É comum o rótulo de responsabilidade social ser utilizado no discurso e pouco na prática, ou seja, como fachada e não um conceito digerido dentro das organizações. Isso existe, é fato.
Mas existem iniciativas que proporcionam às organizações a tal “receita do bolo” para quem quer começar a prestar atenção ao seu entorno. Por onde passo, presencio empresas bem-sucedidas em suas áreas, mas que estão inseridas próximas a comunidades carentes e o problema é que não sabem por onde começar.
De acordo com Márcia Campos, especialista que atua há pelo menos sete anos com projetos para o terceiro setor, o primeiro passo é analisar seu perfil, seus objetivos, sua missão. “É preciso estar atenta ao olhar seu entorno, sua comunidade, seu bairro, sua cidade”, avalia.
Márcia, que atua com projetos do terceiro setor e já acumula premiações na área, aponta que a empresa necessita investigar seu corpo de colaboradores e verificar, entre os talentos, quais as habilidades, aptidões e interesses. “A partir daí é que se estrutura um projeto social, aliando os potenciais e procurando carências e as necessidades da comunidade. Somente com a união de todos – empresas, colaboradores e comunidade – a teia do tecido social será concretizada”.
Voluntariado não serve para currículo
Todo esse empenho junto ao voluntariado tem chamado a atenção dos recrutadores de recursos humanos. No entanto, é possível captar quando a ação é realmente voluntária e espontânea ou quando é apenas interesseira, feita para encorpar o currículo.
Faço voluntariado junto à causa do câncer de mama, através do projeto Chaveiro da Vida, e contribuo com os instrumentos e ferramentas ao meu alcance: a comunicação. A satisfação de ver a causa alançando a mídia, engajando pessoas e é a minha recompensa. Que essa seja a gratificação de quem também se dedica ao voluntariado.
Educação para a cidadania
Para quem ainda é estudante (no meu tempo não existia isso!), uma iniciativa interessante é o Programa de Formação de Agentes de Desenvolvimento Local, do Sistema Fiep e coordenado por Soraia Melchioretto.
Através dele, jovens universitários vivenciam no campo o trabalho social, cujo programa está aberto a todos os estudantes, de psicologia a serviço social, de comunicação a futuros administradores. “O objetivo é proporcionar um estágio de conhecimento, que vai formar um profissional mais ético e responsável”, assinala.
Mercado demanda profissionais com olhar social
De acordo com Soraia, o mercado está buscando profissionais com formação ampla, onde o conhecimento é comum a todos. O que vai trazer diferencial é o olhar voltado ao social, à inclusão e à igualdade. Os módulos tratados no programa trazem ferramentas para lidar com situações, o olhar da porta pra fora, o desenvolvimento de visão sistêmica e planejamento.
Com duração de seis meses e perdurando a vida inteira para quem vivenciou a experiência, o programa já existe desde 2007 mas foi só no ano passado que foi redesenhado dentro do conceito de educação transformadora, fazendo com que o jovem faça a diferença nas comunidades e mobilize mudanças culturais. “Os jovens aprendem a dialogar, juntar pessoas em torno de uma causa e, mesmo que não queira seguir a profissão de agente, toda essa experiência vai auxiliar na carreira. Esses talentos poderão ser acionados pelas empresas e não mais selecionados toda vez que precisarem desses recursos”, assinala.
Saiba mais
Para as empresas que queiram começar um projeto social, Soraia lembra que não precisam começar do zero. No site www.desenvolvimentolocal.org.br, é possível visualizar o mapeamento da cidade e da região metropolitana com projetos iniciados e que precisam da contrapartida empresarial.
Aliando empresas e colaboradores, conta Soraia, é possível aproveitar o que já está sendo feito e somar forças. “Além disso, qualquer pessoa física que queira se interessar em mobilizar pessoas e se engajar às comunidades são bem-vindas, porque estamos sempre procurando pessoas para participar. O que notamos é que poucas ações das comunidades exige dinheiro. Só precisam de mobilização”, conclui.
curtas
* Vai até amanhã o prazo para se inscrever para as 20 vagas de estágio de ensino médio regular e profissionalizante para Curitiba e Região Metropolitana do Ministério Público do Paraná. Para se inscrever, o interessado deve imprimir a ficha disponível no edital do concurso, na página do MP-PR no site www.mp.pr.gov.br.
* Uma parceria entre o Senai Nacional e os Correios vai permitir a formação de jovens pelo programa Jovem Aprendiz em todo o país. No Paraná, serão formados 248 aprendizes em Curitiba, Maringá, Cascavel, Londrina e Ponta Grossa. Em todo o país, serão capacitados 4.355 jovens, em 116 diferentes municípios.
* Vale a pena clicar o site do consultor Jerônimo Mendes e ler alguns de seus inspiradores artigos. www.jeronimomendes.com.br
* Nesta sexta-feira, às 19h30, a UniBrasil promove palestra com o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Márcio Pochmann. O evento é aberto à comunidade e gratuito. A UniBrasil fica na Rua Konrad Adenauer, 442, no bairro Tarumã.
FRASE
“O maior bem que você pode fazer pelo outro não é somente dividir suas riquezas, mas revelar a ele as dele.”
Benjamin Disraeli