Considerando que temos no Brasil cerca de 17 milhões de obesos, o mercado de trabalho deveria estar disposto a empregá-los. Dificilmente vai se obter a resposta de que a empresa não contrata profissionais com sobrepeso ou obesidade, mas o fato ocorre na prática. Assim também acontece com os fumantes, que agora só podem fumar na rua (eu odeio cigarro, não fumo, mas sou contra a discriminação).
Em um mundo que prega atitudes politicamente corretas, muitos gestores escondem no pré-requisito boa aparência a sua intenção. Boa aparência, para muitos, é sinônimo de profissionais magros ou, no mínimo, com um leve sobrepeso. Obesidade significa, conforme valores subentendidos e nunca explícitos, fraqueza de caráter, falta de agilidade e tantos outros absurdos contra os mais cheinhos.

Falta de aptidão física
Um exemplo emblemático ocorreu recentemente em São Paulo, quando duas professoras com obesidade mórbida que se candidatavam ao cargo de professora em um concurso da rede estadual de ensino foram consideradas inaptas pelo Departamento de Perícias Médicas. Segundo o estatuto do funcionário público, um dos critérios para aprovação no concurso é a aptidão física, embora não fique claro exatamente o que isso seria.
Não precisamos ir muito longe para flagrar situações como essa em nosso dia a dia. Olhe para o lado e conte nos dedos de uma só mão o colega que apresente obesidade mórbida. São como os portadores de deficiência: eles existem, mas não se vê pelas empresas, apesar das cotas e das obrigações legais.

Quem não tem controle sobre o corpo não é capaz de controlar os outros
Como não é coisa da minha cabeça, começo a descrever aqui a situação que ocorreu na vida real. O fato ocorreu em 2002 e foi vivida na pele pelo profissional Marcelo Pinheiro, que na época tinha obesidade mórbida e trabalhava como vendedor na área comercial de uma grande empresa do ramo alimentício com atuação no Brasil e exterior. Cobrindo sempre as metas, certa vez pediu para que o gerente regional de vendas, recém transferido de São Paulo para Curitiba, que intercedesse para liberar a cirurgia bariátrica, na época não tanto difundida.
Certo dia, o mesmo, me acompanhou durante todo o dia de trabalho. O mesmo transcorreu de maneira normal, sem nenhum fato que desabonasse minha atuação no setor. No final do dia, ao deixá-lo em sua residência, no carro da empresa, o mesmo virou pra mim e disse estas palavras: Marcelo preciso te dizer que a empresa não irá liberar sua cirurgia, portanto não posso ajudá-lo. Mas quer saber? O cara que não tem controle sobre a boca não serve para ser um supervisor ou gerente de uma grande empresa. Pois, se ele não tem controle seu corpo, como será capaz de controlar os outros?

Sem testemunhas
Marcelo conta que o comentário, feito dentro do carro da empresa e sem testemunhas. Portanto, nunca iria conseguir provar o fato de que ser gordo era um fator decisivo para muitas empresas. Sentindo-se desprestigiado pela empresa como profissional e ser humano, Marcelo, que na época pesava 130 quilos, conta que depois do episódio saiu de férias e, no retorno, mesmo superando em 40% as metas, recebeu os parabéns e a dispensa. O gerente me chamou e disse que eu estava ‘fora do perfil’ que a empresa buscava para esses novos tempos. Detalhe: uma semana depois o mesmo também foi desligado da empresa.

Aprendizado
Marcelo, que depois passou pela cirurgia e hoje está com 80 quilos, disse que, apesar de negativa, a experiência foi uma grande oportunidade de aprendizado. Pude aprender em como não se deve rotular as pessoas, em como não se deve tratar as mesmas e principalmente, em como devemos medir nossas palavras, pois elas podem ser mais cortantes que uma faca. Que, quando não mata, produz cicatrizes profundas e deixam marcas irrecuperáveis. Profissionais que agem da mesma forma como esta pessoa agiu comigo estão com os dias contados e certamente sentirão também, uma hora ou outra, a injustiça bater em sua porta, tornando escancarada a vergonha de ser humilhado. Rotular os obesos como incapazes, relaxados, preguiçosos, desprovidos de força de vontade é uma grande covardia e mostra um completo desconhecimento da mais nobre habilidade, a relacional, relata.

curtas
* A Abrasel PR (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) dá início hoje ao curso de inglês para preparar os colaboradores do setor a receber os turistas para a Copa de 2014. As aulas fazem parte do Programa Bem Receber. Informações: (41) 3029-4244.

* Na UniBrasil, os alunos do curso de Psicologia já vão treinando para a profissão ainda na faculdade, através de atendimentos psicológicos gratuitos à população por estudantes em fase de formação. Quem se interessou pode entrar em contato pelos fones (41) 3361-4304 e 3361-4252 às segundas, terças e quintas-feiras.

* Nesta quinta-feira, acontece uma aula-degustação de Finger Food na Pimenta Rosa Gastronomia. Além de aprender um pouco sobre culinária, esses momentos ao redor da mesa são ótimas oportunidades para aumentar o seu networking. Informações: (41) 3029-3910 ou [email protected]

* A ESIC Business & Marketing School realiza amanhã palestra Responsabilidade Social Corporativa, ministrada por Afonso Raffin, diretor geral da Lacticínios Qualität, sócio do Euromilk e voluntário dos Veterinários Sem Fronteiras. A apresentação é aberta ao público e as vagas são limitadas. Informações: (41) 3094-7777 ou [email protected].

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Informações: (41) 3078-6600 ou [email protected].

FRASE
Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.
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