Conflito familiar é o principal motivo de desavenças nas empresas familiares

Hamilton Fonseca, headhunter, fusões & aquisições | hamilton@hamiltonfonseca.com.br

A PwC e o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) realizaram neste ano a pesquisa “Governança em Empresas Familiares: Evidências Brasileiras”, com o objetivo de apresentar um panorama das práticas de governança adotadas pelas empresas familiares brasileiras de capital fechado. Os resultados do estudo oferecem indícios sobre os desafios que as famílias empresárias enfrentam ao longo de suas trajetórias.

O sócio da PwC Brasil, Carlos Mendonça, comenta os resultados do estudo, que entrevistou, em 2018, 279 empresas familiares brasileiras de capital fechado, em 21 Estados, de diferentes portes, setores, tempos de existência e naturezas jurídica.

A pesquisa aponta a importância das empresas familiares, bem como suas particularidades?

Uma das maiores amostras já pesquisadas dentro do universo das empresas familiares brasileiras de capital fechado. Os resultados evidenciam pontos em comum que as famílias empresárias passam ao longo de suas trajetórias, que vão além da esfera do negócio. Por exemplo, os conflitos familiares são a principal causa para saída de sócios das empresas familiares (41,9%), enquanto a profissionalização da gestão é o grande motivo para a entrada de novos sócios (41,1%). Percebemos também que as famílias apresentam mais regras para tratar da entrada de familiares na empresa do que para disciplinar a saída de algum membro.

Qual é a sua análise em relação à sucessão familiar?    
Sem dúvidas,a sucessão está entre os principais desafios enfrentados pelas famílias empresárias. Segundo a pesquisa global da PwC de 2018, “Global Family Business Survey 2018: The Values Effect”, 44% das empresas familiares não têm um plano de sucessão. O estudo “Governança em Empresas Familiares: Evidências Brasileiras” destaca um número ainda maior, com 72,4% das empresas brasileiras relatando não ter um plano de sucessão para cargos-chave. A maioria (59,5%) conta ou contou com orientações de profissionais externos para a gestão do patrimônio da família, como escritórios de advocacia e empresas de consultoria.  

E sobre a Governança Familiar? Quais os destaques?  
Observamos que as boas práticas de governança estão mais presentes nas empresas que estão na 3ª geraão, em que o fundador já não atua diretamente.O desafio é queas boas práticas de governança permeiem também empresas sob a gestão da primeira geração, de forma que a organização e a família capturem os benefícios da boa governança. O estudo mostrou também que 48% das famílias elaboraram um documento que disciplina a relação entre a família e o negócio. A existência desse documento é menos frequente entre as empresas comandadas pela primeira geração ou nas quais o fundador ainda está atuando.


Curtas:


Frase:

“Somos seres destinados a incompletude, e é isso que nos faz caminhar”
(Jacques Lacan)