O que Ronaldinho Gaúcho e a tragédia do Rio de Janeiro têm em comum?! Do meu ponto de vista – e talvez do seu ou não – a apresentação do craque para a torcida do Flamengo no mesmo dia em que bombeiros empilhavam corpos das vítimas das enchentes no Rio de Janeiro é sintomático.
Demonstra uma total falta de valores da nossa sociedade, que aplaude um ídolo sem causa enquanto milhares de bombeiros anônimos dedicam sua vida e, nesse caso, perderam sua vida ao tentar salvar outras.
A inversão de valores é nítida quando observamos o estádio lotado de fãs ensandecidos por uma pessoa que, apresentada à galera, não mencionou compaixão em nenhum momento do seu discurso direcionado àquelas pessoas.
Quando se coloca na balança esses dois momentos, demonstramos que somos um povo que ainda carece de valores, de sentimento humanitário.
Nada contra os que ali quiseram expressar sua alegria pela vinda do salvador da pátria rubro-negra, mas não se vê na mesma proporção desprendimento igual se essas pessoas fossem chamadas ao voluntariado pelas vítimas do seu mesmo Estado.
Primeiro eu
No mesmo dia em que relembrávamos com pesar a perda de Dona Zilda Arns um ano atrás por ter sido vítima do terremoto no Haiti, no dia 12 de janeiro de 2010, começávamos a receber as primeiras notícias da tragédia, que começou a se esboçar muito pior do que imaginávamos.
Entra verão, ano após ano, e ali estão pessoas convivendo diariamente com o risco. Pessoas sem oportunidade, que só têm direito a submoradias, sem o mínimo de dignidade. Enquanto isso, no apagar das luzes de 2010, deputados votam um aumento muito acima da inflação para si próprios. São, como disse, os valores invertidos. Primeiro eu, depois o meu irmão, como fala o vergonhoso ditado popular.
Mundo sem convicções
Tudo isso tem ocorrido porque temos falta de convicção, que vai muito além da crença pura e simples. Convicção inclui valores, compromisso, motivação. Gosto da definição que li do líder Howard Hendricks, autor do livro Ensinando para Transformar Vidas, que diz: Crença é algo que vamos defender. Convicção é aquilo pelo que somos capazes de dar a vida.
Por essa definição, convicções determinam nossa conduta e nos motivam a agir de determinada maneira. Quando crianças, aprendemos seguindo os outros, mas quando nos tornamos adultos desenvolvemos nossas próprias razões, que se transformam em convicções.
Uma ironia no mundo atual é que as pessoas têm fortes convicções sobre questões pouco importantes, como esporte, roupas, música, entre outras. Mas são fracas a respeito de coisas importantes: a diferença entre certo e errado! Pense sobre suas convicções. Seriam elas fracas no tocante a alguma questão primordial?
Barcos à deriva
Uma convicção forte evita que fiquemos à mercê das circunstâncias. Se você deixar de determinar o que é importante e a forma como vai viver, outras pessoas farão isso por você. Convicções não nos deixam seguir a multidão descuidadamente e nos impedem de sermos como barcos à deriva. Eu acredito que o apóstolo Paulo estava falando sobre isso quando disse: Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês.
Ninguém persiste em executar uma tarefa difícil a menos que esteja convencido de uma boa razão para fazê-la. Isto se aplica a viver com princípios na vida cotidiana e no trabalho.
Saber o que fazer (conhecimento), porque fazer (perspectiva) e como fazer (habilidade) não tem valor sem a convicção que realmente motiva a fazê-lo!
Sem compromisso com a maioria
A convicção implica nem sempre agradar a todos. Atualmente muitos são levados pelas ondas das teorias compartilhadas pela maioria. Ou seja, se o grande grupo decide algo, com ou sem consenso, então vamos seguir esse tipo de ideia, mesmo que, no fundo, vá contra o que pensamos.
As pessoas que causaram grande impacto neste mundo, para o bem ou para o mal, foram aquelas que tinham convicções vigorosas e profundas. Elas não eram necessariamente as mais inteligentes, mais ricas ou mais instruídas, mas suas convicções as moveram a mover o mundo.
lições individuais
1. Faça uma lista de suas convicções. O que você incluiu nela?
2. Você já trabalhou com alguém que carecia de convicções sobre como conduzir o negócio ou desempenhar suas responsabilidades? Quais foram os resultados dessa falta de convicção?
3. Como você acredita que convicções fortes podem capacitá-lo a evitar que a sociedade ao seu redor o modele segundo seu padrão?
FRASE
Estou convencido das minhas próprias limitações – e esta convicção é minha força.
Mahatma Gandhi