(Foto: Franklin de Freitas/Arquivo Bem Paraná)

Está cada dia mais complicado ligar a televisão ou abrir qualquer site de notícias. A impressão que se tem é a de que o mundo vai acabar nos próximos dias e não se sabe se vai existir uma nova Arca de Noé 4.0 ou é realmente o Apocalipse chegando.

Os conflitos bélicos pipocam em diversos cantos do Oriente Médio, Leste Europeu, na África e na Ásia. O cenário geopolítico mundial parece ter retrocedido até à Idade Média e o futuro é quase uma utopia.

No Brasil, o clima virou de ponta cabeça. No Sul, chove tanto que, às vezes, os moradores da região esquecem a cor do sol. No Norte e no Centro-Oeste, o calor é tanto que já se cogita a possibilidade de adiantar o Natal porque o peru não vai precisar ir ao forno, estará pronto antes da hora. Enquanto isso, em grande parte do mundo capitalista, a única preocupação diz respeito aos descontos da Black Friday.

Parem o mundo que eu quero descer! Porém, primeiro me deixem ouvir o último samba! Pelo menos quero me sentir em casa, na terra brasilis, em bom e sonoro português, no ritmo marcante e na batida sincopada que muitas vezes lembra o lamento do morro e, em outras, a dor de um coração partido.

Não quero grandes espetáculos em outros idiomas, com dificuldade de acesso ou fãs gritando. Basta um pequeno show com ilustres desconhecidos mesmo, um cavaquinho, um pandeiro, um tamborim. Importante ter água, cerveja e caipirinha à vontade pra ninguém ficar desidratado ou perder o ritmo nesse calorão.

E, se alguém escorregar e cair, vai ser por excesso de cansaço, de tanto dançar. É preciso se acabar, pois o mundo também está se acabando. Mas é bom rever o vocabulário. Ary Barroso podia falar do “mulato inzoneiro”, hoje não pode mais. O mundo anda politicamente correto na fala, mas totalmente incorreto nas ações.

Está ficando quente, chato, insuportável viver assim, numa panela de pressão em que todos precisam usar as mesmas roupas, ouvir as mesmas músicas e frequentar os mesmos lugares.

Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e odeia seguir as tendências