É para obedecer?

Roberta D’Albuquerque | robertadalbuquerque@gmail.com

Passei os últimos dias pensando no que escrever aqui. Uma angústia que não costuma me acompanhar. Planejar nossos ‘encontros’ semanais é para mim uma alegria doce. Mas é que tudo parecia banal diante do momento tão particular que estamos vivendo. O desconhecido sobre o qual falávamos há alguns textos atrás, o depois do carnaval, as demandas, as pautas de todo dia que ocupam tanto este espaço, quanto nosso espaço interno, nossas preocupações e elucubrações, soam pequenos, não soam?

Acordei convencida – ufa, que bom, acorda menina! – de que nem soam, nem são. De que nunca foi tão importante visitar nosso espaço interno e tudo que nele habita. Visitar sem medo de se sentir simplório. Os dias que se aproximam estão encharcados exatamente do que é mais complexo em nós: o medo do desamparo, da fragilidade do corpo, das relações, das instituições. Mas estão encharcados também de beleza, do poder do coletivo, da esperança, da grandeza de uma ação conjunta. É tempo sim de obedecer às instruções tanto das autoridades de saúde locais e internacionais como as instruções de um autor que costumamos ouvir pouco: nós mesmos.

Achei ontem um perfil de instagram curioso – a internet é rapidíssima, não é? –, chama-se @coisasprafazernaquarentena, passei alguns bons minutos lendo as sugestões e quase listei as minhas para ajudar os leitores que estão se sentindo vazios de compromisso em casa. Depois, ri de mim mesma. Grande parte dos leitores que estão em casa, estão trabalhando, cuidando dos filhos, tentando manter as atividades, ainda que de outra forma. E mais importante, o que nos faz pensar que o que nos acalma, nos enche a alma, nos conforta, fará o mesmo pelos demais?

Não, essa é uma oportunidade de encontrar seus próprios caminhos. Desenvolver suas próprias ferramentas, se perguntar sobre suas vontades e necessidades. Tendo em mente que estar próximo de quem se sente mais frágil psiquicamente – por telefone, chamada de vídeo, ou qualquer tipo de conexão que não comprometa a segurança de ninguém – é importante e faz bem para as duas pontas do encontro. Obedeçam, se obedeçam. Seguimos juntos e podemos sair desse momento maiores. Boa semana queridos.

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