Entre o 8 e o 80, escolho as 72 possibilidades que as ligam. E percebo que a dualidade é referência e um modo mais prático de defender convicções e sedimentar certezas, como se o mundo por si só fosse um aparelho estático.
Ser 8 ou 80 é relevante em casos superlativos. “Você quer morrer ou viver?”, por exemplo. Agora, defender os extremos como se fossem as únicas alternativas me parece algo paranóico, um substrato do medo.
Saber que existem possibilidades amplas de escolha, nos torna mais responsáveis, exige conhecimento e consciência de nossa postura. Dessa forma, muitas vezes nos apoiamos num menu mental disponível, de acordo com experiências diretas e indiretas e escolhemos sem profundidade e visão.
Você anda pelos corredores de um mercado. Nas prateleiras, o mesmo produto de várias marcas, preços, tamanhos, sabores, embalagens. Há critérios para essa escolha: preço, restrições alimentares, o sabor favorito e aquela da preferência, independente da situação. Você tem a possibilidade de conhecer outros produtos, mas a consulta mental dispara, “a tia Cotinha disse que era ruim”, você não leva. E então, mais uma vez a sua escolha é a tradicional, é aquela que você conhece, que já sabe a receita, que você sabe o resultado.
A partir disso, carrega consigo o conceito que aquela marca, aquele produto e o seu jeito de preparar é o ideal, assim como para a tia Cotinha, que a outra marca é ruim. E assim sustentamos num ciclo vicioso a mesma experiência, deixando as possibilidades e outros aprendizados na prateleira.
O 8 e 80 são os resultados conhecidos. A limitação da escolha, o modelo mental predominante.
A vida e o crescimento são compostos exatamente de aprendizado, de olhar e ouvir além do radar. O que você defende é a sua experiência ou a reprodução da experiência alheia?
Nas 72 possibilidades mais estão a nossa história de vida, o propósito e todos os brinquedos do parque. No 8 ou 80 só existe a gangorra.
*Ronise Vilela é criativa de conteúdos de Comunicação Afetiva e Terapeuta.
Essa coluna tem o apoio da Consonare, maior plataforma de terapias integrativas da América Latina.
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