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As pessoas passam a vida em busca do grande amor. Mas a dúvida é: como medir o amor? Talvez pela intensidade que arrebata os corações, pela velocidade da paixão, pelo estrago quando acaba. Se essas forem as métricas, ok.

Enquanto não estão “vivendo um grande amor”, correm o risco de perder a oportunidade de viverem outros amores, mais reais e, talvez, ainda mais significativos e prazerosos.

Ah, mas os “amores menores” não têm a intensidade, a volúpia, o furor dos grandes amores. Não renderiam roteiros cinematográficos ou noites embaladas a álcool e lágrimas. Não serviriam de inspiração pros poetas e muito menos fonte pras fatídicas manchetes policiais.

O grande amor pode estar escondido em um café no centro da cidade, no engarrafamento do final da tarde daquele dia que parece não acabar nunca, num voo comercial pro outro lado do mundo ou até na fila do supermercado, divagando entre a melhor marca de sabão líquido e de amaciante. Já vi grandes amores que começaram na balada, num encontro casual no meio da rua e até mesmo trocando sorrisos num velório.

As pessoas andam tão atarefadas que não percebem as inúmeras oportunidades da vida batendo à porta – e isso vale pra tudo, não apenas pro amor. Aí, pra fugir da solidão, buscam companhia com a ajuda do celular, montando o perfil ideal nos Tinders e Happns da vida digital. É a gamificação do flerte!

Não que exista algum problema nesse tipo de iniciativa. Como já diziam os poetas, “nenhum homem é uma ilha” e “qualquer maneira de amor vale à pena”. Até porque são poucas as pessoas que realmente encontram a felicidade no isolamento constante. A maioria surta ou vaga pelo mundo feito zumbi.

A tecnologia colocou o GPS a trabalho do coração, aumentou as chances dos encontros e, também, as possibilidades de decepção. Tudo na mesma proporção da quantidade de filtros usados nas fotos dos aplicativos ou das redes sociais. Nada que não faça parte do jogo e só quem está disposto a disputar o troféu tem condições de sair com alguma premiação.

Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e acredita que toda maneira de amar vale à pena.