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Todo mundo conhece um Bicho Escroto, com letra maiúscula mesmo. E não é da música do Titãs que estou falando! É, digamos, um “ser humano”, entre aspas mesmo. Vou chamar aqui de “aquele cidadão”, mas pode ser homem, mulher, integrante da comunidade LGBTPQIAP+, militante da direita, da esquerda ou até sonso por opção política. Enfim, é possível encontrar em todo tipo de lugar, religião, faixa etária, classe social e profissão.

É diferente do chato. Aliás, é bem pior que o chato de respeito (https://www.bemparana.com.br/publicacao/colunas/cronicasparaanteontem/tutorial-de-como-ser-um-chato-de-respeito/ ), porque esse não faz mal a ninguém, só dá vontade de distanciamento mesmo.

O Bicho Escroto é aquele cidadão grotesco, deselegante, que acha que tem o direito de ser grosseiro porque gosta de dizer tudo o que pensa. Mesmo que ninguém tenha perguntado sua opinião. A isso, ele dá o nome de “transparência”, mas é pura babaquice mesmo.

O Bicho Escroto também tem o hábito de ousar no vocabulário. Mistura o que ele julga ser seu refinado português com termos da moda em inglês só pra mostrar que ele segue as trends.

O Bicho Escroto adora fazer textão nas redes sociais. Tem textão pra tudo: pra falar bem dos locais visitados – você chega a pensar que o cidadão é influencer; pra dar indireta pros desafetos, que são muitos e aumentam a cada dia; pra tietar a galera do showbiz e se sentir importante e ainda pra mostrar o quanto ele é da tribo gratiluz: apesar do mundo ser mau, ele é só gratidão.

O Bicho Escroto está presente em todos os grupos de WhatsApp, seja pra interagir, pra dar lição de moral, pra bater boca ou pra fazer print das conversas e promover a discórdia em nome da justiça humana.

O Bicho Escroto faz questão de ser reconhecido e tratado como celebridade. Caso contrário, o barraco está armado. É o tipo de cidadão que chega atrasado e quer sentar na janelinha da primeira classe, com a taça de drink na mão e fazendo foto pros stories com a hashtag #partiumundo.

O Bicho Escroto não faz amigos, mas se aproxima de pessoas que possam lhe trazer algum tipo de benefício, de rentabilidade, material ou imaterial. Tudo envolve uma estratégia e com os relacionamentos não seria diferente.

Bicho Escroto não merece espaço no mundo e na vida de ninguém. Ao contrário da música, Bicho Escroto, por favor, permaneça no esgoto!

Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e já precisou enfrentar alguns Bichos Escrotos pela vida.