Por onde anda a educação adulta?

Ronise Vilela| ronisevilela@gmail.com

Temi muito ter que transformar em texto, as observações de algum tempo no mundo adulto. Conversei com profissionais das áreas de educação, psicologia e informalmente com alguns pais. Infelizmente muitos deles compartilham da mesma opinião: por onde anda a educação adulta?

A tal da vida moderna e cheia de pressa não pode ser argumento para os modos de alguns adultos do século XXI, aqueles que acreditam que o espaço comum tem uma cota só para ele. Vamos aos fatos. No ambiente onde se deveria ser o exemplo, as escolas, o cenário é de horror. Numa reunião de acolhida da direção e equipe pedagógica, a diretora teve que interromper sua apresentação, a fim de chamar a atenção dos adultos presentes que, em vez de prestar atenção ao assunto de seu interesse, conversavam como se estivessem no bar ou então teclava desesperadamente em seus celulares. Eu senti vergonha alheia. Homens e mulheres, a grande maioria da faixa de 30 a 40 anos, displicentes com a educação dos filhos, porque nem tem a sua própria. A mesma diretora ainda enfatizou que nós, os pais éramos o espelho de nossos filhos, e se a escola tivesse que receber alunos vindos desse tipo de comportamento, as questões disciplinares iriam superar às pedagógicas, o que não era a proposta da instituição.

Na hora da entrada e saída é outro circo de horrores. Os que não respeitam a fila de vagas, ou ficam mais tempo na vaga que o necessário, porque precisam resolver seus problemas particulares num espaço que precisa de circulação. Ou aqueles que fingem que não viram a ordem e roubam a vaga alheia com suas caminhonetes, e os indefectíveis parei na filha dupla, mas é só por um minutinho. Devem ser os mesmos pais que, para não serem incomodados, dão tabletes e smartphones aos filhos a fim de que não atrapalhem seu papo com amigos; que respondem mensagens à mesa enquanto a família esta reunida; que assina 200 canais de TV a cabo e coloca seu filho ali sozinho e abduzido, porque precisa terminar o job e assim por diante.

Uma geração de adultos mimados, que só sabem exercer cargo de chefias, insubordinados, sem noção de hierarquia, de que seu atendimento sempre é o prioritário, daqueles que acham que comprar a atenção dos filhos com presente material é o que vai determinar o amor e de que o não é palavra proibida para suas crianças. Temo o futuro dos filhos desses adultos.

 

Ronise Vilela é jornalista e ativista de redes sociais.