Entrei em 2024 sem muito planejamento, ainda na correria do ano anterior, quase engatando uma coisa na outra e contrariando as dicas dos gurus do bem-estar e mentores de energia positiva. Até então, todas as metas eram genéricas: saúde, trabalho, família e amigos por perto e um pouco de diversão porque ninguém é de ferro.
Cheguei meio despreparada, talvez. Desprovida de megahair, cílios postiços ou unhas de gel, mas com uma vontade imensa de fazer diferente. Os primeiros dias foram um pouco confusos, como quando a gente começa num emprego novo e não sabe ainda os protocolos da empresa. Agenda lotada, compromissos se atropelando, crianças em férias e toda aquela lista que apavora qualquer ser humano em janeiro – IPVA, IPTU, uniforme, material escolar e afins – foram, aos poucos, entrando nos eixos.
No meio dessa confusão, percebi que talvez o segredo não estivesse em planejar cada detalhe, mas em abraçar o inesperado, que é bem mais o meu estilo. Só que o inesperado, este ano, surpreendeu a todos!
Quem conseguiria imaginar uma catástrofe ambiental nas proporções das chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul? As guerras no Oriente Médio e na Ucrânia, que continuam vitimando muita gente inocente, assim como conflitos na Síria e, mais recentemente, em Moçambique. Ligar a TV se tornou um ato de coragem em 2024.
Mas nas “ondas do rádio” – ou das plataformas de streaming – a coisa também não foi muito animadora, ao som de músicas chicletes como “Descer pra BC”, “Só Fé” e “Casca de Bala”. Profundamente chocada, a Língua Portuguesa mandou lembranças remotas depois de tanto ouvir “nóis vai descer”…
Costumo evitar os estrangeirismos, mas faço parte da galera da comunicação, então o “job” era um termo que há muito estava incorporado ao meu vocabulário. Recentemente, fui obrigada a rever seu uso, sob o risco de meus interlocutores desconfiarem do formato de trabalhos pontuais que tenho a oferecer.
Em meio a tanta desinformação e desencontros verbais, 2024 foi um ano que levou até os fortes. Os quase centenários Cid Moreira e Silvio Santos optaram por assistir o desfecho de camarote. Ganharam, há poucos dias, a companhia de Dalton Trevisan, vampiro vip das ruas sombrias de Curitiba.
Com tanto caos instalado por todos os lados, aprendi a rir das pequenas tragédias cotidianas e a valorizar os momentos de paz. Descobri que, às vezes, o melhor plano é não ter plano algum.
Pros próximos 12 meses, o objetivo é buscar cada vez mais a simplicidade, o olho no olho, a vida real. Quero menos telas e mais conversas, menos pressa e mais presença. Que cada encontro seja uma oportunidade de conexão verdadeira, que cada desafio seja uma chance de crescimento.
Tentar trocar a correria desenfreada por momentos de calma pra realmente apreciar as pequenas coisas. Um café quente numa manhã fria, um pôr do sol admirado sem pressa, uma risada compartilhada com amigos. Dias com mais consciência, noites com mais emoção, valorizando o que realmente importa.
Que 2025 seja um ano de autenticidade, em que a felicidade possa ser encontrada nos pequenos gestos de carinho e nas alegrias do cotidiano. Porque, no fim das contas, a vida é isso: um conjunto de momentos que, quando vividos com verdade, se tornam inesquecíveis.
Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e uma sobrevivente de 2024.