, ou um ano, mas finalmente ela acabará e alguma outra coisa tomará o seu lugar. Se eu paro, no entanto, ela dura para sempre.”
Lance Armstrong