O que os engenheiros têm a aprender com a tragédia de Brumadinho?

Hamilton Fonseca, headhunter, fusões & aquisições | hamilton@hamiltonfonseca.com.br

A cada dia sobe mais o número de pessoas afetadas pela tragédia ocorrida com a barragem Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho (MG). Na ocasião, a Justiça Estadual de Minas Gerais já havia determinado a prisão de cinco engenheiros, que teriam atestado a segurança da barragem. A suspeita é de fraude nos documentos.

Profissionais assumem vários riscos
De acordo com o doutor em engenharia civil e coordenador do MBA Projeto, Dimensionamento e Modelagem de Estruturas e Fundações do Instituto de Pós-Graduação do Paraná (IPOG/PR), Sérgio Botassi dos Santos, os profissionais de engenharia assumem vários riscos ao longo da profissão. “Qualquer obra de engenharia tem vida útil e possibilidades de falhas que devem ser controladas e corrigidas com o acompanhamento de um profissional”.

Entenda como funciona a barragem
A barragem do Córrego do Feijão é uma barragem de rejeitos de minério de ferro. Elas são estruturas projetadas para armazenar resíduos resultantes da separação do material de valor comercial, ou seja, um método chamado de beneficiamento. Na barragem era utilizada uma tecnologia de construção comum nos projetos de mineração iniciados nas últimas décadas por seu baixo custo e praticidade de ampliação conforme o volume de rejeitos.

Qualidade e menor custo, mas se preocupando com durabilidade e segurança
Para Botassi, a melhor forma de analisar uma barragem como essa é reavaliar essas referências técnicas e procurar melhorar com avanços e níveis de desempenho, qualidade e menor custo, mas se preocupando com durabilidade e segurança. “Muitas vezes, o profissional que está na graduação está sendo formado de forma robotizada, sabe fazer o cálculo e a análise, porém não questiona se aquela forma de fato é a melhor, além de não propor melhorias”.

Reavaliação de protocolos governamentais
No Brasil, existem 3.387 barragens enquadradas na Categoria de Risco (CRI) alto ou com Dano Potencial Associado (DPA) alto. Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), mais de 200 barragens em Minas Gerais são classificadas como de alto potencial de dano e cinco como de alto risco. Assim como a barragem de Brumadinho, as classificadas como alto potencial de dano são de contenção dos rejeitos de minério, além de produção de energia elétrica, disposição de resíduos industriais e, por fim, de usos múltiplos de água. “O que precisa ser reavaliado são os protocolos governamentais e as engenharias reconhecidas como seguras. Não pode haver um tipo de barragem, que caso venha acontecer esse tipo de rompimento, ponha em risco a sociedade e questões ambientais”, salienta Botassi. Mais informações:IPOG Paraná. Curso: MBA Projeto, Dimensionamento e Modelagem de Estruturas e Fundações. Início: 31 de maio.Telefone: (41) 3203-2899 | Site: www.ipog.edu.br


Curtas:


Frase:

“O grande risco é não assumir nenhum risco. Em um mundo que muda, de verdade, rapidamente, a única estratégia com garantia de fracasso é não assumir riscos”.
(Mark Zuckerberg)