Redes aproximam ou afastam? (Foto: Rovena Rosa/ABr)

Perguntei ao ChatGPT o que é uma rede social, na sua definição ampla – olha eu dando vida à inteligência artificial!! Esse ser cibernético, sem coração, mas mega inteligente, respondeu, de forma resumida, que “uma rede social é uma plataforma on-line que permite que indivíduos se conectem e interajam com outras pessoas através da internet”. Além disso, me explicou que “as redes sociais fornecem uma variedade de recursos que permitem aos usuários construírem e manterem uma rede de contatos, chamada de ‘amigos’, ‘seguidores’ ou ‘conexões’, dependendo da plataforma.

Beleza! O conceito “casou” com a minha ideia sobre o assunto. Mas a identificação parou por aí. Acho que eu e o ChatGPT estamos desatualizados. Há muito tempo as redes sociais deixaram de ser “sociais” e se transformaram em “redes antissociais”. Já tem até literatura sobre o assunto!

Segundo a pesquisadora austríaca Julia Ebner – autora dos livros Going Dark: The Secret Social Lives of Extremists e Going Mainstream: How Extremists are Taking Over –, a sociedade mundial está vivendo a “idade média digital”. Os livros ainda não foram traduzidos pro português e o meu inglês é meio capenga e incapaz de fazer uma leitura técnica a ponto de tornar o conteúdo compreensível. Mas, a partir de pesquisas que fiz sobre a autora, ela já tem o meu respeito.

Julia Ebner afirma que estamos vivendo a “idade das trevas”, só que agora no ambiente digital, com o aumento das ideias radicais e seus adeptos. Ela tem autoridade no assunto. Pra escrever seus livros, infiltrou-se em grupos radicais, principalmente na Europa. Monitorou os radicais islâmicos e agora faz isso com os neonazistas. Boa parte pela internet, em redes sociais, sites, chats. Pelo que ela conta, dá pra constatar que houve um grave retrocesso civilizatório, na contramão dos avanços da ciência e da tecnologia.

“Ah, mas essa não é a realidade brasileira!”… vão ecoar alguns. Tenho ojeriza a sessão “comentários” de qualquer postagem pública. Mas, às vezes, até por curiosidade sociológica, acabo dando minhas bisbilhotadas.

Cada absurdo que eu vejo que fico pensando que seria melhor imaginar que aquilo teria sido escrito por um robô. Em qualquer postagem aleatória no Instagram é possível chegar à conclusão de que ainda existem muitas pessoas que acreditam que a internet é terra de ninguém. Independentemente do assunto, aparece de tudo: xingamentos a políticos de direita e esquerda, críticas ao futebol, autopromoção das mais variadas formas e tretas diversas que, com frequência, resultam em novos insultos e até ameaças mais sérias como xenofobia e homofobia.

Será que a Inteligência Artificial é a principal ameaça hoje em dia? Ou é a falta de inteligência social que coloca em risco a humanidade? Antes de sair postando o que bem entende nas “redes sociais”, é importante se lembrar de agir como um ser social, dotado de bom senso e discernimento.

*Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e fica com medo do ser humano ao ler os comentários de qualquer postagem.